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Por que o BTG faz “mea culpa” e rebaixa a ação da Vale (VALE3)

Banco diz que errou na visão construtiva para a mineradora; desafios levam analistas a questionar se ação está barata

Por que o BTG faz “mea culpa” e rebaixa a ação da Vale (VALE3)
BTG rebaixou recomendação da VALE3 para neutra em meio a desafios. (Foto: Vale/Reprodução)

A visão construtiva em relação à Vale (VALE3) rendeu bons frutos a investidores durante vários anos desde 2017, mas tem sido “muito dolorosa” e até “um call errado” nos tempos recentes. Esta é a avaliação do BTG Pactual (BPAC11) que, em relatório divulgado nesta terça-feira (05), fez um “mea culpa” para rebaixar a recomendação das ações da mineradora de compra para neutra.

A Vale vem passando por maus bocados na Bolsa: como mostramos aqui, a maior companhia privada do País se vê no meio de uma turbulência causada por ruídos políticos em meio à troca de CEO e uma aparente falta de consenso no Conselho de Administração, aumento do provisionamento relacionado a Samarco e a continuidade das incertezas com a economia da China. Boa parte de todo esse ruído é considerado excessivo por parte do mercado e o BTG partilhava dessa visão.

Agora, prevalece o entendimento de que a tese de investimentos na mineradora se deteriorou de forma acentuada. “Com o ruído ao redor e a dissociação contínua das ações em relação aos fundamentos (cotações que não respondem aos resultados sólidos do 4T23), não temos certeza o que faria o call [que era de compra] funcionar. Embora ainda consideremos as ações subvalorizadas e um tanto sobrevendidas, mas agora parecem mais uma ‘value trap‘ do que uma oportunidade atraente”, destacam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner. “Na nossa opinião, os riscos ascendentes aumentaram recentemente, pressionando a geração de FCF (fluxo de caixa financeiro) e o potencial de dividendos da empresa – levando-nos acreditar que estes riscos ainda não foram totalmente avaliados pelo mercado.”

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O termo “value trap” é utilizado no mercado para se referir a ativos que estão sendo negociados a múltiplos descontados, mas que, na verdade, podem ser um mau negócio. E essa é uma discussão que também tem surgido quando o assunto é VALE3. Para muitos analistas, atualmente negociado abaixo da casa dos R$ 70, o papel estaria barato.

Leia também: XP recomenda compra de Vale (VALE3). O que mudou?

“As ações estão nas mínimas de vários anos e sofrendo com uma pressão anormal de venda por parte de fundos estrangeiros. No entanto, dado o nível de cash drags (por exemplo, Brumadinho, Samarco), o nosso principal desafio nas discussões recentes com investidores tem sido provar que a empresa está realmente barata”, diz o relatório.

Além de rebaixar a recomendação, o BTG reduziu o preço-alvo das ADRs da Vale de US$ 19 para US$ 16.

Às 10h50 desta terça-feira, a VALE3 era negociada a R$ 65,98, com uma queda de 1,12% no pregão.

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