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Em que momento devo comprar ações da Petrobras (PETR4)?

Com a queda forte do papel, investidor precisa ficar atento, também, ao ponto de compra. Veja a recomendação da Ágora Investimentos

Em que momento devo comprar ações da Petrobras (PETR4)?
Petrobras (Sergio Moraes/Reuters)

A ação da Petrobras (PETR4) passa por momentos de forte volatilidade nesta segunda-feira, 22 de fevereiro. Tanto os papéis da empresa na bolsa brasileira como os recibos de ações na bolsa dos Estados Unidos estão despencado desde a intervenção anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro na estatal.

Diante deste cenário, muito investidores que não estão comprados em PETR4 querem saber qual pode ser o momento de entrar no papel. É possível pensar em compra num momento como esse?

Sim, desde que o investidor faça um checklist: quais são os eventos que precisam ser monitorados antes de considerar a compra da ação da Petrobras? Para a Ágora Investimentos, a resposta está nos dividendos sustentáveis.

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Acompanhe, abaixo, a íntegra da recomendação da corretora e o piso que ela projeta para o papel:

Em que momento devo comprar ações da Petrobras? Essa tem sido a pergunta-chave que recebemos dos investidores em meio à turbulência contínua da “mudança de comando”. Para nós, a resposta está nos dividendos. Em nossa opinião, os dividendos sustentáveis são o que mais diminui os riscos, especialmente em um cenário em que muitos investidores questionam possuir nomes de energia em seus portfólios, dado o futuro claro para as fontes renováveis.

Como destacamos em notas recentes, os dividendos importam, e muitos investidores estão exigindo que as empresas do setor paguem sólidos dividendos sustentáveis, a medida em que empresas como Exxon, BP e Total estão fornecendo rendimentos de até 7%. É provável que as grandes empresas petrolíferas integradas fiquem gravemente para trás em termos de interesse dos investidores se não: (1) pensarem sobre a transição para as energias renováveis ou (2) deixarem de fornecer fluxos de caixa para os acionistas.

Dito isso, em nossa opinião, há um checklist de seis perguntas que devem ser respondidas para que os dividendos da Petrobras tenham uma perspectiva mais tangível (já que a visibilidade hoje permanece baixa). Destacamos abaixo:

A lista de verificação de pagamento de dividendos. Dois eventos importantes para monitorar aqui:

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1) Qual porcentagem do conselho atual mudará? Quanto mais seu conselho muda, maior é o risco de que possa haver alguma mudança na política de dividendos da Petrobras de pagar 60% de seu fluxo de caixa operacional quando a empresa atingir a meta de US$ 60 bilhões em dívida bruta. Esta política foi aprovada pela atual diretoria.

2) Mesmo se os atuais membros do conselho da Petrobras permanecerem como maioria, a política de dividendos mudará? Isso ainda pode acontecer. Não acreditamos que a redução do pagamento de dividendos da empresa seja do interesse do acionista controlador devido à situação fiscal, mas o risco ainda existe.  Indo além, existem quatro eventos principais a serem monitorados aqui para que possamos realmente calcular qual será o fluxo de caixa de 2022 para ser revertido em dividendos.

1) A nova gestão potencial reverterá os recentes aumentos de preços da gasolina e do diesel?

2) Como será a política de preços no futuro? Qual pode ser o desconto estrutural para a paridade internacional?

3) A venda das refinarias avançará? Caso contrário, demorará mais para a Petrobras atingir sua meta de dívida bruta de US$ 60 bilhões para acionar a nova política de dividendos.

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4) A Petrobras manterá sua disciplina de capital focando em projetos de alto retorno do pré-sal? Caso contrário, o capex pode aumentar e os dividendos podem cair.

Nossa visão: se tivéssemos uma bola de cristal que mostrasse todas essas perguntas com respostas positivas, talvez fosse hora de nos tornarmos mais construtivos. Na verdade, os projetos do pré-sal da Petrobras continuam a ser ativos altamente competitivos e são capazes de ajudar a entregar dividendos sustentáveis sólidos. Além disso, mesmo que a Petrobras revertesse as recentes altas de R$ 0,33 / litro para o diesel e R$ 0,23 / litro para a gasolina, o dividend yield nesta fase já seria de 13,3%, o que ofereceria uma alta de 30% para as ações (com base na premissa de retorno via dividendo justo de 10%). A certeza em nossa checklist, entretanto, ainda é muito baixa.

Para os investidores que ainda preferem olhar EV / EBITDA, um bom exercício seria assumir o EBITDA próximo a US$ 32 bilhões para 2021 (com a reversão dos recentes aumentos de preços) e um EV / EBITDA justo de 3,3x (em linha com o que as ações eram negociadas antes da eleição presidencial de 2018). Isso significaria que um bom ponto de entrada estaria mais perto dos R$ 17/ação.