- Marcopolo é a maior fabricante de carroceria de ônibus e uma das maiores empresas do mundo no setor.
- Modelo japonês "just in time" ajudou a companhia a superar crises e expandir internacionalmente.
- Ações POMO3 têm alta exposição à situação econômica mundial.
A Marcopolo (POMO3) é a primeira e a maior fabricante brasileira de carrocerias de ônibus, um importante player global no setor.
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Desde a sua criação, em 1949, a companhia teve um crescimento consistente, que garantiu uma participação de 46% no mercado nacional, além da presença em cinco continentes, com atuação no transporte rodoviário em mais de 100 países.
A empresa conseguiu expandir internacionalmente devido a um modelo de verticalização da produção, no qual cerca de 80% das peças necessárias para a fabricação de uma carroceria de ônibus eram produzidas somente quando necessário.
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Além disso, a companhia firmou parcerias com fabricantes globais para que os ônibus sejam produzidos sob demanda em outros mercados, reduzindo assim os custos de armazenamento.
A Marcopolo tem uma capacidade de customização que atende às necessidades de produção e restrições orçamentárias de clientes de diferentes culturas e regiões.
Além da Marcopolo, o grupo econômico engloba as marcas Neobus, Volare, Marcopolo Rail, Marcopolo Parts, Marcopolo Next e Banco Moneo.
A empresa também tem subsidiárias em Portugal, Argentina, África do Sul, México e Colômbia.
História da Marcopolo
A empresa foi fundada por Paulo Bellini e outros seis jovens mecânicos em 1949. Sob o nome de Nicola & Cia., chapeava e pintava cabines para caminhões em Caxias do Sul (RS).
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O primeiro pedido veio de uma linha de ônibus local, quando a empresa construiu a carroceria em um chassi de caminhão completamente à mão.
Em 1957, a companhia inaugurou uma fábrica em um subúrbio de Caixas do Sul, diferenciando-se pelo serviço superior, já que não podia competir com outros fabricantes em preço ou prazo de entrega.
Em 1961, recebeu o primeiro pedido de exportação de uma empresa de ônibus no Uruguai.
POMO3
Já em 1968, a empresa lançou um modelo de ônibus chamado Marcopolo. Três anos depois, assumiu esse nome. Em 1978, a companhia começou a negociar as ações POMO3 na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
Diante da crise econômica no Brasil nos anos 1980, a Marcopolo adotou o sistema japonês de controle de estoque just in time e buscou clientes fora do país.
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Entrou no mercado dos Estados Unidos em 1988 com um micro-ônibus. Em 1991, estabeleceu a sua primeira fábrica no exterior, em Portugal. No ano seguinte, assinou contrato com a Dina Camiones, do México, para fornecer carrocerias de ônibus e tecnologia.
A paridade cambial com o dólar que veio com a criação do Plano Real, em 1994, tornou as exportações da empresa pouco competitivas em preço. Ela chegou a levantar US$ 12,4 milhões com a negociação de American Depositary Receipts (ADRs) na Bolsa de Nova York (NYSE) em 1995, mas logo abandonou a listagem.
A frustração na bolsa americana não impediu a expansão da Marcopolo. No final da década de 1990 e no início dos anos 2000, a companhia inaugurou fábricas e realizou joint ventures na Argentina, no México, Colômbia, África do Sul, Egito, China, Índia e Austrália.
Qual é o comportamento das ações da Marcopolo?
As ações da Marcopolo costumam apresentar alta volatilidade durante as crises econômicas, com grandes movimentos de baixa seguidos de uma rápida recuperação.
A partir dos anos 2000, o primeiro movimento de alta valorização aconteceu entre junho de 2006, quando as ações ordinárias eram cotadas a R$ 0,50, e julho de 2007, alcançando R$ 1,81. No entanto, a crise financeira global derrubou a cotação a R$ 0,80 no final de 2008.
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Logo após, aconteceu a mais longa valorização das ações POMO3, que saíram de R$ 0,77, em fevereiro de 2009, para seu preço recorde de R$ 7, em maio de 2013 — uma alta de 1.000%.
Na época, o Brasil tinha a expectativa de grandes investimentos em infraestrutura urbana por conta da realização da Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.
A partir deste momento, a economia brasileira começou a entrar em recessão e os papéis da Marcopolo mergulharam em uma tendência de baixa até 2016, acompanhando a crise política e econômica.
As ações POMO3 chegaram a ser cotadas a R$ 1,63 no início daquele ano, uma desvalorização de 76% quando comparada à marca histórica.
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Entretanto, em agosto de 2016, a ação subiu para R$ 2,93, quase dobrando de valor em apenas oito meses. O movimento de alta durou pouco. Em janeiro do ano seguinte, a cotação recuou 25%, para R$ 2,20.
Seis meses depois, com sinais de recuperação gradual da economia brasileira, as ações POMO3 viram uma nova aceleração, saindo de R$ 2,09 em junho para R$ 3,75 em outubro de 2017.
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China gerou tremores na economia global em 2018. Entre maio e junho daquele ano, as ações POMO3 mergulharam em nova baixa, saindo de R$ 3,41 para R$ 2,47 em menos de 4 semanas.
No final de março de 2019, a ação conseguiu se recuperar e registrar a cotação de R$ 3,57. Desde o início da pandemia, o preço dos papéis da Marcopolo sobe e desce conforme a onda de infecções por coronavírus avança ou se retrai no mundo.
Vale a pena investir nas ações da Marcopolo?
A compra e venda das ações POMO3 precisam ser estudadas com calma pelo investidor, diante de sua grande variação de preço. Essa volatilidade pode render boas oportunidades para operações a curto prazo, mas isso também aumenta o risco de perdas.
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A companhia tem uma marca reconhecida mundialmente, com produção em escala e receita dolarizada.
No entanto, enfrenta um setor competitivo, com necessidade intensa de capital e forte oscilação cíclica. Com um cenário ainda incerto por conta da pandemia, é recomendável muita cautela nas negociações.