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Relatório especial: os impactos do coronavírus nas ações

Relatório especial: os impactos do coronavírus nas ações
O trader de máscara, operando na bolsa em Seul, Coreia do Sul, simboliza o impacto do coronavírus no mercado financeiro mundial. (Lee Jin-man/ AP Photo)
  • MSCI Brasil já incorpora uma alta probabilidade de recessão e estresse global de crédito
  • Acreditamos que a autoridade monetária continuará intervindo no câmbio
  • Existe uma expectativa de que a agenda de reformas seja acelerada
  • Saúde, serviços de comunicação, consumo básico e consumo discricionário são setores em posição financeira mais forte

(Ágora Research) – A pandemia de coronavírus impôs um desafio sem precedentes à sociedade mundial em todas as áreas, o que inclui a economia. Diariamente, a propagação do vírus tem impactado diretamente os mercados pelo mundo, exigindo reações rápidas de investidores, governos e empresários. Para mapear adequadamente este cenário extremamente volátil e identificar caminhos para enfrentá-lo, a equipe de Research da Ágora elaborou um relatório especial, enviado a seus clientes no dia 17 de março de 2020. É este material, distribuído em três conteúdos, que o E-Investidor entrega aos seus leitores.

 

O MSCI Brasil já incorpora uma alta probabilidade de recessão e estresse global de crédito
Temos coletado informações de uma amostra representativa de empresas brasileiras sobre seu desempenho econômico. Até março, a demanda parecia desacelerar em todos os principais setores da economia, com o maior impacto concentrado no setor industrial. As margens também estão sob pressão, devido ao enfraquecimento do real. Durante esse período de alta incerteza, as empresas geralmente adiam os investimentos (capex) e tentam preservar a liquidez, levando a um aprofundamento da desaceleração do PIB. 

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Segundo o Bradesco BBI, se a fase de stress em função do Coronavírus durar a maior parte deste ano, o PIB do Brasil poderá desacelerar e crescer algo em torno de 0,8%, o que estaria bem abaixo do cenário base de 1,8%. No entanto, o MSCI Brasil parece já estar precificando uma alta probabilidade de um cenário de stress, sendo negociado atualmente a 7,9x Preço/Lucro em 12 meses, mais de dois desvios padrão abaixo de sua média histórica. No pior momento da crise de 2008, o MSCI Brasil foi negociado a 1,8 desvios-padrão abaixo da média histórica. 

 

O estresse do coronavírus provavelmente aumentará as chances de uma agenda favorável
Acreditamos que a autoridade monetária continuará intervindo no mercado de câmbio e flexibilizando a política monetária. Além disso, existe a expectativa que a agenda de reformas seja acelerada e sejam apresentadas medidas pró-crescimento mais eficazes. 

O Congresso provavelmente aprovará o marco regulatório de saneamento, a Emenda Constitucional de Emergência (poderia liberar investimentos públicos), a Medida Provisória 922 (permitindo que o governo contrate funcionários públicos temporariamente, por exemplo, médicos) e a alteração da meta de deficit primário, permitindo gastos temporários. No entanto, não esperamos que o Congresso altere o limite de gastos que continuará sendo a âncora fiscal mais importante do Brasil. 

As empresas listadas no Brasil têm uma sólida posição financeira, mesmo em um cenário de stress. O choque do coronavírus naturalmente levanta preocupações sobre os indicadores de solvência das empresas, pois prejudica as margens, reduz a geração de caixa e aumenta as despesas financeiras em dívida externa em termos reais. Portanto, apresentamos indicadores de solvência para empresas brasileiras, dividindo-os nos principais setores do índice MSCI Brasil. 

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Além disso, o Bradesco BBI fez um estudo considerando um cenário de stress, no qual o câmbio permanece na casa dos R$ 5,00/US$ e os múltiplos recuam, como fizeram no pior momento da crise de 2008. Nessas condições, os setores que se destacam em uma posição financeira mais forte são: Saúde, Serviços de Comunicação, Consumo básico e Consumo discricionário. Os setores mais vulneráveis ao choque do coronavírus são Industrial e Materiais. 

 

Ações defensivas e ações com relação risco/retorno atraente
Voltamos a analisar os impactos nos diversos setores de cobertura para encontrar nomes defensivos para a fase de stress dos mercados. A ideia era encontrar empresas que combinassem demanda resiliente e números operacionais com bons indicadores de solvência. Destacamos 14 ações defensivas, das quais os nomes com as melhores relações de risco/retorno parecem estar nos setores de consumo básico, serviços de comunicação e serviços públicos. Também identificamos ações que possuem relações atraentes de risco/retorno e fortes posições financeiras. Comparando os preços-alvo em nosso cenário de stress com nosso cenário base, identificamos 15 nomes que apresentam retornos assimétricos com potencial de valorização e indicadores de solvência acima da média. 

 

Olhando além do atual cenário de stress causado pelo Coronavírus
Quando o estágio de infecção por coronavírus desacelerar materialmente e começar a cair, teremos mais visibilidade sobre como a economia brasileira se recuperará. Apresentamos nossas premissas no cenário econômico após o stress do coronavírus e destacamos algumas ações bem posicionadas, como papeis que se comportam como títulos (por exemplo, setor elétrico e saneamento), ações relacionadas ao mercado de capitais e nomes do setor de Consumo (por exemplo, Magalu, Renner).

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Leia as duas outras partes deste relatório:

Como se posicionar diante da fase de stress com coronavírus. E depois dela

De óleo e gás ao varejo, o impacto do coronavírus em 16 setores

 

Research Ágora

José Francisco Cataldo Ferreira: CNPI – Estrategista de Análise – Pessoas Físicas

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Ricardo Faria França: CNPI – Analista de Investimentos

Maurício A. Camargo – CPI-T – Analista Gráfico

Flávia Andrade Meireles – CNPI – Analista de Investimentos

Maria Clara W. F. Negrão – CNPI – Analista de Investimentos

Luiza Mussi T. e Bastos – CNPI – Analista de Investimentos

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José Eduardo Raffaelli – Assistente de Análise

Diretor Responsável: Luís Cláudio de Freitas

 

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