

O Ibovespa mudou de direção e passou a cair na tarde desta terça-feira (8). Os investidores não tiram os olhos da guerra comercial, especialmente na troca de ameaças entre Estados Unidos e China. Nas últimas três sessões, o principal índice da B3 já acumula queda de 4,3%. Na Ásia, as Bolsas fecharam o dia no azul, assim como na Europa.
Às 16h11 (de Brasília), o IBOV tinha baixa de 1,32%, a 123.933,50 pontos. O dólar, por sua vez, operava em alta no mesmo horário. A moeda americana registrava valorização de 1,33%, a R$ 5,99, depois de ter alcançado máxima a R$ 6,0028.
O Ibovespa renovou a mínima no começo da tarde. A mudança ocorre em meio à piora das ações de primeira linha, com destaque para Vale (VALE3), em dia de baixa do minério de ferro, Petrobras (PETR3;PETR4) e grandes bancos. Além disso, papéis mais sensíveis ao ciclo econômico recuam no pregão.
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Nesta tarde, a área de comunicação da Casa Branca confirmou à Fox que as tarifas adicionais de 50% sobre a China, totalizando 104% em sobretaxas sobre o país asiático, entraram em vigor ao meio-dia (hora padrão do leste) porque o país asiático não retirou suas medidas de retaliação. A cobrança passa a valer a partir da quarta-feira (9).
Trump já havia descartado qualquer possibilidade de rever sua estratégia tarifária. “Não estamos olhando para isso”, disse, ao ser questionado sobre uma eventual suspensão das taxas impostas a parceiros. Para ele, o uso de tarifas como instrumento de pressão tem sido eficaz: “Se eu não fizesse o que fiz, ninguém tentaria negociar.”
Após as declarações, a China mostrou na terça-feira que não vai ceder. O Ministério do Comércio da China afirmou que o país “lutará até o fim” e tomaria contramedidas contra os Estados Unidos diante das tarifas de Trump. Vários departamentos governamentais e empresas estatais prometeram “manter a operação tranquila do mercado de capitais”. O Banco Popular da China, banco central do país, prometeu apoiar o Central Huijin Investment, o braço do fundo soberano do país que disse que estava aumentando suas participações em fundos de ações.
Além disso, dezenas de empresas, muitas delas estatais, anunciaram que estavam recomprando algumas de suas ações, uma medida que normalmente eleva os preços das ações.
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“O clima global é de cautela, com investidores buscando ativos seguros diante do risco de desaceleração econômica”, destaca Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.
Como estão os mercados hoje
Bolsas europeias fecham em alta
As principais Bolsas da Europa encerraram a sessão com fortes ganhos após uma sequência de perdas nos pregões anteriores. A Bolsa de Londres subiu 2,71%, a de Paris avançou 2,50% e a de Frankfurt ganhou 2,36%. Já as de Milão, Madri e Lisboa exibiram altas de 2,44%, 2,53% e 2,80%, respectivamente.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em valorização de 2,72% a 486,91 pontos. Ontem, o Stoxx 600 amargou um tombo de cerca de 4,5%, atingindo o menor patamar desde janeiro de 2024. Por ora, a União Europeia não anunciou retaliação à tarifa “recíproca” de 20% que os EUA estipularam para o bloco. Reunidos em Luxemburgo ontem, ministros de comércio da UE defenderam uma solução negociada com a Casa Branca.
Índices de Wall Street operam em queda
As Bolsas Americanas inverteram o sinal e passaram a operar em queda. Às 16h24 (de Brasília), o Dow Jones avança 0,82%, a 37.651 pontos. O S&P 500 cede 1,55%, a 4.981 pontos. Já o Nasdaq tem baixa de 2,09%, a 15.279 pontos.
Ontem, os principais índices de ações dos Estados Unidos oscilaram entre perdas e ganhos devido à guerra comercial. Ao final do pregão, Nasdaq encerrou em alta de 0,10%, enquanto o Dow Jones perdeu 0,91% e o S&P 500 teve ligeira desvalorização de 0,23%.
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O índice VIX, que mede a volatilidade do mercado e é conhecido como “termômetro do medo” em Wall Street, chegou a superar os 60 pontos ontem. Às 16h25 desta terça-feira, o indicador saltava 13,54%, a 53,34 pontos.
Bolsas asiáticas sobem com governo local acalmando os mercados
Após as declarações do governo chinês, as Bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta terça. O índice Hang Seng subiu 1,51% em Hong Kong, para 20.127,68. Ontem, o indicador despencou 13,22%, no maior tombo diário desde a crise financeira asiática de 1997, enquanto o Taiex caiu 4,02% em Taiwan a 18.459,95. Na China continental, o Xangai Composto apresentou alta de 1,58%, para 3.145,55.
Segundo Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, a volatilidade deve continuar ditando o tom dos mercados conforme novos desdobramentos da guerra comercial forem sendo anunciados. Em live realizada pelo Estadão, Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko Advice e colunista do E-Investidor, explicou que, caso Trump recue em relação às tarifas propostas, os mercados podem se recuperar, mas o clima de incerteza deve se manter. “Isso mandaria um sinal de maior insegurança em cima do Trump. A capacidade de previsão do investidor na Bolsa se tornaria mínima”, disse.
No Japão, a Bolsa de Tóquio fechou em alta de 6%, em 33.012,58 pontos. O sul-coreano Kospi teve alta de 0,26%, para 2.334,23 em Seul. Na Oceania, a Bolsa australiana teve alta de 2,3%, para 7.510,00 pontos.
Ouro fecha em alta com busca de investidores por proteção
Os preços do ouro se recuperaram e encerraram em alta nesta terça-feira, após atingirem na véspera o menor nível em quase quatro semanas, pressionados por realização de lucros e cobertura de posições. A retomada foi impulsionada pelo aumento das preocupações com uma guerra comercial global, que reacendeu a busca por ativos de proteção.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do ouro para junho subiu 0,56%, fechando a US$ 2.990,2 por onça-troy, após ter tocado na segunda-feira o menor nível desde 13 de março, segundo dados da Tickmill.
Petróleo volta a encerrar em queda
Os contratos futuros de petróleo inverteram o sinal no fim da sessão e voltaram a fechar o dia em queda nesta terça-feira, depois de a Casa Branca confirmar a aplicação de tarifas totais de 104% sobre os produtos chineses. A preocupação dos investidores é que a guerra comercial desencadeada por Trump provoque uma recessão global e enfraqueça a demanda pela commodity.
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Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para maio caiu 1,85%, fechando a US$ 59,58 o barril. O Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), cedeu 2,16%, alcançando US$ 62,82 o barril.
*Com informações do The New York Times e Broadcast