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Vale (VALE3): o que esperar dos números do 3º tri e dos dividendos da mineradora?

Veja o que os analistas esperam do relatório de produção e vendas e quais são as estimativas de dividendos para a mineradora

Vale (VALE3): o que esperar dos números do 3º tri e dos dividendos da mineradora?
Vale (VALE3). (Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • As projeções apontam resultados mais fracos no terceiro trimestre de 2024, devido à queda do preço do minério de ferro
  • Para especialistas, a mineradora tende a ter uma continuidade na recuperação da produção e eficiência operacional, com possíveis aumentos na produção de minério de ferro e níquel, além de avanços na redução de custos
  • Os analistas estimam bons dividendos para a companhia e avaliam se vale a pena ou não comprar a ação agora

A Vale (VALE3) divulga sua prévia operacional após o fechamento do mercado desta terça-feira (15). Segundo os analistas ouvidos pelo E-Investidor, embora a empresa tenha registrado um bom desempenho no terceiro trimestre, os números devem vir mais fracos entre o terceiro trimestre de 2023 e o terceiro trimestre de 2024, devido à queda do preço do minério de ferro. Ainda assim, os especialistas estimam bons dividendos para a companhia e avaliam se vale a pena comprar a ação agora.

Na visão de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a mineradora tende a ter uma continuidade na recuperação da produção e eficiência operacional, com possíveis aumentos na produção de minério de ferro e níquel, além de avanços na redução de custos. Segundo ele, a melhoria nas operações de logística, especialmente em relação ao transporte e embarque, pode ser um ponto positivo.

“O aumento na demanda por níquel devido à transição energética e ao crescimento do setor de veículos elétricos também pode ser destacado como um fator positivo, refletindo na diversificação da receita da empresa, o que acaba sendo um ponto positivo em um momento que a demanda chinesa ainda apresenta dificuldades”, afirma Lima.

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Segundo Gianluca Di Mattina, especialista de investimento da Hike Capital, a prévia operacional da Vale deve refletir uma sólida produção de minério de ferro, principalmente pela manutenção de sua capacidade de produção e por sua estratégia de foco em qualidade. Ele comenta também que embora a maior exposição da empresa seja ao mercado chinês, que tem implementado estímulos econômicos, outros fatores também contribuem para a resiliência da Vale, como a recuperação da demanda global por commodities e os baixos níveis de inventário de minério de ferro nos portos chineses.

“A recuperação de setores como infraestrutura e a produção de aço deve ter um impacto positivo nas vendas e receitas da companhia. No entanto, o cenário global ainda apresenta desafios. A desaceleração do crescimento econômico chinês, apesar dos pacotes de estímulos, e as contínuas preocupações com o setor imobiliário podem limitar uma recuperação robusta. Além disso, os preços do minério de ferro foram pressionados pela volatilidade do mercado global e pela possibilidade de cortes na produção de aço em algumas regiões, o que pode impactar negativamente a receita da Vale”, aponta Mattina.

Quais serão os números apresentados pela Vale?

Em meio ao cenário estimado, João Abdouni, analista da Levante Inside Corp, diz que a mineradora deve apresentar uma produção entre 75 a 80 milhões de toneladas de minério de ferro, uma queda de 7,2% a 13% na comparação com o mesmo período do ano passado. No ciclo de julho a setembro de 2023, a Vale teve uma produção de 86,2 milhões de toneladas de minério de ferro.

De acordo com Abdouni, o preço médio por tonelada deve ficar em US$ 95 a tonelada no terceiro trimestre de 2024, uma queda de 11,2% na comparação com o preço médio do minério de ferro de mesmo período do ano passado. No terceiro trimestre de 2023, a mineradora vendeu cada tonelada de minério de ferro por US$ 107.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, calcula que a empresa deve apresentar uma produção de 83 milhões de toneladas de minério de ferro no terceiro trimestre de 2024, baixa de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Nas vendas do trimestre, o analista diz estimar que a empresa deve apresentar cerca de 65 milhões toneladas vendidas no período.

