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- O site do Tesouro Direto saiu do ar na tarde desta terça-feira (17), interrompendo as negociações de títulos prefixados e indexados ao IPCA pelo segundo dia seguido
- O "circuit breaker" no Tesouro acontece em um dia de disparada do dólar, que puxou a curva de juros e fez os títulos prefixados e indexados ao IPCA renovarem os recordes de retorno
O site do Tesouro Direto saiu do ar pela segunda vez na tarde desta terça-feira (17), interrompendo as negociações de títulos prefixados e indexados ao IPCA. A operação ficou suspensa entre 13h e 14h45; depois, perto de 15h30, saiu do ar novamente permitindo apenas a compra de ativos do Tesouro Selic. É a segunda sessão seguida de “circuit breaker” no Tesouro.
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A segunda interrupção do dia acontece depois de declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, indicarem que um dos projetos de lei do pacote fiscal do governo pode ser votado ainda nesta terça-feira. A fala ajudou a derrubar o dólar, que agora cai a R$ 6,08, e a ponta longa da curva de juros. Quando as negociações foram reestabelecidas, por volta das 15h50, as taxas oferecidas nos títulos do Tesouro eram menores do que as registradas no início do pregão.
Entre 16h20 e 17h10, as negociações foram suspensas mais uma vez. Na reta final do pregão, perto de 17h40, houve mais uma paralisação. É o 4º “circuit breaker” do Tesouro no dia.
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Pela manhã, a alta do dólar a R$ 6,20 fez os juros futuros dispararem, puxando com eles os títulos do Tesouro Direto. Tantos os ativos prefixados quanto os indexados ao IPCA estavam sendo negociados em patamares recordes de rentabilidade. Logo na abertura da sessão, todos os 31 títulos IPCA+ ofereciam mais de 7% de juro real. É a primeira vez que isso acontece.
O Tesouro Prefixado 2027 bateu 15,57% de retorno anual, enquanto o ativo com vencimento em 2031 rende 15,14%. São os maiores níveis de rentabilidade da série histórica de ambos os títulos.
O Tesouro IPCA+ também disparou. O ativo com vencimento em 2029 rendia 7,78% ao ano, além da variação de inflação, enquanto os com vencimento em 2035 e 2045 rendem, respectivamente, 7,28% e 7,23%. A última vez que os títulos longos foram negociações nestes níveis foi entre 2015 e 2016, no auge da crise econômica do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O Tesouro Educa+ 2026 chegou a oferecer IPCA + 7,92% ao ano – perto de um inédito “IPCA + 8%”.
A alta do dia acontece na esteira da disparada do dólar, que fez os juros futuros avançarem quase 30 pontos-base logo na abertura desta terça-feira. O grande catalisador da piora tem sido o quadro fiscal: o governo tem apresentado dificuldade para aprovar no Congresso as medidas apresentadas para reduzir gastos e controlar as contas públicas. A curva de juros futuros já precifica que o Banco Central pode precisar elevar a taxa Selic além dos 14,25% ao ano sinalizados para março de 2025.
Recordes e plataforma fora do ar
O Tesouro Direto vem batendo níveis recordes de rentabilidade já há algumas sessões. Na segunda-feira (16), as taxas dispararam tanto que as negociações ficaram suspensas por dois momentos na sessão.
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Geralmente, o “circuit breaker” no Tesouro acontece quando a volatilidade de juros está muito alta. Nesses casos, o Tesouro Nacional tira do ar os ativos prefixados e indexados ao IPCA, sendo possível apenas a negociação do Tesouro Selic.
Mas isso tem se tornado cada vez mais recorrente. Na última semana, as negociações do Tesouro foram interrompidas quatro vezes; relembre aqui.