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- Neste início do ano, a Vale (VALE3) entrou negativamente no foco do mercado
- De acordo com o Estadão, Lula trabalha para tentar emplacar o ex-ministro da Fazenda do Governo Dilma Rousseff, Guido Mantega, no Conselho de Administração da mineradora
- No mercado, a possível aproximação do ex-ministro foi encarada com negatividade, mas as chances de Mantega efetivamente assumir uma cadeira são consideradas baixas
Neste início do ano, a Vale (VALE3) entrou negativamente no foco do mercado. Fora a queda de mais de 10% das ações em janeiro, a mineradora enfrenta alguns ruídos relacionados à governança. De acordo com o Estadão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha para tentar emplacar o ex-ministro da Fazenda do Governo Dilma Rousseff, Guido Mantega, no Conselho de Administração da companhia.
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O economista seria indicado ao cargo via Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil que possui 8,57% de participação na companhia. A notícia vem junto às discussões sobre a sucessão da Vale, já que o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, vence este ano.
No mercado, a possível aproximação do ex-ministro foi encarada com negatividade. Mantega atuou entre 2006 a 2015 junto a ex-presidente petista e chegou a ser impedido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de assumir cargos públicos em função das famosas “pedaladas fiscais” – manobra contábil para maquiar as contas públicas e atingir metas fiscais, utilizada como um dos argumentos para o impeachment de Rousseff. Entretanto, a decisão foi suspensa pelo a pelo Tribunal Regional Federal (TRF-1) no ano passado.
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O temor dos investidores é de que ocorra algum tipo de interferência política na mineradora, privatizada há mais de duas décadas. “Se acontecer a indicação de Guido Mantega, sem dúvidas é um risco”, afirma Igor Guedes, analista da Genial Investimentos. “É algo que está no radar do mercado, um risco de ingerência na Vale”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
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Vale lembrar que o Conselho de Administração é o órgão onde são tomadas as decisões estratégicas de uma empresa, fiscalização e prestação de contas.
Ruído?
Apesar do desconforto do mercado com o histórico de Mantega, o consenso entre os analistas é de que as chances do economista assumir efetivamente uma cadeira no Conselho são muito baixas. Desde 2020, a mineradora é uma “true corporation”, ou seja, possui um capital pulverizado, sem acionista controlador. A companhia também conta com diversas barreiras a possíveis influências políticas.
“A Previ, apesar de ser a maior acionista, não possui força sozinha para aprovar no board o nome de Guido Mantega. Existe todo um processo, diversos filtros, com nomes sendo sugeridos por empresas ligadas a recrutamento de C-Levels (executivos seniores) com renome internacional”, afirma Guedes, da Guide.
Essa também é a visão de Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed. O especialista relembra que o nome de Mantega deve ser aprovado pelos demais conselheiros, para que o economista assuma o cargo.
“Acho dificil ser aprovado pelo Conselho atual, tendo em vista que não se trata de um executivo com prestígio. Guido Mantega perdeu muita credibilidade quando esteve à frente da equipe econômica do governo Dilma. Os números da época não foram nada favoráveis”, afirma Petrokas.
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Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, vê a informação mais como um ruído do que como um risco real. “Vimos muitas ideias ruins vindas por parte do governo nas diversas searas, em 2023 praticamente inteiro. Até mudança de leis (como a Lei das Estatais). Mas a verdade é que a maioria não se concretizou”, afirma. “Vale acompanhar, mas não acho que Mantega irá assumir.”
Já Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimentos, não vê potencial negativo, mesmo que Mantega integre, de fato, o Conselho de Administração da Vale. Para o especialista, a indicação se trata mais de um “prêmio de consolação” ao ex-ministro do que uma vontade real do Governo Lula de interferir na empresa.
“Ele já passou da época de liderar empresas. Prestou um serviço importante para o governo, para o PT, foi o ministro mais longevo da história, e agora querem entregar esse prêmio de consolação: uma remuneração de R$ 100 mil por mês como conselheiro”, afirma.