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- O Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá nesta quarta-feira (10) por um novo aumento na taxa básica de juros do País
- Apesar do consenso entorno do ajuste, o mercado está dividido entre os que acreditam que a taxa Selic será aumentada em 0,75 ponto percentual e aqueles que veem a necessidade de um aperto maior, de 1 p.p
- A disparada recente do dólar e piora na desancoragem das expectativas de inflação faz alguns bancos e casas de investimentos cobrarem por juros mais elevados por mais tempo
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá nesta quarta-feira (11) por um novo aumento na taxa básica de juros do País. Diferentemente dos encontros anteriores, a derradeira reunião do grupo em 2024 e a última da instituição sob o mandato de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central começa com um impasse. Apesar do consenso em torno de um ajuste, o mercado está dividido entre os que acreditam que a taxa Selic será elevada em 0,75 ponto percentual e aqueles que veem a necessidade de um aperto maior, de 1 p.p.
Desde que o ciclo de aperto monetário foi retomado, em setembro deste ano, o Copom subiu a Selic duas vezes: de 10,5% para 10,75%; depois, para 11,25%. O ritmo das altas foi acelerado gradativamente e, dada a piora dos indicadores de inflação, desde novembro, quando o grupo de reuniu pela última vez, o mercado passou a cobrar por juros mais altos.
Na decisão de hoje, estão na mesa, além da alta dos preços acima da meta do BC, o pacote fiscal anunciado pelo governo e em discussão no Congresso, e o dólar em cotação recorde. Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos, explica que a decepção de investidores com o pacote fiscal apresentado pelo governo federal ao final de novembro fez o dólar bater o maior valor da história e as expectativas de inflação, que já estavam desancoradas, pioraram.
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As projeções mais recentes do Boletim Focus indicam que o mercado agora espera que a inflação encerre 2024 a 4,84% – acima da banda de tolerância da meta, que é de 4,5% ao ano. “Um aumento menor do que o precificado pelo mercado poderia trazer mais estresse e, eventualmente, gerar desconfiança no compromisso do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, com o controle da inflação”, ressalta o sócio da RGW. “Em nossa avaliação, em momentos como este, é melhor aplicar uma dose maior do ‘remédio’ para ancorar expectativas e, assim, abrir caminho para o encurtamento do ciclo e a redução da taxa terminal.”
0,75 p.p ou 1 p.p?
Até esta terça-feira (10), 26 das 39 casas ouvidas pelo Projeções Broadcast previam que o Copom decidiria por uma alta de 0,75 p.p nesta reunião, o que levaria a taxa Selic para 12% ao ano.
Esta é a projeção da G5 Partners. Na avaliação de Luis Otávio Leal, economista-chefe da casa, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, divulgado nesta terça-feira, jogou pressão sobre o BC, o que justifica o ritmo mais acelerado na alta. A inflação do País subiu 0,39% ante outubro; agora, em 12 meses, está em 4,87%.
“O IPCA de novembro não ajudou em nada o BCB, não pelo número em si que, com pressões pontuais para cima e para baixo, ficou apenas ligeiramente acima do esperado pelo mercado, mas por tudo que está em volta deste resultado”, destaca Leal. Mantemos a nossa projeção de que o Copom vai elevar os juros em 0,75 p.p., mas não dá para descartar a possibilidade de um alta de 1,00 p.p. como precificado pelo mercado.”
A possibilidade de um ajuste mais acentuado ainda corresponde a apenas 11 das 39 previsões presentes no Projeção Broadcast, mas ganhou peso nos últimos dias entre grandes players do mercado. O Itaú BBA e o BTG Pactual revisaram nos últimos dias suas estimativas. Agora, integram o grupo que vê a Selic subir 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, nesta quarta-feira.
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O BBA destaca que os últimos meses foram marcados por uma crescente incerteza e aversão a risco. Parte dessa pressão decorreu do contexto externo, mas foi também bastante impulsionada pelo anúncio de um ajuste fiscal que frustrou os analistas. O desequilíbrio causado no câmbio e nas expectativas de inflação justificam, segundo o time de economia do banco, uma postura mais vigorosa por parte da autoridade monetária.
“O Copom deve afirmar que antevê um ajuste de 100 p.b. e indicar que, diante da piora das projeções e do balanço de riscos, além da possibilidade de desancoragem adicional das expectativas, a taxa de juros deverá se manter em patamar contracionista pelo tempo necessário, diante do firme compromisso do comitê no processo de convergência da inflação à meta”, afirma o BBA.
O BTG seguiu o mesmo caminho e destacou, em relatório, que a perda significativa de credibilidade no regime de metas de inflação, somada a uma atividade econômica ainda resiliente, justificam uma alta de 1 p.p já nesta reunião. O banco também revisou a projeção para a Selic terminal para 14,5% ao ano, em meados de 2025.
“Vemos uma potencial aceleração do ritmo nesta reunião como um reflexo da visão da comissão de que é necessário um esforço maior para convergir a inflação para a meta. Se uma aceleração de 100 pontos base em dezembro se materializar, prevemos outro aumento de 100 pontos base no trimestre de janeiro, seguido de aumentos adicionais nas reuniões de março, maio e junho”, diz o BTG.
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