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Petróleo fecha com avanço diário recorde por sinais de corte na oferta

Se pensa em investir nas ações da Petrobras por causa da guerra, você ainda não entendeu nada sobre investimentos. (Foto: Sergio Moraes/Reuters)
  • Petróleo WTI para maio fechou em alta de 24,67%, em US$ 25,32 o barril
  • Contratos mostravam alta acima dos 10% já de madrugada
  • No fim da manhã, presidente dos EUA afirmou esperar um corte na produção da Arábia Saudita e da Rússia da ordem de 10 milhões de barris por dia

(Gabriel Bueno da Costa, Agência Estado) – Os contratos futuros de petróleo fecharam em altas consideráveis nesta quinta-feira, diante de declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que pode haver um corte considerável na oferta. O governo da Arábia Saudita sinalizou que de fato buscará novo acordo com outros países para controlar as exportações, o que deu impulso à commodity: os dois contratos tiveram o maior avanço porcentual diário da história, segundo o Wall Street Journal.

O petróleo WTI para maio fechou em alta de 24,67%, em US$ 25,32 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para junho avançou 21,02%, a US$ 29,94 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Os contratos mostravam alta acima dos 10% já de madrugada, após Trump ter dito ontem que Arábia Saudita e Rússia devem fechar um acordo em breve. O movimento chegou a perder força após o índice das condições empresariais de Nova York recuar em março a 12,9, o menor nível já registrado, e após a Fitch reduzir projeções para o preço do barril neste ano e em 2021, por causa do coronavírus e do excesso de oferta.

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Trump, porém, foi ao Twitter no fim da manhã e afirmou esperar um corte na produção da Arábia Saudita e da Rússia da ordem de 10 milhões de barris por dia. Em mensagem posterior, o presidente americano ainda citou que a redução poderia ser de 15 milhões de barris por dia. “Boa (ótima!) notícia para todos”, celebrou. Após o primeiro tuíte, o WTI chegou a avançar mais de 30% no dia e o Brent, 40%, e o fato de a Arábia Saudita ter convocado reunião urgente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, que formam o grupo Opep+, foi visto como uma confirmação da declaração do líder americano. A conta oficial da Opep no Twitter já informava nesta tarde que o Iraque apoiava a realização do encontro.

A partir de fontes sauditas, a agência Dow Jones Newswires informou que Riad poderia de fato cortar a oferta, mas isso dependeria de outros países assumirem o mesmo compromisso. Fontes ouvidas pela agência também disseram que os números citados por Trump foram exagerados. Na Rússia, um porta-voz do governo negou que o presidente Vladimir Putin tenham conversado com o príncipe saudita Mohammed bin Salman, como tinha mencionado Trump.

Em meio às notícias, o petróleo reduziu um pouco os ganhos, mas ainda teve avanço considerável. O Danske Bank afirma em relatório que os EUA pressionam Riad e Moscou, dizendo que os sinais desses dois produtores são importantes para o mercado no curto prazo. Além disso, o banco comenta que o preço da commodity se estabiliza, diante da expectativa de uma trégua entre os dois importantes produtores.

A Eurasia, por sua vez, vê como resultado mais provável um acordo nas próximas semanas por um grande corte na oferta do Opep+, complementado por uma redução na produção também dos EUA, embora a consultoria não descarte a chance de um novo impasse. Sobre o setor de petróleo nos EUA, o CIBC comenta que o preço baixo atual “é um grande risco”, dizendo que se isso prosseguir pode haver colapso do investimento e do emprego na produção do setor, o que por sua vez será “um obstáculo significativo para a economia”.