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Petrobras (PETR4): por que eleição de novo conselho afeta o investidor

No pregão desta segunda, as ações sofreram volatilidade, mas encerraram o pregão em alta

Petrobras (PETR4): por que eleição de novo conselho afeta o investidor
A Petrobras elegeu na última sexta-feira (19) novos membros para o Conselho de Administração da companhia (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
  • Nesta sexta-feira (19), a Assembleia Geral Extraordinária elegeu os novos membros para o Conselho de Administração da Petrobras
  • O problema é que, dos oito nomes aprovados, dois haviam sido considerados inelegíveis por conflitos de interesse
  • Na avaliação de analistas, os investidores precisam ficar atentos aos desdobramentos da crise de governança na companhia

A aprovação dos oito novos membros do Conselho de Administração da Petrobras deve ganhar novos capítulos no âmbito judicial com a eleição de dois nomes inelegíveis.

O secretário-executivo da Casa Civil, Jônathas de Castro, e o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano, que foram eleitos durante Assembleia Geral Extraordinária, realizada na sexta-feira (19). No entanto, segundo parecer do Comitê de Elegibilidade (Celeg), eles não poderiam compor o conselho da companhia por conflito de interesses já que ocupam cargos de alta escalão no governo federal.

Os novos conselheiros Castro e Soriano foram eleitos com votos de 5,412 bilhões de açõe. Para que fossem eleitos, eram necessários votos relativos a 5.390.507.541 ações.

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Embora eleição não tenha tido impacto significativo no preço das ações, os analistas avaliam que a situação deve estar no radar dos investidores por sinalizar mais uma tentativa do Planalto em interferir nas decisões da Petrobras.

“Aumenta o poder do acionista controlador (a União) que vem tentando interferir na política de preço da Petrobras, e outras medidas de gestão, com o foco não necessariamente no melhor resultado financeiro da empresa”, avalia Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

Apesar da repercussão negativa, Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, acredita que o novo episódio de crise de governança já era esperado, de algum modo, pelo mercado. No entanto, ele alerta que os desdobramento dessa eleição ao longo dos próximos dias devem estar no radar do investidor para quantificar o impacto da crise nos investimentos.

“Esse é o papel do investidor. Mas com a chegada de um próximo ciclo eleitoral, é possível que na próxima Assembleia um novo conselho possa ser formado”, sugere Arbetman.

Na segunda-feira (22), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) informaram em comunicado enviado à imprensa que vão ingressar uma ação na Justiça Federal para anular a assembleia geral extraordinária (AGE) que elegeu o novo conselho de administração da Petrobras.

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No documento, além dos conflitos de interesses, as entidades destacam que os dois nomes não possuem formação e experiência no setor de petróleo e gás. “Além de ferir a lei, ficam mais sujeitos a desmandos do acionista majoritário, podendo trazer prejuízos para empresa a partir de medidas danosas e muitas vezes eleitoreiras. É um precedente que não podemos deixar acontecer”, ressaltou Mário Dal Zot, presidente da Anapetro.

Ações em volatilidade

Na manhã desta terça-feira (23), as ações da Petrobras apresentaram forte alta com ganhos de quase 3%. As ações ordinárias (PETR3) registraram altas de 2,79%, enquanto os papéis preferenciais (PETR4) tiveram uma valorização de 2,87%. A boa performance não foi vista no pregão de segunda (22). Ao longo do dia, as ações da Petrobras “flutuaram” na Bolsa de valores.

Nos primeiros minutos de negociação de ontem, por volta das 10h20, os papéis PETR4 sofriam uma queda de quase 4% (3,8%), mas logo conseguiram reverter as perdas e encerraram com uma alta de 2,14% (R$ 32,41). O mesmo movimento aconteceu com as ações ordinárias da companhia (PETR3). Pela manhã, as quedas chegaram a quase 3% (2,89%). No entanto, fecharam o primeiro pregão da semana com uma alta de 1,59% (R$ 35,87).

A volatilidade tem relação com a cotação do petróleo internacional que também sofreu com baixas e altas ao longo desta segunda-feira (22). O preço do petróleo chegou a atingir a US$ 93 o barril e isso puxa (para baixo) todo o setor. Se você for olhar, as ações de todas as empresas do setor (de petróleo) sofreram esse fenômeno hoje”, destaca Mário Goulart, analista de CNPI e criador do canal do Youtube “O analisto”.

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Já para as próximas semanas, Goulart acredita que os preços dos papéis da companhia devem passar por essa “montanha russa” devido ao cenário externo com o desaquecimento econômico das principais potências do mundo, como Estados Unidos e China. A proximidade do período eleitoral também deve contribuir para a volatilidade das ações na bolsa.

“Recomendo cautela para o investidor porque avalio uma tendência de baixa no preço do petróleo por causa do risco de recessão econômica da China e dos Estados Unidos. Poderá haver uma série de episódios que podem ser desencadeadas por declarações pelos dois principais candidatos em relação à companhia”, ressalta Goulart.

O Goldman Saches mantém recomendação de compra para as ações da Petrobras devido ao pagamento de dividendos atraentes de 37% para 2023. O preço-alvo para as ações de PETR3 é de R$ 35,10 e de R$ 31,90 para as ações do PETR4. No entanto, o banco reconhece que um dos riscos da empresa é a interferência do governo no preço dos combustíveis.

“Os principais riscos para nossa tese de investimento incluem preços do Brent abaixo do esperado; valorização do BRL; produção abaixo do esperado; intervenção do governo no preço dos combustíveis”, informou a instituição financeira em relatório.

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