- Destaque foi para o projeto S11D em Carajás, que alcançou um recorde para o segundo trimestre, produzindo 19,5 milhões de toneladas, um aumento de 1,9%
- Meta da Vale para este ano é produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas da commodity
- Houve redução operacional devido a queda nos preços de níquel e cobre e menor volume de embarques de pelotas
Os analistas dos principais bancos e corretoras começaram a traçar estimativas para o balanço financeiro da Vale (VALE3) no segundo trimestre deste ano (2T24), após a mineradora divulgar, no fim do pregão de terça-feira (16), seus resultados operacionais. A mineradora, que está em processo de sucessão na presidência, diz que vai divulgar o balanço contábil do segundo trimestre no dia 25 deste mês.
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Os estrategistas da Genial Investimentos dizem que a Vale demonstrou números interessantes de vendas em todas as suas operações, resultando em um avanço de Ebitda ajustado, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, de US$ 3,9 bilhões, um aumento de 10% em relação ao trimestre anterior (1T24) e de 4,4% em comparação ao ano anterior (2T23).
No entanto, isso representa uma queda de 4,9% em relação às estimativas anteriores da Genial. Esse desempenho foi impactado, segundo a corretora, por prêmios negativos nos finos de minério de ferro e custos mais altos de desestocagem da Vale. Para o segmento de pelotas, a empresa projeta Ebitda de US$ 767 milhões, uma queda de 13% em relação ao trimestre anterior e de 6,2% em comparação ao ano passado.
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O Goldman Sachs também ajustou suas previsões, reduzindo o Ebitda do 2T24 da Vale de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,9 bilhões, uma diminuição de 5%. Essa revisão foi motivada, segundo os especialistas, por preços de minério de ferro mais fracos do que o esperado e descontos de sílica mais altos. O banco mantém sua classificação de compra, mas reduziu o preço-alvo das ações da Vale de US$ 16 para US$ 15,9.
Os analistas da XP Investimentos, Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, destacaram que os dados operacionais da Vale indicam um aumento em relação às projeções iniciais, que estimavam um Ebitda ajustado de US$ 4,2 bilhões para o segundo trimestre.
Por outro lado, o Citi estimou uma revisão para baixo de cerca de 2% no Ebitda de consenso, passando de US$ 4,1 bilhões para US$ 4 bilhões. Os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott esperam que a ação tenha um desempenho “em linha”.
Em contrapartida, o BTG Pactual mantém uma postura neutra, afirmando que a Vale deve apresentar um relatório de ganhos abaixo do esperado. O banco destacou que, embora haja melhorias na história, que começa com detalhes até uma visão mais ampla da Vale, é necessário esperar por mais visibilidade sobre algumas das fontes de sobrecarga antes de mudar de postura. As negociações da Samarco parecem estar progredindo bem, e há uma expectativa de um resultado melhor do que o antecipado pelo mercado.
Já o Safra diz que o lucro operacional ajustado da Vale no 2T24 deve chegar a cerca de US$ 3,96 bilhões, o que fica abaixo das suas expectativas iniciais de US$ 4,1 bilhões e das estimativas gerais de US$ 4,3 bilhões. Isso se deve principalmente à redução nos preços e na quantidade de níquel e cobre vendidos, além de uma diminuição nos embarques de pelotas, que mais do que compensaram os bons resultados obtidos com as vendas de pelotas, explicam os analistas.
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Mas o Safra aponta que a produção de minério de ferro da Vale no 2T24 teve um desempenho positivo, crescendo 2% em comparação ao ano anterior, o que foi um destaque importante do trimestre para a empresa. Os estrategistas também observam que os resultados do segundo trimestre dão à Vale flexibilidade para gerenciar sua produção ao longo de 2024 sem comprometer a meta de produção de 310–320 milhões de toneladas. Mas ressaltam que a produção de níquel foi um ponto fraco, com uma queda de 24% em relação ao ano anterior, devido a paradas de manutenção programadas que impactaram negativamente a produção
Vale: analistas pontuam desafios e oportunidades
Em todos os relatórios divulgados, os analistas dizem que a Vale enfrenta desafios operacionais e de mercado, incluindo a volatilidade dos preços do minério de ferro e questões operacionais, como os prêmios negativos e custos elevados. No entanto, há também potenciais catalisadores positivos. A resolução das negociações da Samarco e a melhoria no desempenho operacional podem oferecer novas oportunidades para a empresa.
