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“Vemos mais prêmio em prefixados do que em bolsa”, diz Santander Asset

Para Mário Felisberto, CIO do SAM, o cenário é otimista para a bolsa, mas o prêmio ao investidor será limitado

“Vemos mais prêmio em prefixados do que em bolsa”, diz Santander Asset
Mario Felisberto possui 25 anos de experiência em mercado financeiro (Foto: Santander Asset Management)
  • Segundo Felisberto, a alta dos últimos dois meses da bolsa diante da expectativa de um cenário favorável para a bolsa reduziu o potencial de ganhos
  • O mesmo aconteceu com os títulos prefixados e atrelados à inflação. No entanto, com a perspectiva de novas quedas de juros, ele acredita que os prefixados devem oferecer prêmios maiores
  • Mário Felisberto é CIO do Santander Asset Management desde setembro de 2019 e possui 25 anos de experiência em mercado financeiro

A alta de 22% do Ibovespa no acumulado de 2023, a maior dos últimos três anos, abriu margem para os investidores esperarem uma continuidade dos ganhos nos primeiros meses de 2024. A perspectiva de queda de juros no exterior e a continuidade de cortes da Selic no mercado local constroem um ambiente mais favorável para os ativos de renda variável.

No entanto, a perspectiva positiva pode não refletir em retornos elevados. Segundo Mário Felisberto, CIO do Santander Asset Management (SAM), os prêmios da bolsa devem ser limitados em 2024 devido aos ganhos dos últimos dois meses. “Os mercados já anteciparam esse movimento e isso reduz o potencial de alta para os próximos meses. Em resumo, temos um cenário otimista, mas os investidores precisam monitorar os patamares de preço”, diz Felisberto.

Ele acredita que os títulos prefixados podem oferecer ganhos mais atrativos aos investidores do que os ativos de bolsa, mesmo com um cenário mais favorável para os ativos de risco. “Acreditamos que, à medida que for se consolidando uma trajetória de queda de juros, esses títulos podem se beneficiar”, afirma Felisberto.

O CIO da Santander Asset Management possui 25 anos de experiência em mercado financeiro e está a frente da gestora desde setembro de 2019. Ao E-Investidor, Felisberto falou também sobre as variáveis que podem impedir um cenário otimista para as ações da bolsa, as alocações dos fundos de investimentos da SAM e as oportunidades no mercado norte-americano.

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E-Investidor – Qual é a visão do Santander Asset para o Ibovespa em 2024?

Mário Felisberto – Há dois pontos principais que precisamos olhar. Pelo lado de cenário, estamos relativamente otimistas porque enxergamos um crescimento econômico moderado e inflação convergindo cada vez mais para a meta, o que vai permitir que os principais bancos centrais, principalmente dos Estados Unidos, iniciem o movimento de corte de juros.

Esse ambiente deve influenciar os investimentos e trata-se de um cenário mais construtivo do que vimos nos últimos três anos. No Brasil, temos também uma perspectiva construtiva. O crescimento econômico deve ficar moderado, a inflação convergindo cada vez mais para as metas e o Banco Central já está reduzindo a taxa de juros. Imaginamos que esse movimento segue ao longo de 2024 e isso pode dar suporte para uma tendência positiva.

Qual é o principal ponto de preocupação?

O cenário fiscal. Precisamos acompanhar bem de perto como está a arrecadação, a atuação do governo frente às despesas e como ele está trabalhando para alcançar a meta fiscal. De qualquer forma, o cenário como um todo, considerando todas essas variáveis, tende a ser construtivo. Outro ponto de atenção em relação à perspectiva para o Ibovespa é o seu preço. Vimos nos últimos dois meses uma alta significativa do índice, justificada pelo cenário convergindo para uma alternativa mais otimista. Os mercados já anteciparam esse movimento e reduz o potencial de alta para os próximos meses. Em resumo, temos um cenário otimista, mas os investidores precisam monitorar os patamares de preço porque, no preço atual, temos mais uma alocação mais perto do neutro em investimentos em bolsa do que uma alocação muito otimista.

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Como está a alocação dos fundos do Santander Asset?

Estamos mais focados nas ações que se beneficiam do movimento de cortes de juros. Portanto, estamos favorecendo as ações do consumo doméstico, mas fazemos constantemente o rebalanceamento da carteira porque, em alguns momentos, o potencial de alta desses papéis pode estar esgotado. Por isso, podemos migrar para ações um pouco mais defensivas.

Como está a posição dos investidores em fundos de investimentos com esse cenário otimista para a bolsa?

Vemos um movimento ainda muito tímido. O fluxo estava negativo ao longo do ano para os fundos de ações. Vimos uma melhora, mas ainda não dá para dizer que trata-se de um retorno robusto ou que podemos esperar esse retorno. Com a continuidade da queda dos juros, esperamos que 2024 seja um ano com um fluxo um pouco mais positivo para mercados de risco. Ou seja, para ações em geral.

Quais são os fundos que podem surpreender?

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Na nossa visão, o produto que deve se favorecer com esse cenário é o fundo multimercado porque conseguimos capturar o retorno de várias classes de ativos e conseguimos rebalancear o portfólio com ativos mais defensivos em um momento de cenário mais negativo.

Em relação ao mercado de renda fixa, há alguns ativos que devem oferecer melhores retornos em 2024 e  priorizados na alocação?

Estamos com um posicionamento otimista em ativos prefixados quanto ativos atrelados à inflação. Acreditamos que, à medida que for se consolidando uma trajetória de queda de juros, esses títulos podem se beneficiar. A bolsa de valores subiu bastante em novembro e em dezembro e tirou uma parte do potencial de ganho. Nesse meio tempo, os ativos prefixados e os papéis atrelados à inflação também subiram. Então, a essa altura o prêmio que esses ativos têm é menor do que há dois meses. Se compararmos renda fixa prefixado e bolsa, consideramos que tem mais prêmio nesse momento em renda fixa prefixado do que na bolsa.

Os ativos de renda fixa dos Estados Unidos também oferecem um prêmio interessante?

Estamos mais neutros porque tivemos uma queda muito acentuada nas taxas de juros nos Estados Unidos ao longo dos últimos dois meses. Por isso, não avaliamos o potencial de ganhos e, comparando todos esses diferentes mercados, vemos mais um prêmio na renda fixa local do que na renda fixa global e bolsa.

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Na bolsa americana, a perspectiva é a mesma em relação ao Brasil para 2024?

Avaliamos que as ações da bolsa norte-americana estão com um preço relativamente caro e vemos um prêmio menor ainda.

Por que as ações americanas estão caras se o ciclo de queda de juros ainda não iniciou?

Normalmente, quando os juros caem, a Bolsa reage positivamente e, quando os juros sobem, a bolsa reage negativamente. Como as ações dos Estados Unidos não reagiram como deveriam com o movimento de alta de juros, o potencial de alta para os próximos meses fica bastante limitado. Vemos isso associado muito ao crescimento dos resultados de algumas empresas de tecnologias, ligadas ao desenvolvimento de inteligência artificial. O desempenho dos papéis ajudou a bolsa a sustentar um patamar de preço que nos parece caro a essa altura.

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