Vale (VALE3) aprovou dividendos e JCP no valor total de R$ 3,58 por ação. Foto: Fabio Motta/Estadão
A Vale (VALE3) anunciou a distribuição de R$ 3,58 por ação em dividendose juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas. A decisão agradou o mercado e contribui para a valorização dos papéis da empresa na sessão desta sexta-feira (28). A menos de 1 hora do encerramento do pregão, os papéis sobem 1,82%, cotados a R$ 67,54, em busca do maior valor de fechamento desde março de 2023.
Segundo o anúncio da mineradora na noite de ontem, poderão receber os proventos os detentores de ações da Vale no encerramento dos negócios da B3 em 11 de dezembro de 2025. Os ativos serão negociadas ex-dividendos (sem direito ao recebimento) a partir do dia 12 do mesmo mês.
O pagamento vai ocorrer da seguinte forma:
No dia 7 de janeiro de 2026: R$ 1,244102486 por ação, sob a forma de dividendos;
No dia 4 de março de 2026: R$ 0,768133538 por ação, sob a forma de dividendos, além de R$ 1,569535033 por ação em JCP.
De acordo com o BTG Pactual, cerca de US$ 1 bilhão do pagamento corresponde a dividendos extraordinários e aproximadamente US$ 1,9 bilhão representa uma antecipação dos proventos mínimos com base nos resultados do segundo semestre de 2025.
“Embora os dividendos extraordinários estejam em linha com nossa previsão e gerem um retorno de 1,9%, essa é uma evolução positiva que reforça a confiança da administração no ciclo do minério de ferro e nos resultados à frente”, destaca.
Renato Chanes, da Ágora Investimentos, e Rafael Barcellos, do Bradesco BBI, também avaliam de forma positiva o anúncio. “Destacamos que o dividendo extraordinário de US$ 1 bilhão veio no teto das expectativas, entre US$ 0,5 e US$ 1 bilhão, sinalizando solidez financeira e compromisso com retorno ao acionista”, afirmam os analistas, que têm recomendação de compra e preço-alvo de R$ 83 para VALE3.
BTG vê agenda “amigável” aos investidores
O BTG Pactual avalia que a decisão de antecipar o pagamento de proventos representa uma boa saída diante da futura tributação sobre dividendos planejada no País. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025, que prevê a medida. O texto permite, no entanto, que dividendos aprovados até o final de 2025 mantenham a isenção, mesmo que o pagamento efetivo ocorra em 2026, 2027 ou 2028.
“Reforçamos mais uma vez como a gestão da Vale vem entregando uma agenda amigável ao acionista minoritário e vemos forte suporte de lucros no curto prazo”, destaca o BTG.
Embora o preço da ação não esteja mais “barato”, na visão do banco, há espaço para revisões positivas de lucro até 2026. O BTG reiterou recomendação de compra para Vale com preço-alvo de US$ 15 para o American Depositary Receipt (ADR, recibos que permitem comprar nos EUA ações de empresas não americanas).
O banco também enxerga potencial para que a companhia continue pagando dividendos extraordináriosem 2026, estimando umdividend yield (rendimento de dividendo) de 10% a 11%.
Ativa classifica dividendos como “bem acima” das expectativas
O time daAtiva Investimentos acredita que o anúncio reforça o compromisso da companhia em retornar valor aos acionistas e sugere que administração não antevê outros desembolsos relevantes referentes a despesas no médio prazo, transmitindo confiança sobre a saúde financeira e a estratégia da mineradora. A equipe da corretora classificou o valor dos proventos como “bem acima” das suas expectativas.
A casa também vê que a Vale segue firme na meta de dívida líquida expandida em torno de US$ 15 bilhões, centro da faixa de US$ 10 a 20 bilhões. “Esse nível de alavancagem é típico de uma empresa madura, capaz de equilibrar investimentos, dividendos e disciplina financeira”, afirma a Ativa, que tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 65.
XP: dividendos são marginalmente positivos
Os dividendos extraordinários de US$ 1 bilhão vieram acima das expectativas de US$ 500 milhões daXP Investimentos, que classificou o anúncio como marginalmente positivo, reforçando a abordagem simplificada de alocação de capital da Vale, sem grandes mudanças no horizonte.
“Embora parcialmente antecipada pelo mercado, a medida sinaliza confiança na geração de caixa daqui para frente”, diz a corretora, que tem preço-alvo de R$ 71 por ação e recomendação neutra para Vale (VALE3).