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(Imagem: Chalabala em Adobe Stock)"
A Vale (VALE3) divulgou ao mercado seu balanço referente ao 4º trimestre de 2024 na noite desta quarta-feira (19), com um prejuízo atribuível de US$ 694 milhões. O resultado reverte um lucro de US$ 2,42 bi registrado no mesmo período de 2023. A companhia também relatou um lucro líquido atribuível “pro forma” aos acionistas – por incluir arrendamentos – de US$ 872 milhões no quarto trimestre de 2024, queda de 64% ante igual período de 2023.
Apesar de algumas surpresas negativas, o entendimento geral é de que a Vale reportou dados operacionais sólidos, em linha com o que já havia sido antecipado no relatório de produção e vendas divulgado no final de janeiro. Para a Genial Investimentos, o prejuízo se deu pela despesa não recorrente com impairment e pressões adicionais nos resultados financeiros, com a depreciação do real. “É importante mencionar que ambas as situações não possuem efeito no fluxo de caixa, e não deveriam influenciar um fluxo vendedor na seção de negociações de hoje”, dizem os analistas da corretora em relatório.
A XP considerou que o desempenho de custo de produção da Vale e sua flexibilidade de portfólio, demonstrados no balanço do quarto trimestre de 2024, apontam para um aumento de competitividade da companhia durante 2025. O Safra, por sua vez, considerou os números positivos e destacou o fluxo de caixa livre menos negativo que o esperado.
Entre os principais destaques na visão de analistas de mercado estão a redução do custo C1 por tonelada de compras de terceiros, no menor patamar desde 2022; o Ebitda ajustado que, apesar da queda de 41% na comparação anual, veio 6% acima das previsões. Citaram ainda o anúncio da redução da orientação de capex de 2025 e mencionaram os dividendos bilionários e um novo programa de recompra de ações.
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As ações estão reagindo bem aos números, apesar do prejuízo contábil. Às 10h50, a Vale (VALE3) tinha alta de 2,07%, cotada a R$ 56,84.
Boa para dividendos
Junto ao balanço do 4T24, o Conselho de Administração da Vale (VALE3) aprovou a distribuição de dividendos no valor bruto de R$ 2,141847479 por ação.
A data de corte para pagamento será 7 de março de 2025, e a record date para pagamento dos proventos aos detentores de American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) negociados na New York Stock Exchange (Nyse), no dia 10 de março.
Os valores serão pagos em 14 de março de 2025. Na mesma data, a Vale vai pagar juros sobre capital próprio (JCP) no valor bruto de R$ 0,520530743 por ação. Além do anúncio de US$ 2 bilhões em dividendos, a companhia anunciou um programa de recompra de 120 milhões de ações. O montante representa cerca de 3% do número de ações da companhia em circulação.
“Apesar da queda nas principais linhas (o que já era esperado), algumas surpresas envolvendo dividendos, custos e revisão de Capex deixaram um tom positivo para os resultados”, avalia Ruy Hungria, analista da Empiricus. “Por apenas 3,4x Valor da Firma/Ebitda e cerca de 10% de dividend yield, entendemos que a Vale faz sentido em uma carteira focada em dividendos.”
Quem recomenda compra para a Vale (VALE3)
Apesar do prejuízo contábil, alguns bancos e corretoras seguem defendendo o lugar da Vale (VALE3) na carteira de ações. Na visão da Genial, a mineradora está no caminho certo e que, mesmo que o cenário macro a frente seja desafiador, o mercado parece estar incorporando premissas “excessivamente pessimistas” em relação ao minério de ferro e à economia chinesa.
“Embora reconheçamos os riscos inerentes à desaceleração industrial na China e à possibilidade de maior tensão comercial entre EUA e China, recentemente atenuada pela disposição mútua em chegarem a um acordo comercial, avaliamos como desproporcional a magnitude do desconto embutido pelos investidores ao valuation de mercado da companhia”, dizem os analistas em relatório. A Genial tem recomendação de compra para VALE3, com preço-alvo de 65,20%; um potencial upside de 17%.
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O Goldman Sachs também reiterou a recomendação de compra das ações a mineradora, com preço-alvo de US$ 16 para as ADRs da Vale. Trata-se de um potencial de valorização de 64,3%. O entendimento é que, apesar das incertezas com o minério de ferro, as melhorias de eficiência operacional na companhia não estão sendo refletidas em seu preço.
O Itaú BBA também mantém a recomendação de compra do papel, com preço-alvo de US$ 12 para as ADRs; uma alta potencial de 23%.
No lado mais cauteloso, BTG e Safra mantiveram as recomendações neutras para a VALE3. Os bancos têm preço-alvo de US$ 11 para as ADRs e R$ 68 para as ações, respectivamente.
Em relatório, o BTG destaca que reconhece os desenvolvimentos recentes positivos no case da Vale, com menores custos e avanço no acordo da Samarco, além das renegociações de concessões ferroviárias. O receio, no entanto, ainda é com o minério de ferro. “Estamos optando por esperar por maior clareza sobre o ambiente mais amplo de cima para baixo antes de fazer quaisquer mudanças significativas. A história macro da China continua vulnerável, adicionando pressão em todo o complexo siderúrgico e criando uma sobrecarga significativa para os preços do minério de ferro.”
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