- Assim como as grandes varejistas, as ações da Positivo (POSI3) seguem em uma sequência de altas e têm conquistado destaque no mercado
- A valorização das ações também têm relação com os resultados operacionais da companhia. No balanço referente ao segundo trimestre deste ano, a Positivo reportou uma receita bruta de R$ 1,9 milhão
- Apesar do bom momento, alguns analistas recomendam ao investidor analisar os riscos do papel antes de se posicionar
Assim como as grandes varejistas, as ações da Positivo (POSI3) seguem em uma sequência de altas e têm conquistado destaque no mercado. No entanto, os ganhos do papel não são causados apenas pela perspectiva do fim do ciclo de alta de juros no Brasil, previsto para acontecer neste ano. O otimismo também está relacionado aos bons resultados operacionais da companhia.
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O desempenho da ação no começo deste segundo semestre contrasta com a performance observada ao longo dos primeiros seis meses de 2022. Segundo dados da TradeMap, as ações da Positivo encerraram junho com um tombo de 26%.
No mês de julho a companhia conseguiu dar a volta por cima e os papéis apresentaram alta de 23,6%. Os ganhos seguiram nos dias seguintes. No acumulado de agosto, a empresa deve ter uma valorização superior a 60%.
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Segundo Felipe Cima, broker de renda variável da Manchester Investimentos, a companhia sofreu bastante com o movimento de aperto monetário no País. Na avaliação dele, isso ocorreu porque o mercado enxergava a Positivo como uma empresa com forte atuação no varejo, já que vende computadores e aparelhos eletrônicos para pessoas físicas.
“As expectativas de crescimento do PIB eram baixas ou negativas no início do ano. Com os juros subindo, o setor de varejo apanhou bastante. Além disso, embora ainda não se soubesse qual o impacto nas margens, a desorganização das cadeias produtivas afetaria o custo dos produtos vendidos pela empresa”, afirma Cima.
Por outro lado, o cenário macroeconômico parece ter mudado. Ao contrário dos meses anteriores, a perspectiva é que o aumento da taxa de juros se encerre neste ano. De acordo com o Boletim Focus, a projeção é que a Selic feche 2022 no patamar de 13,75% ao ano.
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Com essa sinalização de uma perspectiva para o fim da temporada do ciclo de aperto monetário no País, as ações da Positivo, assim como as de outras varejistas e as de tecnologia, passaram a se tornar atrativas para o mercado.
“O que essa expectativa do fim da taxa de juros acaba afetando? Traz uma maior expectativa de dinheiro disponível. Então, se a taxa de juros estiver menor, provavelmente, o mercado já espera que as empresas “peguem” mais dinheiro e sigam com as suas propostas de crescimento”, explica Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos.
A valorização das ações da Positivo também têm relação com os resultados operacionais da companhia. No balanço referente ao segundo trimestre deste ano, a empresa reportou uma receita bruta de R$ 1,9 milhão. O valor representa uma alta de 104% em relação ao mesmo período de 2021 e de 78% em comparação aos primeiros três meses deste ano.
Além disso, o retorno sobre o capital investido (ROIC – métrica utilizada para indicar a capacidade de uma empresa gerar valor em relação ao capital investido) ficou no patamar de 25,7%. No entanto, o destaque para a companhia está na capacidade de diversificação das suas fontes de receita.
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Em 2020, a empresa venceu o processo licitatório para a entrega de 225 mil urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições de outubro. Desta forma, a Positivo registrou uma receita bruta, somente neste segmento, de um total de R$ 908,9 milhões.
A boa performance deve seguir nos próximos meses, já que a companhia também será a responsável pela entrega de 176 mil urnas eletrônicas para as eleições de 2024. Isso deve gerar um faturamento de R$ 1,2 bilhão ao longo de 2023.
As soluções de pagamento também têm sido outra fonte de receita interessante por meio da venda de hardware para companhias como a Cielo e a Stone. Neste segmento, a empresa informou um faturamento de R$ 131 milhões no primeiro semestre contra os R$ 2 milhões registrados no mesmo período do ano passado.
“A empresa tem tido uma linha de crescimento nova e que entregou bastante receita. E neste sentido, está se ligada a várias fornecedoras de tecnologias”, afirma Cima. “Há várias coisas que a tornam conhecida (pelo mercado) de uma maneira diferenciada”, acrescenta.
Riscos para o papel
Apesar dos bons resultados, Mário Goulart, analista CNPI e criador do canal no YouTube, “O Analisto”, aponta que o investidor precisa ter cautela antes de manter posição na companhia. “O investidor precisa observar se a companhia irá aproveitar a lucratividade para reduzir o seu endividamento. A empresa tem exposição ao dólar na parte de custo, enquanto sua receita é em real”, aponta Goulart.
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E quando o assunto é custo, Gracia alerta para a baixa oferta de semicondutores, matéria-prima para a produção de hardwares, o que pode aumentar as despesas na produção dos produtos. “Essa transferência de aumento do custo para o consumidor, algo que a Positivo já está fazendo, pode afetar no futuro o mercado de consumo”, ressalta o analista da Guide, destacando outro ponto que deve estar no radar do investidor.
Mesmo com os riscos, a Guide Investimentos recomenda a compra do papel com um preço-alvo de R$ 15. A XP também segue com a mesma recomendação, mas com um preço-alvo para as ações de R$ 16 para o fim de 2022.