Veja as estimativas após o balanço da WEG no 3T25(Foto: Adobe Stock)
A WEG (WEGE3) divulgou nesta quarta-feira (22) um balanço do terceiro trimestre de 2025 considerado misto e dentro das expectativas do mercado, segundo analistas ouvidos pelo E-Investidor. Especialistas destacam que o desempenho fraco do segmento de Geração e Transmissão acabou ofuscando os avanços na divisão de motores industriais (EEI) e a capacidade da companhia de reduzir os efeitos das tarifas impostas por Donald Trump.
Mais cedo, a companhia reportou lucro líquido de R$ 1,65 bilhão no terceiro trimestre de 2025, alta de 4,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Para os analistas do Santander, os números ficaram 1% acima do esperado pelo banco devido a uma ligeira surpresa positiva na margem e a uma baixa alíquota efetiva de imposto. Do lado positivo, os especialistas reforçam que o crescimento de 1% da receita foi puxado principalmente pela retomada da demanda por equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI) na Europa.
No entanto, a empresa teve queda de 4% na receita brasileira, devido à menor contribuição de energias renováveis na divisão de Geração e Transmissão. Segundo o Santander, um mix de produtos mais favoráveis levou a margens estáveis, compensando qualquer impacto das iniciativas de mitigação relacionadas às tarifas mais altas impostas pelos EUA durante o período.
“Não vemos essa superação como suficiente para desencadear uma reação positiva nas ações, mas destacamos que as operações vendidas com o papel estão em suas máximas de um ano, o que pode levar a algum tipo de aperto de vendas”, dizem Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem, que assinam o relatório do Santander.
Drible nas tarifas de Trump
Já a Genial Investimentos explica que a companhia conseguiu fugir do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil ao modificar as rotas de exportação entre suas diferentes operações globais, aproveitando a flexibilidade produtiva e a diversificação geográfica.
Os analistas apontam que a estratégia evitou uma queda expressiva nas receitas e contribuiu para a manutenção das margens no patamar do trimestre anterior, especialmente nos resultados da divisão Eletroeletrônicos Industriais.
“Acreditamos que essa resiliência será um dos principais vetores de sustentação do papel à frente, sobretudo diante da expectativa de avanço nas negociações entre Brasil e Estados Unidos para normalização das tarifas — um gatilho que pode pesar mais sobre a percepção do mercado do que o próprio resultado em si, dado o caráter neutro do trimestre”, aponta Ygor Bastos, que assina o relatório da Genial.
Para Bruno Benassi, analista de Ativos na Monte Bravo, o balanço ficou levemente abaixo do esperado após o Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda) ficar em R$ 2,27 bilhões no terceiro trimestre de 2025, montante 2,3% superior ao registrado em igual etapa de 2024.
O analista aponta ainda que o único impacto sentido pela companhia nas tarifas foi a taxação do cobre por Trump. “Isso causou alta de custos para a produção de WEG dentro dos Estados Unidos, que precisou importar o metal para manter a produção no país governado por Trump”, afirma.
O que fazer com as ações da WEG após o balanço do 3T25?
Os analistas se dividem sobre os impactos futuros da taxação nos próximos balanços. Gustavo Moreira, planejador financeiro CFP, reforça que os produtos vindos do Brasil representam menos de um terço das vendas da WEG para os EUA, o que lhe dá alguma folga, mas não elimina o risco de atraso ou cancelamento de projetos de longo ciclo.
Por outro lado, a Monte Bravo lembra que as tarifas não geram um impacto relevante, o que ela espera é que, no quarto trimestre, o impacto seja um pouco mais acentuado, até a companhia reorganizar sua cadeia produtiva. A Monte Bravo recomenda compra para o papel, mas relata que o preço-alvo está em revisão.
“Os próximos trimestres devem continuar desafiadores para a companhia, principalmente no crescimento de receitas. Esperamos que os resultados melhorem a partir do segundo semestre de 2025 quando temos inaugurações importantes de nova capacidade industrial, principalmente no segmento de transformadores”, diz Benassi.
A Genial Investimentos tem recomendação de compra para WEG com preço-alvo de R$ 62 para os próximos 12 meses, alta de 54,31% na comparação com o último fechamento. Os analistas declaram que a empresa negocia com múltiplos abaixo dos seus pares internacionais, algo incomum na história recente da companhia.
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Enquanto a ABB é precificada a cerca de 26,3 vezes o Preço sobre Lucro (P/L) projetado para os próximos 12 meses, a WEG negocia hoje em torno de 23 vezes Preço sobre Lucro (P/L). Conforme a corretora, o número reflete o movimento de correção que o papel sofreu ao longo do ano, o que para o analista limita riscos de curto prazo.
“Ainda assim, acreditamos que o cenário de desaceleração global e menor contribuição da divisão de energia pode adiar revisões positivas no consenso. Seguimos construtivos no longo prazo, sustentados pela diversificação geográfica, capacidade de execução e geração de caixa sólida, mas vemos pouco espaço para revisar a recomendação no curto prazo”, afirma Ygor Bastos.
O Santander tem a mesma perspectiva, os analistas recomendam compra com preço-alvo de R$ 56,00, crescimento de 39,37% na comparação com o último fechamento. O banco também vê o curto prazo desafiador para a empresa, mas acredita que o papel está atrativo pelas perspectivas de longo prazo.
Já a Ativa Investimentos é a única casa a ter recomendação neutra. O preço-alvo é de R$ 44,00 para os próximos 12 meses, alta de 9,6% em relação ao último fechamento. “Mantemos recomendação neutra, reforçando o cenário incerto que pressiona uma carteira de pedidos mais saudável e de longo prazo, apesar da atividade industrial de curto prazo estar saudável”, explica Lucas Dias, que assina o relatório da Ativa.
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Em suma, os analistas enxergam que a WEG (WEGE3) teve um resultado influenciado pelo segmento de Geração e Transmissão, mas conseguiu surpreender ao superar a guerra tarifária, que gerou efeitos menos danosos para a última linha do balanço. Sendo assim, comprar o papel tende a ser uma questão do perfil do investidor, de conseguir encarar a volatilidade que o ativo pode enfrentar no curto prazo para obter lucros atraentes no médio e longo prazo.