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Porsche: por que a marca de carros esportivos vai abrir o capital

A empresa espera captar entre € 8,71 bilhões e € 9,39 bilhões, ficando atrás apenas da Deutsche Telekom

Porsche: por que a marca de carros esportivos vai abrir o capital
A montadora simbolicamente dividirá o capital em 911 milhões de açõe. Foto: Envato Elements
  • A marca alemã de carros esportivos fundada por Ferdinand Porsche estreia esta semana na bolsa de valores de Frankfurt
  • O IPO pretende levantar € 9,39 bilhões, o segundo maior da história da bolsa da Alemanha
  • Montadora dos lendários 911 e Carrera GT e Volkswagen têm objetivos ousados para mercado de automóveis elétricos

Muito pouca gente sabe disso: Ferdinand Porsche, o engenheiro austríaco criador do Fusca, desenvolveu no ano de 1900 o que muitos acreditam ser o primeiro automóvel híbrido, o Lohner-Porsche, que combinava um motor a gasolina com um elétrico.

Mais de cem anos depois, a marca que leva seu nome quer colocar um pé definitivo no desenvolvimento e lançamento de veículos elétricos (EV) e eletrificados. Um bem-vindo empurrão rumo a esta visão pode vir de sua aguardada abertura de capital, no que promete ser o segundo maior IPO da história da bolsa de valores de Frankfurt, na Alemanha.

Com expectativa de captar algo entre € 8,71 bilhões e € 9,39 bilhões, ele ficaria atrás apenas dos € 13 bilhões abocanhados pela Deutsche Telekom em 1996.

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A montadora simbolicamente dividirá o capital em 911 milhões de ações – fracionadas igualmente entre ordinárias e preferenciais. Somente 25% destas últimas é que formarão o bloco disponível no IPO, devendo ser negociadas na faixa entre € 76,50 e € 82,50. Boa parte dos papéis restantes será mantida pela Volkswagen AG e a família Porsche-Piëch, em um complexo desenho acionário.

Com vendas de € 33,1 bilhões em 2021, espera-se que o valor de mercado da Porsche alcance uma marca acima dos € 75 bilhões após esta oferta pública inicial.

Com o período de reserva se fechando nesta quarta-feira (28), já se espera que o Qatar Investment Authority, um fundo soberano do país do Golfo, venha a adquirir 4,99% das ações preferenciais disponíveis, um negócio que pode chegar aos € 1,88 bilhão.

Curiosamente, outro investidor de peso também tem recursos vindos de combustíveis fósseis: o Norges Bank Investment Management, que controla o fundo do petróleo da Noruega.

Veículos elétricos e sustentabilidade: objetivos ousados

Já contando com modelos híbridos em sua linha de modelos, caso dos bem-sucedidos Cayenne e Panamera PHEV, ou totalmente elétricos – como o Taycan –, a Porsche mira metas audaciosas para os próximos anos em termos de eletrificação de sua linha.

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Uma delas é que até 2030 80% de suas vendas sejam de modelos BEV (battery electric vehicles, carros movidos a bateria que são carregadas por tomadas ou estações de recarga). A montadora também pretende zerar suas emissões de carbono no mesmo ano.

Além disso, seu posicionamento de mercado deve se manter no topo da pirâmide automotiva, colocando-se na mesma categoria de McLaren, Ferrari e Aston-Martin e acima de suas conterrâneas Mercedes-Benz e BMW.

A busca de um novo tipo de consumidor

Em todo o mercado de luxo compreende-se que um novo tipo de público vem se formando: indivíduos com alto poder aquisitivo e preocupados com questões ambientais, millennials, mais mulheres e uma base crescente no mercado chinês.

Abocanhar uma fatia deste mercado ávido por marcas, prestígio e ostentação não será fácil.

A italiana Ferrari, por exemplo, que lançará seu primeiro SUV agora em 2022, pretende introduzir um modelo totalmente elétrico até 2025. No mesmo ano a britânica Aston-Martin lançará o seu EV, sendo que em 2024 ela trará um Valhalla híbrido plug-in.

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Já a McLaren acaba de lançar o V6 híbrido Artura, que desenvolve 671 hp. Em paralelo, a Maserati não só já conta com o PHEV Ghibli GT como pretende entrar no circuito da Fórmula E e lançar novos modelos elétricos como o Gran Turismo e um SUV já para 2023.

Parcerias estratégicas

Entre personas e sinergias de marca, a Porsche vem procurando costurar parcerias neste grupo estratificado que tragam diferenciação e valor para a marca.

Uma delas é com a companhia de relógios Tag-Heuer, pertencente ao conglomerado de luxo LVMH. Outra, mais próxima para nós, é com a Embraer (EMBR3).

A fabricante de jatos e a marca alemã se uniram no desenvolvimento do combo ‘Duet’, formado pelo jato leve Phenom 300E e o modelo Porsche 911 Turbo S, que combinam elementos de design. A edição limitada oferecerá apenas dez desses pares exclusivos.

Outra linha de colaboração é no investimento em startups de softwares como Nitrobox, Cetitec e DSP Concepts atrás da Porsche Ventures. O mercado de aplicativos e programas ligados às indústrias de transporte e mobilidade – uma importante fonte de recursos para a Tesla, só para ficar em um exemplo – está se espalhando por todo o setor.

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Apps de compartilhamento de carros, estacionamentos inteligentes, sistemas de direção autônoma, segurança e infotainment e o desenvolvimento de algoritmos são algumas das soluções procuradas.

E a Volkswagen?

O grupo alemão Volkswagen AG possui metas ambientais igualmente ambiciosas, mas com desafios mais complexos. Se por um lado possui sob seu guarda-chuva marcas de nicho como Porsche, Bentley e Lamborghini, em que o nível de preço é apenas um detalhe, lá também estão produtos de massa como Audi, Skoda, Seat e a própria Volkswagen.

Mas, no todo, o objetivo é claro: ultrapassar a Tesla em número de entregas de veículos elétricos em apenas três anos.

Recentemente o então CEO da companhia, Herbert Diess, mencionou as dificuldades da companhia de Elon Musk com produção e a nova fábrica na Alemanha: “em 2025 poderemos estar na liderança”.

Para isso, novos modelos (como os e-tron da Audi e o sucessor da Kombi, o id.Buzz), pesquisa em baterias, descarbonização, softwares e desenvolvimento de fornecedores custarão muito dinheiro. O próprio grupo VW estima que serão investidos € 89 bilhões até 2026 nestas áreas.

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Os recursos do IPO da Porsche são só uma fração dessa soma, mas vêm bem a calhar.

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