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- No acumulo de 2024, os papéis da Vale cedem 10,28%, aos R$ 69,26, depois de fecharem 2023 com a maior queda em oito anos
- Por trás da derrocada inesperada, estão as surpresas negativas relacionadas à atividade econômica da China
- Vale lembrar que o país de Xi Jinping é um dos principais mercados consumidores de minério de ferro e representa uma fatia de 47,9% das receitas da Vale. Com as incertezas sobre a economia chinesa no radar, analistas se dividem sobre recomendação para VALE3
Desde o início do ano, ações da Vale (VALE3) só tiveram um pregão de valorização – em 11 de janeiro, quando os papéis terminaram o dia em alta de 0,53%. Em todas as outras sessões, os investidores da mineradora amargaram perdas. No acumulo de 2024, os ativos cedem 11,8%, aos R$ 68,10, depois de fecharem 2023 com a maior queda em oito anos.
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Por trás da derrocada inesperada, estão as surpresas negativas relacionadas à atividade econômica da China. Na última terça-feira (16), a gigante asiática anunciou que seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,2% no ano passado – percentual levemente abaixo das expectativas de mercado, que apontavam para 5,3%, e um desempenho ainda bastante inferior ao observado antes da pandemia.
Paralelamente, os preços das casas na China também voltaram a cair em dezembro. Este dado sinaliza ainda uma possível dificuldade de recuperação do setor imobiliário, um dos motores do crescimento chinês nas últimas décadas.
Vale lembrar que o país de Xi Jinping é um dos principais mercados consumidores de minério de ferro e representa uma fatia de 47,9% das receitas da Vale. Uma desaceleração da economia chinesa significa uma menor demanda pela commodity metálica, cujo preço caiu 6% somente em janeiro, e consequentemente receitas menores para a mineradora brasileira.
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“O mercado ainda está tentando entender qual será a demanda doméstica por aço na China esse ano”, afirma Igor Guedes, analista da Genial Investimentos. Essa também é a percepção de Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimentos. “A área imobiliária na China está fraca e provavelmente não vai voltar tão cedo a acelerar. Agora, todo mundo se questiona para onde vai o preço do minério.”
Fora a conjuntura econômica, as mudanças no board da mineradora também tendem a provocar alguma volatilidade. O fim do mandato de Eduardo Bartolomeo, atual CEO da Vale, se aproxima. Paralelamente, a informação divulgada pelo Estadão de que o governo trabalha para colocar o ex-ministro Guido Mantega no Conselho de Administração da companhia incomoda os investidores.
- Leia também: O que o mercado pensa de Guido Mantega na Vale?
A ponta otimista
O cenário de incertezas sobre a China divide o mercado em relação às ações da Vale. Guedes, da Genial, está na ponta comprada. Ele possui visão positiva para VALE3, com preço-alvo de R$ R$ 82,50, ou seja, um potencial de alta de mais de 20% no ano.
O analista ressalta que as desvalorizações observadas em janeiro refletem uma expectativa futura sobre a demanda por minério de ferro, e não a demanda vigente real – que na visão dele, tende a ser melhor em 2024 do que foi no ano passado. A produção das siderúrgicas também devem se manter em níveis mais satisfatórios do que em 2023.
“Se estivermos certos, Isso ajudará na retomada de um otimismo parcial com a China e, portanto, diminuirá as incertezas para a Vale. Ainda assim, salientamos que a paciência do investidor deve ser testada. A China passa por um movimento macro diferente do passado e leva-se um tempo para as coisas se ajustarem”, afirma Guedes.
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Além disso, para o especialista da Genial, parte das quedas nos preços do minério de ferro podem ser um movimento natural de correção. A cotação do insumo subiu quase 20% entre novembro e dezembro do ano passado, quando o governo Xi Jiping anunciou um novo programa de habitação popular.
“Diante das animações com o novo programa, o preço do minério subiu além do patamar que acreditamos que formaria o equilíbrio de oferta e demanda perante a economia real”, diz Gudes, que projeta o minério de ferro com um preço de equilíbrio de US$ 115.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, também tem recomendação de compra para os papéis da Vale, com preço-alvo de R$ 95 (potencial de alta de 40%). O especialista reconhece as várias incertezas que circundam o setor de mineração e siderurgia no ano, como as dúvidas em relação à economia chinesa e demanda por minério, mas vê os papéis da Vale, assim como os da Gerdau (GGBR4), excessivamente penalizados.
“A verdade é que essas empresas devem pagar um dividend yield (DY, rendimento em dividendos) próximo a 10% nesse ano e estão desalavancadas. Acredito que estamos em um pico de pessimismo”, afirma Ferrer. “Mas ainda gosta de ambos os papéis.”
O outro lado
Já Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, vê um 2024 desafiador para os papéis da Vale e não possui recomendação para a companhia. “Nosso cenário base não é de recuperação ao longo do ano, mantidas as conjectura macro e micro atual”, diz.
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Ele ressalta a falta de visibilidade sobre o desempenho do setor de mineração e siderurgia, uma vez que, neste ano, além de uma esperada desaceleração econômica global, o mercado também deve lidar com o desenrolar de tensões geopolíticas.
“O crescimento da economia real está muito relacionada com investimentos (produção e infraestrutura) e consumo. Em ambientes de falta de visibilidade, é de se esperar que haja mais cautela”, afirma Petrokas.
João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, está na ponta vendida, com preço-alvo de R$ 66,33. Ele reafirma o cenário de incertezas para a Vale. “A China reportou uma desaceleração no setor imobiliário. Com isso, não há força para a recuperação da demanda por minério, indispensável para a Vale voltar a valorizar”, diz. “Se em 2024, continuarmos a ver uma China fraca, não haverá aceleração (dos preços das ações).”
Partindo da análise técnica, Tonello explica que só reavaliará sua posição vendida caso as ações passem a fechar consistentemente acima do patamar de R$ 72,52. Por último, Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, sintetiza a dualidade do mercado em relação às recomendações para a Vale e para o segmento de mineração e siderurgia, como um todo.
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“O mercado está tendo dificuldade em acertar uma recuperação na economia chinesa, com conglomerados financeiros e imobiliários passando dificuldades para lidar com suas dívidas”, afirma Fernandes. “É uma incógnita traçar um cenário mais preciso para o setor, com isso os investidores que se expõe ao segmento, acabam dando preferência para a Vale, por ser uma das líderes mundiais e gerar um fluxo de caixa robusto, agregando valor ao investidor.”