Já equipe da XP Investimentos diz que a empresa deve produzir um pouco mais e até ter alta na sua produção no trimestre. Os especialistas estimam um crescimento de 2% na produção da mineradora, que deve ir dos 86,2 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2023 para 88 milhões de toneladas do terceiro trimestre de 2024.

No entanto, eles comentam que o preço por tonelada de minério de ferro deve cair para US$ 88, tendendo a ser negativo para a Vale. O Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) deve ficar em US$ 3,6 bilhões, uma queda de 20% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O que esperar dos dividendos da Vale?

A expectativa dos analistas é de que os números devem vir com queda na base anual. Ainda assim, eles se dividem sobre a recomendação para a ação e fazem projeções para dividendos da Vale. João Abdouni, da Levante, diz que a mineradora deve pagar cerca de R$ 5 em dividendos nos próximos 12 meses.

O número é equivalente a 8% do valor da ação no fechamento de sexta-feira (11), quando o papel da mineradora encerrou o pregão a R$ 62,13. Devido a esses fatores, o especialista diz que recomenda compra para a ação da Vale com foco nos dividendos da mineradora. Já Sidney Lima, analista da ouro preto investimentos, comenta que a empresa seguirá enfrentando uma certa existência quanto a pauta da demanda mundial pelo seu principal produto no curto prazo, mas sob a ótica do longo prazo, o analista diz que a Vale possui múltiplos muito bons, bem como solidez.

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“Se a empresa conseguir manter uma produção eficiente e se adaptar à queda dos preços, suas ações podem ser consideradas atrativas para investidores de longo prazo. A expectativa é que, com a recuperação da demanda por níquel e a estabilização dos preços, as ações possam ter um real potencial de alta, já que deixaria de ser refém da demanda por minério de ferro”, aponta Lima.

O especialista diz que com base na redução esperada nas receitas devido à queda dos preços do minério de ferro, é possível que os dividendos a serem pagos nos próximos 12 meses sejam menores do que os valores históricos. No entanto, ele comenta que a Vale tradicionalmente tem um compromisso forte com a distribuição de dividendos.

Ele estima que se a empresa conseguir manter uma produção saudável, ela tende a manter um dividendo em torno de R$ 5,00 a R$ 6,00 por ação nos próximos 12 meses. O número seria equivalente a um retorno em proventos de 8% a 9,6% do preço do ativo. Gianluca Di Mattina, da Hike Capital, relata que a empresa deve pagar cerca de 8% a 9% do seu valor de mercado em dividendos. Na visão da especialista, embora a China seja o maior consumidor, outros mercados também podem se beneficiar de uma demanda crescente por metais, tornando as ações da Vale com bom potencial de valorização até o fim do ano.

É hora de comprar as ações da Vale?

Por isso, a especialista recomenda compra para as ações da Vale com preço-alvo de R$ 75, uma alta de 20,7% na comparação com o fechamento de sexta-feira (11), quando a ação encerrou o pregão a R$ 62,13. A XP também tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 82, um crescimento de 32% em relação ao fechamento de sexta-feira.

A Ativa Investimentos é a única que não recomenda compra para a ação da empresa. Arbetman relata que prefere esperar os dados de produção da empresa para estimar quanto a Vale deve pagar em dividendos, e se esse é o momento do investidor comprar a ação.

“Antes eu dizia que a Vale tinha três pontos que geravam incertezas para o papel. O primeiro era a sucessão do CEO, que foi resolvida. O segundo é Mariana, pois o valor da indenização está indefinido. E o terceiro é a China, que ainda está no começo de uma rodada de estímulos. Então, os pontos que travavam Vale estão mais fracos”, aponta Arbetman.

O especialista tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 75 para a ação, uma alta de 20,7% na comparação com o fechamento de sexta-feira (11). Ao E-Investidor, ele diz ser possível rever essa recomendação para Vale (VALE3) caso os números de produção venham acima do esperado.

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