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Oi (OIBR3) sob nova direção: volatilidade das ações deve continuar?

Mesmo com a aprovação da venda da Oi Móvel, ação da empresa encerrou esta quarta-feira (9) em queda

Oi (OIBR3) sob nova direção: volatilidade das ações deve continuar?
(Foto: Wilton Junior/Estadão)
  • Durante o pregão desta quarta-feira (9), por exemplo, dia em que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a venda da Oi Móvel para o trio formado por Claro, Tim e Vivo, o papel OIBR3 oscilou entre uma queda de 25,9% (cotação mínima de R$ 0,77) até uma alta de 11,5% (cotação máxima de R$ 1,16)
  • Embora a aprovação da venda dos ativos móveis para as concorrentes seja positiva do ponto de vista corporativo, os especialistas acreditam a flutuação do preço dos papéis ainda vai continuar nos próximos meses. “No médio prazo, podemos ver ainda uma volatilidade porque também estamos em um cenário macro bem difícil”, observa Vaz
  • De todo modo, o aval do Cade, mesmo com alguns “remédios” que o trio de concorrentes terá que atender, é fundamental para os planos da Oi para, além de espantar o risco de falência, consolidar-se como uma companhia do segmento de fibra óptica

Volatilidade. Embora repetida exaustivamente ao longo dos últimos anos da Oi (OIBR3), que está em recuperação judicial desde 2016, essa palavra ainda deve assombrar a companhia, pelo menos, no curto e médio prazo, segundo analistas do mercado financeiro. A tendência é que o papel continue a oscilar bastante de preço, pelo menos até que o mercado consiga ver a companhia segura na operação de fibra óptica.

Durante o pregão da quarta-feira (9), por exemplo, dia em que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a venda da Oi Móvel para o trio formado por Claro, Tim e Vivo, o papel OIBR3 oscilou entre uma queda de 25,9% (cotação mínima de R$ 0,77) até uma alta de 11,5% (cotação máxima de R$ 1,16). No final da sessão na B3, a ação foi negociada a R$ 1,01, uma baixa de 2,88% ante o preço da véspera (R$ 1,04). Nesta quinta-feira (10), às 12h20, as ações da Oi operavam estáveis, cotadas a R$ 1,01.

“O mercado diariamente vai refletir essas expectativas, sejam elas positivas ou negativas, e vai colocar no preço do papel. Já era esperado que ia ter muita volatilidade. Vimos isso no começo do ano, as ações dispararem 40% só em janeiro, com essa expectativa de aproximação (da decisão) do Cade”, diz Fabiano Vaz, analista da Nord Research.

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Embora a aprovação da venda dos ativos móveis para as concorrentes seja positiva do ponto de vista corporativo, os especialistas acreditam que a flutuação do preço dos papéis ainda vai continuar nos próximos meses. “No médio prazo, podemos ver ainda uma volatilidade porque também estamos em um cenário macro bem difícil”, observa Vaz.

A queda registrada na quarta-feira (9) é vista com certa naturalidade porque as ações da Oi se tornaram ativos muito especulativos, devido ao baixo patamar de preço que alcançaram. Como custam pouco, os investidores acabam comprando e vendendo esses papéis em busca de ganhos de curto prazo. E pode ter sido isso o que aconteceu ontem: uma realização de lucros obtidos por investidores na terça-feira (8), quando o papel encerrou o pregão na bolsa em alta 9,5%.

De todo modo, o aval do Cade, mesmo com alguns “remédios” que o trio de concorrentes terá que atender, é fundamental para Oi, além de espantar o risco de falência, conseguir se consolidar como uma companhia do segmento de fibra óptica.

“Com a aprovação, grandes obstáculos foram ultrapassados no que diz respeito à venda de ativos. Assim, o mercado olhará (o aval) como algo positivo no processo, pois evita o risco de falência da Oi. Para Vivo e Tim, a notícia também é positiva”, avalia Matheus Jaconelli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos.

A ação TIMS3 fechou a sessão de ontem com a quinta maior alta do Ibovespa, um avanço de 5,1% e preço de R$ 14,13. Nesta quinta, às 12h20, o papel cedia 0,85%, cotado a R$ 14,01. Em fato relevante publicado na quarta-feira, a Tim disse que, quando for totalmente concluída, a transação de venda “trará benefícios amplos, mantendo alto grau de rivalidade setorial e garantindo os investimentos necessários para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras e o avanço digital do País.”

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A ação VIVT3 subiu 2,7% na sessão de ontem, cotada a R$ 50,60. Às 12h20 desta quinta, o papel recuava 2%, precificado em R$ 49,59. A Telefônica, dona da marca Vivo, também publicou um fato relevante comunicando aos investidores a aprovação da operação. Entretanto, a companhia não se manifestou no documento sobre a decisão.

Mercado de olho na fibra

A entrada de R$ 16,5 bilhões pela venda da operação móvel é fundamental para os planos da Oi. O dinheiro, além de amenizar parte da dívida, que caiu pela metade em relação aos R$ 65 bilhões quando entrou em recuperação judicial em 2016, será destinado para o novo foco da empresa: seus projetos em fibra óptica.

“Esse setor de fibra traz receitas recorrentes e uma margem bastante interessante, melhor do que o setor de telecomunicação móvel como um todo”, avalia Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos. “Os próximos passos são focar em reestruturar esse setor e se posicionar como uma prestadora de serviços, referência na área de fibra, e sair da recuperação judicial”, completa.

O analista da Nord concorda que a venda foi mais um passo da Oi rumo ao fim da recuperação judicial, que teve prazo prorrogado para o mês de março deste ano.

“Fora da recuperação judicial, a Oi volta ao radar de grandes fundos e investidores institucionais, que antes não podiam comprar ações de empresas nessa situação. Ela também fica apta a participar de índices, como o Ibovespa, então também pode fazer parte de fundos passivos, o que acaba diversificando a base de investidores e pode refletir em uma melhor volatilidade no médio e longo prazo”, explica Vaz.

Segundo ele, embora tenha recebido o consentimento do Cade nesta semana, o processo de transferência dos ativos não é imediato e pode ser concluído até o início do próximo ano.

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“Em 2023, nós já devemos ver essa nova Oi, mais enxuta, com menos custos, sem essa operação da telefonia móvel e, a partir daí, focada totalmente na fibra. O desafio, então, será mostrar rentabilidade, lucratividade para o mercado no longo prazo. Isso é o que vai refletir no valor das ações”, prospecta Vaz, que tem recomendação de compra para OIBR3, mas sem preço-alvo.

Embora novos ares comecem a soprar a favor da Oi, Jaconeli, da Nova Futura, ainda vê a empresa em uma situação delicada e não tem recomendação para o papel.

Vella, da Ativa, explica que, embora a aprovação do Cade só tenha sido revelada agora, a maior parte do efeito de alta em um papel é feita em antecipação. Ou seja, esse evento já estaria no preço do papel. Com a confirmação da venda na quarta-feira, Vella estima que, caso o mercado consiga manter o preço acima de R$ 1,10, a Ativa tem alvos de R$ 1,50, R$ 2,03 e R$ 2,58.

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