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Mercado

Petrobras (PETR4): Como o mercado recebeu as primeiras falas da nova presidente

Magda Chambriard falou de dividendos, investimentos e política de preços da estatal; especialistas analisam o discurso

Petrobras (PETR4): Como o mercado recebeu as primeiras falas da nova presidente
Magda Chambriard é a nova CEO da Petrobras (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A nova CEO da Petrobras (PETR3PETR4), Magda Chambriard, concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (27), quando abordou temas como política de preços, investimentos em produtos renováveis e falou sobre encontrar novas reservas para a empresa, visto que, segundo ela, a produção do pré-sal deve entrar em declínio a partir de 2030. Analistas do mercado financeiro classificam as falas entre positivas e neutras, a depender do contexto.

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Segundo Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, as falas de Chambriard sobre a exploração de petróleo e sobre o posicionamento da empresa para com os acionistas minoritários foram bem recebidas, pois mostram que o foco da empresa seguirá no seu core business (negócio principal). Na visão dele, a questão da política de preços pode ser considerada “um pouco nebulosa”, pois ao mesmo tempo que disse que a estatal deve seguir com preços alinhados ao mercado global, Chambriard afirmou que pretende reduzir a volatilidade para o consumidor e “abrasileirar” os preços, podendo não, segundo Corleta, tal direcionamento ser interessante para o investidor da empresa que espera dividendos.

João Abouni, analista da Levante Corp, comenta que a primeira impressão do discurso de Chambriard mostra que sua gestão será parecida com a do recém demitido ex-presidente da petroleira Jean Paul Prates, mas com algumas alterações na prioridade e na velocidade na execução do Plano de Investimentos 2024-2028. “Ainda que a empresa acelere os investimentos, Chambriard deixou claro que não fará a produção de energia via eólicas offshore (em alto-mar). A nova CEO deixou claro que não gosta dessa ideia e cogita um caminho mais rentável, tornando o plano de investimentos menos arriscado. Sendo assim, considero as falas dela como razoáveis”, diz Abouni.

Durante a coletiva, a executiva também comentou sobre a resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em liberar a exploração de petróleo na Margem Equatorial. O ponto diz respeito ao embate entre os que defendem e os ambientalistas que rechaçam a ideia de tirar petróleo da região da foz do Rio Amazonas até o litoral do Rio Grande do Norte.

Chambriard disse que a pasta de Marina Silva precisa ser mais esclarecida sobre a necessidade da Petrobras repor reservas, pois o pré-sal deve entrar em declínio a partir de 2030, de acordo com a nova CEO. “Para nós, é essencial repor reservas, continuar explorando petróleo no litoral brasileiro. A Margem Equatorial está nesse contexto”, disse.

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Para Corleta e Abouni, o discurso de Chambriard mostra que a empresa continuará com foco na expansão para entregar melhor rentabilidade para o investidor. “Em comparação com o choque inicial da demissão de Prates, a entrevista foi marginalmente positiva. É importante acompanhar agora as primeiras movimentações da presidente da Petrobras para desenhar o caminho que a empresa deve tomar nestes três pontos: dividendos, investimentos e preços de combustíveis”, diz Corleta.

Dividendos da Petrobras

Para a Levante, as falas da nova CEO não demonstram que a empresa deve reduzir seu pagamento de dividendos. A corretora estima que a Petrobras deve pagar cerca de 15% do valor de sua ação nos próximos 12 meses. A métrica é conhecida de forma técnica no mercado financeiro como dividend yield (DY). A Levante tem recomendação de compra para PETR4. Abouni, o analista da casa, no entanto, não revela seu preço-alvo.

Já o BTG comenta que a aceleração dos investimentos da empresa no curto prazo, uma das principais preocupações dos investidores, continuará a ser prejudicada por limitações práticas, como a governança corporativa, que exige tempo para a formulação e aprovação dos projetos. “Vemos os riscos de investir na Petrobras muito bem precificados com o atual valor da ação atrativo e uma assimetria de dividendos distorcida, com a empresa pagando proventos bem acima que o de outras companhias”, dizem Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Pérez em relatório divulgado nesta terça-feira (28).

O BTG tem recomendação de compra para os papéis da Petrobras negociadas em Nova York, com preço-alvo de US$ 19 para os próximos 12 meses, uma alta de 28,2% na comparação com o fechamento de sexta-feira (24), último dia que teve pregão nos EUA – segunda-feira (27) foi feriado no país. Em relação aos dividendos, o BTG estima que a ação deve pagar 16,1% do seu valor de mercado em proventos nos próximos 12 meses.

Mudança levara tempo

Ricardo Salim, analista da Lumi, tem a mesma perspectiva do BTG. Ele diz que a empresa até pode mudar o pagamento de proventos, mas isso deve levar tempo. Ele estima que a petroleira deve entregar um dividend yield de 16% em 2024 e, por isso, recomenda compra para a ação da Petrobras na Bolsa brasileira com preço-alvo de R$ 46,46 para o fim do ano, uma potencial alta de 25,5% na comparação com o fechamento do papel na segunda-feira (27).

“Há uma determinação deste governo de aumentar o nível de investimentos da Petrobras em outras áreas, mas para isso existem vários passos que precisam ser cumpridos, várias aprovações internas e externas à companhia. Logo, vemos o vencimento destas etapas como determinantes para o aumento dos investimentos e, como consequência, a redução dos dividendos extraordinários só no longo prazo”, diz Salim.

A Guide tem uma visão um pouco menos otimista. Mateus Haag, que assina o relatório, diz que as falas de Chambriard podem ser consideradas “neutras”. “Continuamos com nossa visão de que investimentos devem aumentar, dividendos devem diminuir e a política de preço dos combustíveis se manterá inalterada”, explica Haag. Ainda assim, o analista tem recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 42, uma potencial alta de 13,48% na comparação com o fechamento de segunda-feira (27), quando encerrou o pregão na Bolsa brasileira a R$ 37,01.