- A captação líquida corresponde à diferença entre os aportes e resgates em produto financeiro
- O levantamento da Economatica, enviado com exclusividade ao E-Investidor, mostrou a realidade da indústria dos fundos no mercado
- De todas as classes de ativos, os fundos de previdência foram os únicos que registraram um saldo positivo em 2023 e nos últimos 12 meses
Os fundos de previdência privada descolaram dos demais segmentos de fundos e têm atraído mais interesse e aportes. Segundo dados da Economatica, enviados com exclusividade ao E-Investidor, a categoria registrou uma captação líquida, que corresponde a diferença entre as aplicações e resgates, de R$ 18,12 bilhões nos últimos 12 meses. Esse foi o único resultado positivo entre as classes de fundos de investimento durante o período.
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No acumulado do ano, o resultado continua positivo e distante da realidade de toda a indústria. O levantamento mostra que, durante os meses de janeiro até julho, período disponível mais atualizado, os fundos de previdência acumulam uma captação líquida de R$ 13,9 bilhões. Já os fundos de renda fixa que também ficaram com um saldo registraram uma captação líquida de apenas R$ 75 milhões durante o mesmo período.
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Ao olhar para a rentabilidade, os fundos de previdência também seguem com ganhos expressivos. Em outro levantamento da Economatica, é possível ver que os ganhos desses produtos chegam a 55,6% nos últimos 12 meses. O motivo para o bom desempenho, mesmo diante de um cenário desfavorável para a indústria diante dos juros em patamares elevados, está no objetivo desses instrumentos: retornos voltados para o longo prazo.
“É um comportamento um pouco diferente do que se observa em investidores que aportam nos demais tipos de fundo, que estão interessados na rentabilização do seu patrimônio e não necessariamente na sua aposentadoria”, diz Carlos André Marinho Vieira, analista-chefe do TC.
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Há outras características que atraem os investidores para os fundos de previdência e justificam a alta captação líquida em comparação às demais classes. Uma delas é a ausência do regime come-cotas, recolhimento do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos dos fundos duas vezes ao ano. “Esse é um dos critérios que os diferencia dos demais e faz com que os fundos de previdência no longo prazo tenham grandes vantagens”, Danilo Carrillo, especialista em previdência privada e seguros da Warren.
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Além disso, os fundos de previdência também podem ser utilizados para a sucessão patrimonial porque não há obrigatoriedade da indicação de herdeiros como beneficiários do plano. Por essa razão, alguns analistas acreditam que deve haver um movimento de investidores alocados em fundos exclusivos fechados para os fundos de previdência caso entre em vigor a taxação do governo.
“Em todas as tentativas do governo federal em taxar os fundos exclusivos fechados de investimentos, os fundos de previdência ficaram de fora da discussão”, diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos. Vale lembrar que, no fim de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Medida Provisória (MP) que prevê a cobrança de 15% a 22,5% sobre rendimentos dos fundos exclusivos fechados.
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Embora a MP tenha efeito imediato, o texto precisa ser aprovado em até 120 dias, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, para que possa virar lei. Caso isso não aconteça, a decisão do governo perde eficácia. Veja os detalhes nesta reportagem.