- Até o momento, NotreDame extraiu mais sinergias das operações recentes de M&A de que a Qualicorp
- NotreDame Intermédica viu seu lucro quase dobrar no período, para R$ 196,8 milhões
- Alta no resultado da Qualicorp foi mais modesta, de 18%, para R$ 130,9 milhões
Nesta semana, as controladoras de planos de saúde Qualicorp (QUAL3) e NotreDame Intermédica (GNDI3) divulgaram seus resultados referentes ao terceiro trimestre. Apesar de pertencerem ao mesmo setor, o desempenho de uma superou o da outra. O destaque positivo fica por conta da NotreDame Intermédica, que viu seu lucro líquido quase dobrar na comparação anual (alta de 97,4%), para R$ 196,8 milhões.
Já o resultado da Qualicorp, maior corretora de convênios médicos por adesão do país, foi mais modesto: alta de 18,1% ante o mesmo intervalo de 2019, para R$ 130,9 milhões. Recentemente, o grupo comprou 75% da sua concorrente, a Plural Saúde, por R$ 202,5 milhões. Foi a maior aquisição da Qualicorp nos últimos oito anos. Com a compra, mais de 96 mil vidas, com um tíquete-médio de R$ 300, foram adicionadas à carteira. A aquisição trouxe ao portfólio da Qualicorp 21 novas operadoras, 79 novas entidades, 500 plataformas e 5 mil corretores.
Em termos de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, a NotreDame avançou 43,4%, alcançando a marca dos R$ 458,4 milhões. Segundo a própria companhia, o aumento ocorreu devido ao crescimento robusto da receita, aliado à melhoria contínua da sinistralidade e à diluição do G&A.
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Do outro lado, a Qualicorp obteve R$ 272,9 milhões de Ebitda ajustado em seu balanço, o que representa um aumento tímido se comparado ao mesmo período de 2019, quando atingiu os R$ 259 milhões.
De acordo com Luís Sales, analista da Guide investimentos, embora as empresas atuem no mesmo setor, suas operações são bem diferentes.
“A Qualicorp é uma corretora, ou seja, faz só a intermediação da venda dos planos de saúde. Enquanto a NotreDame apresenta uma operação mais integrada: opera e possui hospitais e laboratórios, além de vender planos de saúde”, diz o analista.
Para Flávia Meireles, analista da Ágora Investimentos, o que ajudou nos resultados da NotreDame foram as fusões e aquisições (M&A). “A empresa conseguiu extrair bastante sinergia com a questão do M&A. Além disso, tem mostrado um histórico de execução muito bom. É uma empresa resiliente, que apresenta resultados consistentes”, diz Flávia. “Isso reforça a nossa expectativa de que a empresa vai ganhar cada vez mais espaço nas regiões onde já atua, no médio e longo prazos”, diz.
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A NotreDame reportou um aumento no número de beneficiários, tanto para os planos dentários, como também para os de saúde. O crescimento reportado foi de 15,5% no total de favorecidos.
Durante a pandemia, as cirurgias eletivas, que não têm urgência, deixaram de ser feitas. “Isso teve até um efeito positivo para os planos de saúde: o cliente não usou, mas continuou pagando”, afirma a analista.
O E-Investidor ouviu especialistas para explicarem um pouco as contas dos grupos, suas perspectivas e se a eventual chegada da vacina pode impactar as empresas.
Panorama dos grupos
Uma das principais diferenças entre os dois grupos da área de saúde é o tamanho da capitalização de mercado. Fundada em 1968, a NotreDame Intermédica Participações possui uma valor de mercado de cerca R$ 43 bilhões. Em contrapartida, a Qualicorp, constituída em 1997, apresenta um market cap de R$ 9,7 bilhões, aproximadamente.
Outro ponto que diferencia os dois grupos é a performance dos papéis das empresas em 2020. Para a NotreDame, o ano tem sido bom para as ações, que vêm registrando alta de 0,5%. Mas vale lembrar que os títulos da empresa já atingiram o nível pré-crise. Desde o pior momento da pandemia, em março, a valorização do papel já ultrapassou a faixa dos 100%.
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Segundo Flávia Meireles, a NotreDame divulgou mais um resultado sólido em 2020. “Mais uma vez a companhia mostrou consistência. Mesmo durante a crise, eles apresentaram adições brutas de 215 mil vidas no 3T20. Em comparação, o mesmo período do ano passado teve a adição de 156 mil vidas”, conta.
As ações da Qualicorp vêm amargando baixa de 12% ao longo do ano mas, desde março, os papéis da companhia estão se fortalecendo. Do pior momento até agora, o crescimento é de 72%.
“Embora a nossa expectativa seja de um resultado ameno para 2020, esse ano foi marcado por grandes reestruturações na companhia, consistindo na mudança da gestão da Qualicorp”, diz Meireles. “Foi adotada uma estratégia de crescimento. Levando tudo isso em conta, 2021 deve trazer resultados positivos para a empresa”.
Um ponto bastante positivo para Qualicorp foi sua dívida líquida. A companhia conseguiu reduzir em 33% o déficit em comparação ao 2T20, atingindo cerca R$ 388 milhões. Já se comparado com o 3T20, a dívida líquida aumentou em 344%.
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Meireles conta que, apesar do desempenho modesto da Qualicorp, a companhia tranquilizou os investidores em termos de custos e despesas. “Eles vêm reduzindo os itens recorrentes. Nesse sentido, mesmo com o crescimento modesto da receita, o Ebitda consegue crescer 5,4%, refletindo uma redução nas despesas gerais e administrativas”, conclui.
Para Sales, os resultados da Qualicorp foram satisfatórios. “Depois de um segundo trimestre mais difícil, nós observamos uma recuperação nas adições de novas vidas. O destaque foi para os ganhos nas margens, principalmente na de Ebitda”, explica.
Perspectivas
“Nos últimos trimestres de Qualicorp, houve perdas constantes de beneficiários mas, daqui para frente, esperamos que ela ganhe mais espaço neste segmento, vai ser mais eficiente em termos de despesas”, explica Meireles.
Por conta disso, a recomendação da Ágora Investimentos para a Qualicorp é de compra, e o preço-alvo é de R$ 39. Para a NotreDame, a assessoria especializada recomenda a compra com projeção de preço de R$ 80.
Sales conta que, na Guide Investimentos, a recomendação para NotreDame é de compra, com preço-alvo de R$ 85. Para Qualicorp, contudo, a indicação é neutra, com uma projeção de preço de R$ 35.
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De acordo com Meireles, a questão da vacina influencia pouco o setor. “O que tem impacto para as companhias são as fusões e aquisições. A NotreDame e a Qualicorp, assim como toda a área de saúde, são um setor que tem muito espaço para consolidação, todo mês há um anúncio de fusão ou aquisição”, conclui.