- O resultado surpreendente elevou o valor de mercado da companhia para US$ 1,14 trilhão, o que ajudou a torná-la uma das companhia mais valiosa dos EUA
- Segundo a Avenue, a fabricante de chips ocupa o quinto lugar no ranking das companhias de maior valor de mercado
- O crescimento acentuado trouxe até especulações no mercado da possibilidade da companhia ultrapassar a Apple em market cap
A Nvidia (NVDA) surpreendeu o mercado ao entregar uma receita robusta de US$ 13,51 bilhões referente ao balanço do segundo trimestre deste ano. O volume financeiro representa um crescimento anual de 88% e bem acima das expectativas dos analistas, que estimavam um resultado de US$ 11,04 bilhões para o período. Os números do trimestre ajudou a companhia a ficar mais próxima das empresas mais valiosas da bolsa dos Estados Unidos.
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Segundo dados da Avenue, a Nvidia atingiu atualmente um valor de mercado de US$ 1,2 trilhão, patamar próximo ao do market cap de outras big techs, como Amazon (AMZN) e Alphabet (GOOGL), que são avaliadas em US$ 1,3 trilhão e 1,7 trilhão, respectivamente. A empresa fica mais distante apenas da Apple (AAPL) que possui um valor de mercado de US$ 2,8 trilhões.
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No entanto, o ritmo de crescimento da fabricante de peças de computadores ao longo deste ano chamou a atenção do mercado e até estimulou as apostas entre os analistas da possibilidade da companhia ultrapassar a Apple. A estimativa se baseia no crescimento arrojado da Nvidia de janeiro até agosto em virtude das projeções sobre o crescimento da inteligência artificial (IA). A Nvidia é uma das responsáveis pelo fornecimento de tecnologia para o desenvolvimento das ferramentas de IA.
Ainda de acordo com a Avenue, no início do ano, o valor de mercado da companhia correspondia a US$ 370 bilhões. Ou seja, em apenas oito meses, a empresa triplicou de tamanho. O recente histórico torna viável a possibilidade da Nvidia se tornar a empresa de maior valor de mercado, mas Junior Borneli, CEO da Startse, ressalta que as chances são pequenas, principalmente, quando se trata de um horizonte de curto prazo.
“A Nvidia teria que quase triplicar seu valor de mercado para superar a Apple e ainda contar com uma não valorização da dona do iPhone”, ressalta Borneli. Além disso, os movimentos de fortes altas costumam ser acompanhados por quedas acentuadas, como aconteceu com a Apple em julho deste ano. “A Apple chegou a US$ 3,1 trilhões (em julho de 2023) e depois retornou ao patamar de US$ 2,8 bilhões de valuation”, acrescenta Borneli.
Por esse motivo, a recente supervalorização da Nvidia incentivou a Empiricus a retirar a recomendação de compra do papel. Segundo Richard Camargo, analista da corretora, o preço da ação segue elevado diante do otimismo do mercado para o desenvolvimento de inteligência artificial, o que pode não representar uma oportunidade de investimento.
Tudo depende da IA
O mercado tem dúvida se a valorização da companhia, assim como o crescimento da empresa, deve manter o mesmo ritmo nos próximos meses devido às incertezas relacionadas à demanda para a nova tecnologia. “Cerca de 50% das receitas vêm de três clientes: Microsoft, Amazon e Alphabet. Então, há um mercado gigantesco em termos financeiros e, ao mesmo tempo, pequeno no que tange a pluralidade de clientes”, diz Camargo.
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Na prática, os investimentos realizados pelas bigtechs em IA atualmente buscam garantir uma “estrutura”, na qual os usuários possam utilizar a tecnologia por meio de suas plataformas. “Se essa demanda futura não vier, as empresas vão desacelerar os seus investimentos”, acrescenta o analista da Empiricus.
Por outro lado, há quem acredite que a tendência é de crescimento da demanda. Os analistas do Itaú BBA, por exemplo, estão otimistas com o protagonismo da Nvidia no desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial. Segundo o banco, Jensen Huang, CEO da Nvidia, informou que há uma demanda forte e visível para o próximo ano e que o mundo estava em um processo de transição para uma nova era da computação.
“A empresa está posicionada para ajudar clientes em todas as frentes – desde dispositivos industriais de ponta até hiperescaladores de nuvem – com uma máquina de inovação que é imparável”, disseram os analistas Thiago Kapulskis, Cristian Faria e Gabriela Moraes, em relatório publicado no dia 23 de agosto.
Com essa perspectiva, analistas estimam que a Nvidia consiga entregar uma receita de US$ 78 bilhões por ano. “A NVIDIA está no centro dessa transformação, com sua ampla gama de produtos. Isso nos deixa confiantes”, ressaltam. Por essa razão, o Itaú BBA mantém recomendação de compra do papel com preço-alvo de US$ 600, o que representa um “upside” de 22% em comparação ao pregão da última quarta-feira (30).
Copiloto
A gestora Kinea Investimentos estima que o mundo deve atingir 1 bilhão de interações de IA por volta de 2025. A projeção da gestora de investimentos tem como base o avanço das interações dos usuários com os serviços do Google nos anos 2000. Na avaliação deles, a nova tecnologia, que ainda está em fase de desenvolvimento, deve apresentar um crescimento similar ao do site de pesquisa.
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Ao avaliar os “primeiros passos” da IA, Guilherme Amaral, analista Kinea da Investimentos, acredita que os produtos terão uma função de “copiloto”, na qual irão auxiliar os profissionais nas atividades do dia a dia. O tipo de tecnologia, citada por ele, se assemelha à função das assistentes virtuais, como a Alexa, existentes hoje.
“Na nossa opinião, essa ferramenta será a mais revolucionária que a IA irá trazer. O produto será seu assistente para tudo e em todas as telas. A tecnologia irá responder todas as dúvidas que o usuário terá”, diz Amaral. Toda essa expectativa já fez preço nas ações da Nvidia e nos papéis das big techs envolvidas com a tecnologia.
No acumulado deste ano, as ações da fabricante de chips subiram 244% na bolsa de Nasdaq, nos Estados Unidos. As ações da Amazon, da Alphabet (Google) e da Apple também acompanharam a valorização, mas não de forma acentuada. Durante o mesmo período, os papéis das três companhias cresceram 57,4%, 52,4% e 50%, respectivamente.