

A Taesa (TAEE11) divulgou um lucro líquido IFRS de R$ 506,8 milhões no quarto trimestre de 2024, alta de 5% ante o apurado no mesmo intervalo de 2023. Analistas do mercado financeiro dividem opiniões sobre o balanço, mas concordam na recomendação para o ativo neste momento. Às 10h12min, as ações da Taesa recuavam 1,69%, a R$ 33,78.
Para os analistas da Genial Investimentos, a empresa reportou números abaixo do consenso e das estimativas da corretora devido a efeitos pontuais e não recorrentes. Ou seja, os especialistas acreditam que os efeitos que trouxeram os números da empresa para abaixo do esperado não sejam duradouros e não afetem a empresa em termos fundamentais.
A corretora diz que, além de dados financeiros e operacionais, o fator que eles julgam mais importante no momento é a alavancagem da companhia. Nesse trimestre, a alavancagem atingiu 4,0 vezes Dívida Líquida/EBITDA, maior nível do setor. “Apesar de o management, em reuniões passadas, ter avisado que o nível aumentaria nesse trimestre e que começaria a cair a partir do segundo semestre de 2024, não deixa de ser uma informação a ser acompanhada de perto”, diz Vitor Sousa, que assina o relatório da Genial.
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O endividamento da Taesa, medido pela alavancagem, é um dos fatores para a mudança da política de dividendos da elétrica. No ano passado, a empresa mudou o pagamento dos dividendos e passou a utilizar o lucro líquido regulatório, e não o IRFS (padrão internacional de contabilidade), na base de cálculo para a distribuição de proventos. Com isso, o mercado passou a ficar receoso com a ação.
Segundo informações do Broadcast, os analistas do Citi enxergam essa questão com um pouco mais de leveza. Apesar da alavancagem, medida por dívida líquida/Ebitda, atingir 4,0 vezes para o Citi, a empresa manteve seu forte compromisso com o retorno aos acionistas, distribuindo R$ 900 milhões em dividendos em 2024, representando um pagamento de 91% dos lucros regulatórios da Taesa.
Eles comentam ainda que os números vieram nas estimativas. O banco destaca que a receita líquida da Taesa cresceu 1,2%, para R$ 591 milhões, em linha com a sua expectativa de R$ 592 milhões. O Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa chegou a R$ 422 milhões, que, ajustado por alguns itens não recorrentes, totalizou R$ 480 milhões, em linha com a estimativa de R$ 484 milhões do Citi.
Já na visão do Safra, os resultados da Taesa reportados ficaram, no geral, abaixo das expectativas, afetados por receitas menores e despesas maiores do que o esperado. Eles comentam que a receita líquida ficou estável entre o quarto trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2023. O indicador, impulsionado por impactos positivos da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nas tarifas de algumas unidades, é compensado por ajustes negativos da inflação do Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M).
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“Este foi outro trimestre suave para a Taesa, refletindo a inflação negativa do IGP-M em uma base anual e uma parcela variável negativa, mas também foi impactado por custos maiores do que o previsto. A empresa propôs a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio maiores do que o previsto, o que pode ser visto como positivo pelos investidores, mas sua alavancagem continua alta, em nossa visão”, argumentam os analistas do Safra.
Vale a pena comprar a ação da Taesa com foco nos dividendos?
Mesmo que o investidor continue recebendo dividendos da Taesa, os três analistas não recomendam comprar o papel neste momento. Para a equipe do Citi, a ação TAEE11 é negociada a uma TIR (taxa de retorno) de 7,8%, o que para eles é pouco atrativo, pois é menos atraente do que seus pares do setor — como a Alupar — que está sendo negociada a uma TIR real de 9,6%.
O Citi tem recomendação neutra para a ação da Taesa, com preço-alvo de R$ 32, representando uma desvalorização de 6,9% no comparativo com o fechamento do último pregão, que foi de R$ 34,36. A Genial segue a mesma linha, com recomendação de manter, que é equivalente à neutra. O preço-alvo é de R$ 36,00, crescimento de 4,77% em relação ao fechamento de terça-feira (18).
O analista da Genial acredita que a empresa tenha expertise para navegar por esse cenário desafiador, se desalavancar, ao mesmo tempo, em que continua a recompor sua receita, sem afetar muito o pagamento de dividendos da elétrica, sendo um dos principais atrativos para os investidores.
“Apesar disso, com a empresa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 8,5% em termos reais, contra 7,4% das NTN-Bs 2045, aos atuais níveis de preço não vemos razões para uma recomendação mais agressiva ao papel, reiterando nossa recomendação de manter”, diz Vitor Sousa, da Genial.
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Já o Safra é menos benevolente, os analistas possuem recomendação de underperform, desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda. Essa premissa mais conservadora para a Taesa (TAEE11) acontece pelo fato de o ativo ser negociado a TIR real de 7,4%. “Acreditamos que o mercado estaria interessado em explorar a potencial participação da Taesa nos próximos leilões de transmissão”, dizem Daniel Travitzky, Carolina Carneiro e Mario Wobeto, que assinam o relatório do Safra.