A Petrobras(PETR4) divulgou uma prévia operacional dentro do esperado e deve pagar cerca de 3% do seu valor de mercado em dividendos no terceiro trimestre de 2025, disseram analistas em relatórios consultados pelo E-Investidor nesta segunda-feira (27).
Na sexta-feira (24), a companhia reportou um volume total de vendas de derivados de 1,8 milhões de barris por dia (Mbpd) no terceiro trimestre de 2025, alta de 1,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já a produção da estatal chegou a 2,7 milhões de barris por dia no ciclo de julho a setembro, crescimento de 18,4% na comparação com o terceiro trimestre de 2024.
Para os analistas do Citi, a estatal foi impactada positivamente pelo início da operação de 11 novos poços produtores (7 na Bacia de Campos e 4 em Santos). Além disso, a empresa teve menores perdas relacionadas a paradas para manutenção, parcialmente compensadas pelo declínio natural da produção.
Os analistas comentam que o grande destaque foi a Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO, na sigla em inglês) Almirante Tamandaré, a qual atingiu seu pico de produção de 225 mil barris por dia em 6 meses após o início da operação com 5 poços produtores. O Citi reforça que a Petrobras destacou que sua produção deve atingir a faixa superior da projeção de produção para 2025 (cerca de 2,4 milhões de barris de petróleo por dia).
“Isso aumenta a probabilidade de uma revisão otimista na projeção de produção para 2026 (2,4 milhões de barris de petróleo por dia) no novo Plano Estratégico. Se isso ocorrer, poderemos ver um aumento em nossas estimativas e um potencial aumento nos dividendos ordinários da Petrobras, uma vez que nosso modelo considera a faixa superior da projeção para 2026”, dizem Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona, que assinam o relatório do Citi.
Já a Ativa Investimentos também comenta que os números vieram dentro do esperado. A corretora relata que o aumento das vendas e o elevado fator de utilização devem contribuir positivamente, enquanto em Gás e Energias de Baixo Carbono a corretora projeta resultados mais fortes no trimestre contra trimestre, impulsionados por maiores vendas e menor necessidade de importação.
No refino, as vendas avançaram 18,4%, refletindo principalmente a maior demanda por diesel. Essa demanda ocorreu em função dos pedidos aquecidos com o início da safra de verão e maior dinamismo industrial.
“Acreditamos que os dados de vendas e produção, em síntese, vieram em linha e apontam para um bom resultado por parte da companhia no terceiro trimestre de 2025”, argumenta Ilan Arbetman, que assina o relatório da Ativa.
A XP Investimentos reforça a tese de uma prévia da Petrobras em linha com as projeções. A corretora foca sua análise na questão do preço do petróleo, um dos desafios futuros para a estatal. Em outubro, o petróleo caiu de US$ 65 por barril para US$ 59, mas voltou à faixa dos US$ 65 na última semana.
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Os analistas estão surpresos com o aumento da produção americana e compartilham as preocupações sobre as possíveis implicações macroeconômicas de uma escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Por outro lado, a corretora está menos preocupada com a redução das cotas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como fonte de um ciclo prolongado de queda nos preços do petróleo do que o consenso do mercado parece sugerir.
“No geral, continuamos mais otimistas do que a maioria dos participantes do mercado, esperando que os preços do Brent permaneçam na faixa de US$ 65 por barril a US$ 70 por barril — embora reconheçamos uma tendência de queda no curto prazo. Assim, decidimos reduzir nossa previsão para o Brent no modelo de PETR4 para US$ 65 por barril”, explicam Regis Cardoso e João Rodrigues, que assinam o relatório da XP.
Eles comentam que a premissa de um Brent US$ 5 mais baixo retira cerca de US$ 2,5 bilhões (3,4% ao ano) do fluxo de caixa livre da Petrobras. Por isso, eles esperam que medidas de austeridade em investimentos farão parte da discussão do plano estratégico a ser divulgado em novembro, que deve se concentrar no preço de equilíbrio do Brent.
Quanto a Petrobras vai pagar em dividendos no 3T25?
O consenso dos analistas aponta que a estatal deve anunciar cerca de 3% do valor de sua ação em dividendos no balanço do terceiro trimestre de 2025. Esse rendimento para a ação negociada na Bolsa brasileira seria de R$ 0,8952 por ativo em relação ao fechamento de sexta-feira (24), quando a ação encerrou o pregão a R$ 29,84.
O Citi acredita que o fato de alguns combustíveis terem sido negociados acima do Preço de Paridade de Importação (PPI), como a gasolina, tende a trazer ganhos maiores e mais resilientes para a Petrobras, o que deve gerar o rendimento de 3% no terceiro trimestre.
A XP espera que a estatal reporte um Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 11,4 bilhões no terceiro trimestre de 2025, o que deve gerar um Fluxo de Caixa Livre de cerca de US$ 2,6 bilhões, com dividendos de US$ 2,2 bilhões (rendimento de cerca de 3%).
“Os resultados do nosso modelo diferencial indicam um intervalo de dois desvios padrão nas previsões potenciais do Ebitda, de US$ 10,8 bilhões a US$ 11,9 bilhões”, salienta a corretora.
Para a Ativa Investimentos, a estatal deve anunciar um dividendo de R$ 1,02 por ação, um rendimento de 3,41% em relação ao fechamento de sexta-feira (24). A Ativa tem recomendação neutra para a Petrobras (PETR4) com preço-alvo de R$ 44 para os próximos 12 meses, alta de 47,5% em relação ao último fechamento.
“Encerrado o trimestre, o foco do mercado se voltará para o novo Plano Estratégico, previsto para o final de novembro, que deve consolidar os esforços da companhia em um contexto de Brent significativamente abaixo do observado no ano anterior”, conclui Arbetman.
O Citi tem recomendação neutra com preço-alvo de US$ 12,00 para a American Depositary Receipt (ADR) negociada em Nova York, alta de 2,2% em relação ao último fechamento. O conservadorismo com o papel decorre da baixa do preço do petróleo, que tende a perdurar no mercado, segundo o banco.
A XP é a única casa a recomendar comprar. Os analistas, no entanto, reduziram o preço-alvo de R$ 47,00 para R$ 37,00 para o fim de 2026. Essa baixa acontece por causa da queda nos preços do petróleo. O novo preço-alvo equivale a uma alta de 23,99% na comparação com o último fechamento.
“Mantemos nossa recomendação de compra, apoiada por rendimentos de dividendos atraentes de cerca de 11% em 2026 e 2027”, conclui a corretora.
Em suma, o investidor deve compreender que a Petrobras (PETR4) deve entregar entre R$ 0,89 e R$ 1,02 por ação em dividendos no resultado do terceiro trimestre de 2025. O futuro da empresa, todavia, é incerto devido à espera do plano estratégico e da perspectiva de queda para o preço do barril de petróleo.