Os analistas ressaltam que a história macroeconômica da China, um importante mercado para a Vale, tem se deteriorado recentemente, adicionando um obstáculo adicional. Ainda assim, a empresa é vista como descontada em termos de avaliação, com múltiplos de Ebitda relativamente baixos e rendimentos de dividendos próximos de 10%.
No segundo trimestre deste ano, a Vale registrou uma produção de 80,59 milhões de toneladas de minério de ferro, um aumento de 2,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse resultado está longe de alcançar o máximo da faixa estabelecida pela empresa para 2024, que é de 320 milhões de toneladas da commodity. As informações foram divulgadas no relatório trimestral de produção da empresa.
A Vale destacou que o desempenho operacional de abril a junho foi impulsionado pela excelente performance do projeto S11D, localizado em Carajás, no Pará, e pela operação em Vargem Grande, em Minas Gerais. O projeto S11D, segundo a empresa, alcançou um recorde para um segundo trimestre, com a produção de 19,5 milhões de toneladas, um aumento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2023.
Enquanto isso, o sistema Vargem Grande produziu 11,8 milhões de toneladas de abril a junho, um aumento significativo de 27,5% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, conforme relatório de produção. No acumulado do primeiro semestre, a Vale diz que produziu 151,4 milhões de toneladas de minério de ferro, um aumento de 4,1% em relação ao primeiro semestre do ano anterior.
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As vendas de minério de ferro no segundo trimestre totalizaram 79,79 milhões de toneladas, um aumento de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado. No primeiro semestre do ano, as vendas da Vale atingiram 143,6 milhões de toneladas, um aumento de 10,4% em comparação com o primeiro semestre de 2023.
Estimativas para o Balanço da Vale no 2T24; entenda as projeções dos analistas em pontos rápidos
- A Vale divulgou seus resultados operacionais após o pregão de terça-feira (16) e planeja lançar seu balanço contábil do segundo trimestre em 25 de julho.
Genial Investimentos:
- Ebitda ajustado da Vale estimado em US$ 3,9 bilhões para o 2T24, com aumento de 10% em relação ao 1T24 e 4,4% em relação ao 2T23.
- Queda de 4,9% nas estimativas anteriores devido a prêmios negativos no minério de ferro e custos elevados em desestocagem.
- Projeção de Ebitda de US$ 767 milhões para pelotas, queda de 13% em relação ao trimestre anterior e 6,2% em relação ao ano anterior.
Goldman Sachs:
- Ajuste do Ebitda do 2T24 de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,9 bilhões, redução de 5% devido a preços mais fracos do minério de ferro e descontos de sílica.
- Mantém classificação de compra, mas reduz preço-alvo das ações da Vale de US$ 16 para US$ 15,9.
XP Investimentos:
- Expectativa de Ebitda ajustado de US$ 4,2 bilhões para o 2T24, destacando melhorias operacionais da Vale.
Citi:
- Revisão para baixo do consenso de Ebitda para US$ 4 bilhões, queda de cerca de 2% em relação às previsões anteriores.
BTG Pactual:
- Postura neutra com previsão de relatório de ganhos abaixo do esperado para a Vale.
- Espera por mais visibilidade sobre as fontes de sobrecarga antes de mudar de postura.
Safra:
- Estimativa de lucro operacional ajustado da Vale em cerca de US$ 3,96 bilhões para o 2T24.
- Redução devido a queda nos preços de níquel e cobre e menor volume de embarques de pelotas.
- Destaque positivo para produção de minério de ferro (+2% YoY) e desafios na produção de níquel (-24% YoY) da Vale.