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Castigo em ações do varejo abre janela de compra; veja opções para investir

Desde o início da alta dos juros, as ações das empresas do setor acumulam uma desvalorização de quase 100%

Castigo em ações do varejo abre janela de compra; veja opções para investir
(Foto: Envato Elements)
  • A descoberta da inconsistência financeira da Americanas ajudou a “afundar” ainda mais um setor que já passava por dificuldades
  • Apesar de ser um segmento suscetível a ciclos econômicos, algumas companhias conseguem se destacar e oferecer oportunidades de investimento

O aumento da inflação e o ciclo de alta da taxa de juros castigaram as ações das varejistas na Bolsa de Valores brasileira nos últimos dois anos. A crise da Americanas (AMER3), que veio à tona após a descoberta de uma inconsistência contábil em janeiro, trouxe ainda mais incertezas a um setor que já estava sendo penalizado pelo mercado.

No entanto, os momentos de crise também podem abrir janelas de oportunidades de investimento para quem busca expor parte da sua carteira ao setor de varejo.

Olhando para os principais indicadores do setor, os números gerais não são nada atraentes. Segundo um levantamento do TradeMap, enviado ao E-Investidor, todas as ações de varejistas on-line e de vestuários acumulam quedas desde o início do ciclo de aperto monetário do Brasil, que ocorreu a partir de março de 2021 com as sucessivas elevações da Selic, a taxa básica de juros.

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O papel que mais sofreu ao longo desses dois anos foi a Espaço Laser (ESPA3) ao apresentar uma rentabilidade negativa de 92,8% durante o período. As ações da Arezzo (ARZZ3) foram as únicas que tiveram uma performance melhor do que o Ibovespa. Em dois anos, os papéis caíram 7,7%, enquanto o IBOV sofreu uma desvalorização de 12,2%.

Além disso, algumas empresas do setor, como a Marisa (AMAR3), passam por um processo de reestruturação, o que traz ainda mais incerteza aos investidores.

No entanto, alguns indicadores sinalizam uma “luz no fim do túnel” que pode melhorar o cenário para o mercado de renda variável e favorecer as ações do setor.

Desde agosto do ano passado, o Banco Central (BC) mantém a Selic 13,75% ao ano e os rumores de um possível início do corte da taxa de juros aumentaram no mercado com o resultado do IPCA do mês de março abaixo do esperado. Veja os detalhes nesta reportagem.

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“Essa perspectiva não é certa porque temos ainda um arcabouço fiscal para ser aprovado, mas uma queda de juros ou sinal mais “forte” de queda vai ser benéfico para o setor”, diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

No entanto, caso esse cenário de recuo da taxa de juros se concretize, o investidor precisa ter bons critérios ao selecionar essas empresas, pois a desaceleração econômica ainda segue presente, o que piora a perspectiva de entrega de bons resultados. Ou seja, a alta das ações pode ser apenas um movimento de curto prazo.

Neste cenário, a orientação de Cristiane Fensterseifer, analista CNPI e fundadora da Investe10, é que os investidores evitem empresas mais alavancadas (endividadas) e priorizar as que possuem boas perspectivas de crescimento.

Ao olhar para as opções do varejo, Fensterseifer enxerga as ações das Lojas Renner (LREN3) e da C&A (CEAB3) como ótimas oportunidades de investimento. “Não gosto das varejistas on-line porque possuem grandes concorrentes e estão muito alavancadas. Eu gosto das Lojas Renner, por exemplo, que possuem caixa líquido e das ações da C&A”, acrescenta. Segundo a EQI Research, o múltiplo preço sobre lucro das Lojas Renner segue a 13,7x, o que representa um patamar de 7,3% abaixo da sua média histórica recente e com a estimativa de um dividendo em torno de 4,1%.

Mesmo com esses bons indicadores, a corretora mantém recomendação neutra para o papel. “Acreditamos que os inúmeros desafios ainda podem limitar sua apreciação no curto prazo”, afirmou Luiz Cesta, analista CNPI da EQI Research.

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Os múltiplos da Arezzo (ARZZ3), assim como os da Renner, também seguem abaixo da sua média histórica. Segundo a EQI Research, a companhia possui um P/L de 16,8x, patamar 14,2% abaixo da sua média história e com a perspectiva de pagamento de dividendos em torno de 2,3% para este ano.

“A ação da Arezzo possui uma combinação única de consolidadora do mercado de marcas de moda
com expansão para categorias, geografias, classes sociais e canais de distribuição ainda não explorados. Sua capacidade de administrar marcas e integrá-las rapidamente ao seu portfólio também representa fonte de crescimento não desprezível”, disse Cesta, que recomenda a compra do papel com preço-alvo de R$ 100.

Já Rafael Ragazi, analista CNPI da Nord Research, enxerga as ações da Petz (PETZ3) e da Vivara (VIVA3) como boas opções para se ter no portfólio. Segundo ele, as duas companhias possuem características que as tornam bastante competitivas no mercado e oferecem ao investidor boas perspectivas de crescimento de receita.

No caso da Petz (PETZ3), a sua principal vantagem é a liderança no segmento de pet que possui um aumento esperado de 16% ao ano até 2026. “A companhia se destaca por oferecer uma ampla oferta de produtos no mesmo lugar em que também oferece serviços veterinários e de estética, além de possuir uma plataforma online bastante relevante (que representa 36% da receita total)”, destaca Ragazi.

Em relação a Vivara (VIVA3), as margens operacionais elevadas e solidez do modelo de negócio são os principais atrativos que podem sinalizar ao investidor uma boa oportunidade de investimento. “A margem bruta da companhia é estável no elevado patamar de 68%, faça chuva ou faça sol. Entre 2017 e o fim de 2022, a companhia elevou seu market share de 10% para 17%”, afirma.

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