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Ibovespa fica abaixo de Hungria e Indonésia em ranking de bolsas mundiais

Indicador encerrou abril no vermelho, com 1,70% de queda; compare com o desempenho de outros 39 índices

Ibovespa fica abaixo de Hungria e Indonésia em ranking de bolsas mundiais
(Foto: Daniel Teixeira/Estadão)
  • O Ibovespa obteve uma ligeira melhora no mês de abril, apesar de se manter em baixa entre 40 índices globais
  • Especialistas afirmam que a performance do índice segue estagnada e pior do que outros países emergentes

Ibovespa ocupa a 24ª posição entre os 40 índices de bolsas globais, de acordo com levantamento feito por Einar Rivero, da Elos Ayta.

O desempenho brasileiro é inferior ao de mercados como China, Hungria, Tailândia e Indonésia. Em abril, o Ibov registrou queda de 1,70%, aos 125.924,19 pontos.

Foi mais um mês no vermelho. O principal índice de ações da Bolsa brasileira ensaiou uma recuperação, com  alta de 1,39% até 9 de abril, chegando ao maior patamar desde fevereiro –  aos 129,8 mil pontos. No entanto, com a divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos e aumento da insegurança fiscal doméstica, a ligeira retomada de otimismo se perdeu.

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De acordo com Pedro Lang, especialista em renda variável da Valor Investimentos, credenciada à XP Investimentos, a performance brasileira segue estagnada e bem fraca em comparação à outros países emergentes. “Temos hoje um patamar de preço bem atrativo em comparação a esses territórios, mas mesmo assim, isso mostra a dificuldade em lidarmos com nossas particularidades políticas e econômicas”, afirma.

O desempenho ruim de setores que historicamente “carregam” a bolsa como minério de ferro pesou muito contra o índice, segundo João Daronco, analista CNPI da Suno Research. “Essas empresas têm sofrido muito por questões ligadas à China, principalmente ao setor imobiliário chinês, acerca de incertezas sobre o crescimento futuro do mesmo”, diz.

Além disso, Daronco salienta a menor liquidez do mercado. Atualmente, investidores estrangeiros estão retirando dinheiro da B3, a bolsa brasileira, o que resulta numa força vendedora maior do que a compradora.

Para Eduardo Rahal, analista chefe da Levante Inside Corp, o principal fator de influência foram os dados conflitantes sobre inflação e emprego nos Estados Unidos, que levam à postergação do início do ciclo de cortes de juros e isso afetou negativamente os ativos de risco em países emergentes. “Em 2024, o Brasil enfrentou uma significativa saída de capital estrangeiro, totalizando cerca de R$ 33 bilhões, com quase R$ 11 bilhões apenas em abril”, diz.

Nesta quarta-feira (1º), o banco central norte-americano Federal Reserve (Fed) anunciou que a taxa de juros se mantém entre 5,25% a 5,50% ao ano. O resultado prorroga a pressão sobre a curva de juros e o câmbio no Brasil. Internamente, o Ibovespa foi afetado pelo projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) em que se manteve a meta de déficit zero para 2025, o que postergou o primeiro superávit para 2026 e causou desconforto.

No ranking, a principal alta no mês de abril foi registrada pelo BIST 100, da Turquia. O país já vem apresentando alta desde o ano passado e esse mês não foi diferente, com um salto de 9,88%. Veja a lista completa:

Ibovespa registrou o pior quadrimestre desde a pandemia

Segundo a Elos Ayta Consultoria, o Ibovespa, que é o principal indicador da bolsa brasileira, teve uma queda significativa de 6,16% no primeiro quadrimestre de 2024. Essa queda representa a pior performance desde 2020, quando enfrentamos uma das maiores crises financeiras da história devido à pandemia, resultando em um declínio de 30,39% no mesmo período daquele ano.

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Ao analisar os dados desde 2010, é possível observar que o Ibovespa teve queda nos primeiros quatro meses do ano em sete ocasiões e teve valorização em oito. O destaque positivo foi em 2016, com um crescimento de 24,36%. No entanto, a desvalorização observada em 2024 é a terceira maior desde então, ficando atrás apenas das quedas de 2020 e 2013, que foram de 8,27%.

Segundo Eduardo Rahal, da Levante, apesar de essa queda do mês de abril parecer inicialmente moderada, um olhar mais atento revela uma situação mais desfavorável. “Dos papéis que compõem o índice, somente 25 companhias registraram desempenho positivo. Petrobras (PETR3), (PETR4) e Vale (VALE3) se destacaram e ajudaram a mitigar o que poderia ter sido uma queda mais drástica”, salienta.

Por outro lado, o dólar PTAX (taxa de câmbio de referência determinada pelo Banco Central) teve uma valorização notável de 6,83% no primeiro quadrimestre de 2024, marcando a maior alta desde 2020, quando registrou um aumento de 34,64%. Desde 2010, essa valorização do dólar em 2024 é a terceira maior, ficando atrás dos aumentos de 2020 e 2015, que foram de 12,7%.

Ao longo dos últimos 15 anos, o dólar PTAX teve valorização em sete anos e queda em oito, evidenciando a volatilidade do câmbio e como fatores tanto externos quanto internos podem influenciar o desempenho da moeda.

O que esperar da Bolsa brasileira?

Segundo Junior Reginatto, head de renda variável da Nippur Finance, as bolsas globais registraram perda de 3,5% em média no mês de abril por conta da inflação americana. “O S&P 500 caiu 4,16% sendo o primeiro mês negativo desde outubro do ano passado. Em Nasdaq, a mesma coisa. No acumulado de 2024, o Brasil se destaca negativamente”, pontua.

“Olhando para frente, parece provável que os cortes de juros nos EUA só ocorrerão mais para o final do segundo semestre, talvez em setembro”, diz Eduardo Rahal, da Levante. “Isso implica uma possível elevação nas expectativas para o pico dos juros no Brasil, conforme indicado pela curva atual.”

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Apesar das distorções percebidas na curva de juros, Rahal afirma que vê oportunidades de investimento na B3, que pode oferecer uma margem de segurança considerável. De acordo com o analista, a Bolsa brasileira está negociando a múltiplos abaixo da média histórica e apresenta-se mais acessível em comparação com seus pares emergentes.

No entanto, ele sugere uma alocação equilibrada de ativos de risco. “Apoiamos compra de ações levando em conta o diferencial do Brasil como um exportador de energia e alimentos, algo que deverá se valorizar, mas que exigirá paciência”, diz.

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