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Ações da Eternit (ETER3): o que esperar?

Após anos fabricando telhas de amianto, a companhia deixa o insumo de lado e aposta no mercado de telhas que geram energia solar

Ações da Eternit (ETER3): o que esperar?
Mudança no foco de produção pode trazer algumas mudanças para as ações da Eternit. (Foto: Divulgação)
  • O foco da Eternit hoje se concentra em tecnologia, como energia solar. Analistas consideram a mudança relevante para atrair a confiança de investidores
  • Uma fonte próxima à empresa diz que a produção desse novo produto ainda está em fase de teste, mas que o projeto “está correndo dentro do esperado”
  • A estimativa da Eternit é que a tecnologia ofereça uma economia de até 20% no valor total da compra e da instalação das telhas fotovoltaicas, em relação aos painéis solares montados em cima de telhados comuns

Na esteira da economia sustentável, o grupo Eternit (ETER3) decidiu colocar o amianto (matéria-prima utilizada para a fabricação de telhas) de lado para se concentrar em tecnologia: a empresa entra agora no mercado de telhas que geram energia solar.

O investimento em  projetos inovadores é uma aposta para conseguir o seu turnaround no mercado de capitais. Segundo especialistas, a mudança no modelo de negócio é positiva para as ações da Eternit e pode atrair a confiança de investidores em uma empresa que está em recuperação judicial.

Projeto já em andamento

A Tégula Solar, empresa que pertence à Eternit, já está produzindo telha fotovoltaica de concreto BIG-F10, que capta energia solar para a produção de energia elétrica a partir de células fotovoltaicas aplicadas diretamente nas telhas. Essa tecnologia, desenvolvida no Brasil, evita a necessidade de painéis adicionais.

“A nova telha é interessante por questões de sustentabilidade, tecnologia e expansão de negócios. Também melhora a visão do mercado para os produtos da Eternit e fortalece uma posição frente ao amianto, que sempre foi questionado por ser considerado nocivo à saúde”, avalia Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

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Segundo a empresa, cada telha de concreto da Eternit Solar produz 9,16 watts e tem capacidade de produção média mensal de 1,15 quilowatts hora por mês (kWh/mês).

Para uma residência pequena, seriam necessárias em torno de 100 a 150 telhas fotovoltaicas de concreto. Casas de médio e alto padrão precisam de 300 a 600 unidades ou mais, diz a empresa. O restante do telhado deve ser feito com telhas comuns.

A estimativa da Eternit é que essa tecnologia ofereça entre 10% e 20% de economia no valor total da compra e da instalação das telhas fotovoltaicas, em relação aos painéis solares montados em cima de telhados comuns.

A companhia também informa que retorno sobre o investimento deve ocorrer aproximadamente entre três e cinco anos, a depender do sistema. As primeiras telhas solares foram comercializadas para clientes selecionados já em 2022.

Expectativa para as ações da Eternit

Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, explica que as ações da Eternit (ETER3) são bastante voláteis, devido ao processo de recuperação judicial que a companhia enfrenta desde 2018, bem como pelos números de balanço financeiro.

Vale mencionar, entretanto, que o economista vê como positiva a investida da companhia, uma vez que o mercado de energia sustentável tem muito potencial de crescimento no Brasil.

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“O consumidor vê muito bem essa mudança e os investidores também. Há um crescimento forte do setor de energia solar no mundo e o quanto isso gera redução de custo no longo prazo ”, afirma Bertotti.

Uma fonte próxima à empresa explica que, por ser um projeto de longo prazo, ainda não é possível colocar a mudança em uma análise de valuation dos papéis.

“Há uma perspectiva boa pela frente, mas, por enquanto, o investidor deve fazer as contas em cima do ‘turnaround’ e no core business (negócio principal) da companhia”, diz a fonte.

Bertotti também explica que a investida em tecnologia pode ser vista como um ponto fundamental no aumento da geração de renda futura da companhia. Contudo, ele alerta sobre o efeito do dólar no novo projeto.

“A companhia depende que uma das células para constituição da telha fotovoltaica venha da China. Ou seja, há uma exposição ao câmbio e isso afeta a questão do custo, visto que estamos em um cenário extremamente delicado de real muito depreciado”, considera Bertotti.

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