O que este conteúdo fez por você?
- Analistas dizem que a Petrobras possui uma tese de investimentos voltada para dividendos
- Analistas comentam que o plano de negócios da empresa entre 2025 e 2029 é positivo
- Uma das casas consultadas pela reportagem teme interferência política na petroleira devido aos decretos publicados no fim de 2024
As ações da Petrobras (PETR4) subiram 6,94% no acumulado de 2024. Os ativos foram de R$ 33,84 no dia 28 de dezembro de 2023 para R$ 36,19 no último pregão de 2024, que aconteceu na última segunda-feira (30). Para o investidor que olha apenas o acumulado do ano, o ativo pode parecer pouco volátil e como uma alta modesta. No entanto, somente em 8 de março de 2024, a ação da petroleira recuou 10,57% porque a companhia pagou apenas os dividendos regulares, sem os extraordinários.
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Em meio a essa estabilidade em 12 meses, com alguns dias de forte volatilidade, o investidor pode se questionar se a ação da Petrobras pode ser um bom investimento para 2025. Para resolver o questionamento, o E-Investidor consultou três casas de análise para chegar a um consenso do que fazer com esses ativos agora.
Para a equipe do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, a tese da empresa é para o investidor que busca investimentos com foco em dividendos. Os especialistas comentam que o plano estratégico de investimentos para 2025 até 2029 é amplamente favorável aos dividendos da estatal.
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Eles comentam que o investimento total para o plano de negócios estimado para 2025 a 2029 em relação ao plano 2024 a 2028 aumentou em US$ 9 bilhões ou 8,8%, impulsionado por exploração e produção. Além disso, a empresa estima um pagamento de dividendos ordinários com uma faixa inicial de US$ 45 bilhões e flexibilidade para pagamentos extraordinários de até US$ 10 bilhões durante o período do plano.
“A expectativa de pagamento de dividendos extraordinários de US$ 10 bilhões não limita os dividendos da Petrobras em um eventual cenário de possíveis preços mais altos do petróleo, um real mais depreciado ou desembolsos menores do que o esperado em investimentos nos próximos 5 anos”, dizem Vicente Falanga do Bradesco BBI e Ricardo França da Ágora Investimentos.
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI recomendam compra para as ações da Petrobras com preço-alvo de R$ 48 para o fim de 2025, uma potencial alta de 32,6% na comparação com o fechamento de segunda-feira (30). Eles calculam que os dividendos da Petrobras devem ficar por volta de 14% do valor de mercado da companhia em 2025.
Petrobras pode pagar bons dividendos em 2025
Já os analistas do UBS BB estimam um provento ainda maior. Eles calculam que o dividend yield da Petrobras (rendimento em dividendos) deve ficar em 16,2% no acumulado de 2025. Eles comentam que o plano de negócios da empresa foi um gatilho para eles reforçarem a recomendação de compra para o papel.
Segundo os especialistas, o plano de negócios permite um aumento da dívida bruta de US$ 65 bilhões para US$ 75 bilhões. Outro ponto é que ele permite que a empresa invista US$ 18,5 bilhões em 2025, um número menor que os US$ 21 bilhões esperados pelos analistas do UBS BB. Na visão dos especialistas, esses dois pontos deixam espaço para o pagamento de US$ 3,5 bilhões a US$ 4,0 bilhões em extraordinários em 2025.
“Nossa preocupação anterior era que 2025 fosse um ano desafiador, com crescimento limitado da produção e menor potencial de dividendos até que fosse retomado em um nível mais alto em 2026. No entanto, o plano de negócios de 2025 a 2029 trouxe menor investimento para 2025 e, ao mesmo tempo, desbloqueou o potencial dividendo extraordinário da Petrobras”, argumentam Matheus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Modanese, que assinam o relatório do UBS BB.
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Sendo assim, o UBS BB tem recomendação de compra para a Petrobras com preço-alvo de R$ 51 para o fim de 2025, uma possível alta de 40,9% na comparação com o fechamento de segunda-feira (30), quando a ação encerrou o pregão a R$ 36,19.
Risco político ainda não deixou a Petrobras
Ainda que a maioria dos analistas recomenda compra para a ação, a equipe da Genial Investimentos não está totalmente contente com a empresa. Os analistas comentam que o plano de negócio da empresa para os próximos anos é razoável. Entretanto, eles apontam que essa razoabilidade se mantém mediante a uma execução dos investimentos (US$ 111 bilhões ao longo de 5 anos) em linha com o histórico de eficiência de execução entre 85 e 90%.
Além disso, os analistas comentam que dois decretos publicados no dia 9 de dezembro de 2024 não são positivos para o investidor privado. Segundo eles, o primeiro decreto traz uma série de medidas que conflitam em relação ao processo de tomada de decisão da empresa.
“Hoje, o Planejamento Estratégico e a decisão de distribuição de dividendos são conduzidos pela diretoria executiva e conselho de administração da empresa. Em nossa leitura, o governo pode definir diretrizes que conflitem com os interesses diretos da empresa como a distribuição (ou não) de um dividendo extraordinário, venda (ou compra) de um ativo que deixou de ser estratégico ou questão salarial dos seus funcionários”, dizem Vitor Sousa e Ricardo Bello, que assinam o relatório da Genial.
Eles comentam também que o segundo decreto do dia 9 de dezembro traz uma supervisão mais centralizada e direta por parte do Governo Federal. No limite, esse decreto pode limitar a autonomia da Petrobras em decisões estratégicas que eventualmente visem minimizar interferências políticas, por exemplo. “Além disso, a necessidade de se colocar as decisões da Petrobras em coordenação com múltiplos órgãos governamentais pode aumentar a burocracia no processo decisório e afetar a eficiência operacional da empresa”, explicam.
Ou seja, essas medidas podem aumentar ainda mais o risco político sobre a ação da Petrobras, o mesmo que causou forte volatilidade no papel em março de 2024. Desse modo, a Genial tem recomendação de manter para a Petrobras (que é equivalente à neutra) com preço-alvo de R$ 48 para o fim de 2025, uma possível alta de 32,6% em relação ao fechamento de segunda-feira (30).
Em linhas gerais, o investidor pode comprar o ativo esperando proventos de 16% e 14%, como estimam UBS BB e Ágora Investimentos respectivamente. No entanto, o investidor deve lembrar que a empresa possui risco estatal, como diz a Genial.
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Desse modo, mesmo em busca dos dividendos de dois dígitos, o investidor pode encontrar forte volatilidade no papel em alguns dias do ano devido às questões políticas. Por isso, o investidor deve estar ciente de que o seu perfil deve aceitar bem a volatilidade inesperada em busca dos dividendos polpudos a serem pagos pela Petrobras (PETR4).