- A XP destaca que enquanto os mercados globais caíram entre 20% a 30% neste ano, o brasileiro acumulou alta de mais de 15% em dólares
- Ações brasileiras são atrativas por três fatores: os múltiplos continuam descontados, o prêmio de risco é atrativo e os dividendos valem a pena
A XP Investimentos avalia que a Bolsa brasileira continua atrativa apesar do cenário de incertezas políticas e de taxa de juros em patamar ainda elevado. Para a corretora, o pós-eleição, com um cenário mais definitivo, pode permitir o retorno do apetite por risco, o que deve sustentar o desempenho do Ibovespa em alta em relação a outros mercados.
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A XP destaca que enquanto os mercados globais caíram entre 20% a 30% neste ano, o brasileiro acumulou alta de quase 10% em reais e mais de 15% em dólares em 2022. Apesar do ano eleitoral, os fatores que mais afetaram a Bolsa brasileira ao longo deste ano, na análise da XP, foram relacionados ao cenário macroeconômico global, com inflação elevada, alta dos juros, temores de recessão, choques causados pela guerra na Ucrânia e os lockdowns na China.
No último mês, porém, os riscos domésticos relacionados ao cenário político voltaram ao radar dos investidores e o Ibovespa apresentou, após vários meses em patamares historicamente baixos, aumento da volatilidade na esteira do primeiro turno das eleições.
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“Nesse ano, especificamente, o resultado mostrou uma eleição muito mais apertada historicamente e o pleito segue ainda em aberto, aumentando as incertezas quanto ao que esperar depois desse final de semana”, escrevem o estrategista-chefe e head do Research da XP, Fernando Ferreira, a estrategista Jennie Li e a analista Rebecca Nossig, em relatório.
Independente do candidato vitorioso na disputa presidencial, porém, a equipe considera que a preocupação principal dos investidores deve se concentrar na agenda fiscal do governo eleito e na trajetória dos gastos públicos e da dívida pública.
Sobre o cenário de manutenção da taxa Selic em patamar elevado, com decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter os juros em 13,75% na reunião de outubro, a XP avalia que, apesar do aperto monetário deixar mais cara a captação de recursos no mercado pelas empresas, a boa notícia é que o Banco Central brasileiro, ao contrário da maioria dos BCs pelo mundo, já está no fim do seu ciclo de alta dos juros.
A perspectiva da corretora é que os juros sejam mantidos em estabilidade até meados de 2023, quando devem cair e encerrar o ano a 10%. “Esse corte será dependente do risco fiscal adiante.”
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Para a XP, a visão acerca das ações brasileiras continua construtiva com base em três fatores: os múltiplos continuam bastante descontados, o prêmio de risco se mantém atrativo e os dividendos seguem valendo a pena.
A equipe elenca que o Preço/Lucro (P/L) atual do Ibovespa se encontra em 6,6 vezes, um desconto significativo de 40% em relação à média dos últimos 15 anos, de 11,2 vezes. Aqui, o E-Investidor mostra como calcular o indicador P/L.
O prêmio de risco, por sua vez, que compara o rendimento de ações com as taxas de juros reais, está em 9,9%, acima da média histórica de 5,3%. “Ou seja, as ações brasileiras continuam baratas mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais.”
Além disso, ao analisar a variação de preço, o retorno total e a taxa anualizada equivalente das ações da Copel (CPLE6), da Petrobras (PETR4) e do BrasilAgro (AGRO3), a XP conclui que elas acumularam um retorno total anualizado ao redor de 30% nos últimos cinco anos, significativamente maior do que o taxa DI acumulada durante o mesmo período em 6%. “As ações pagadoras de dividendos seguem sendo atrativas olhando para seus ganhos acumulados ao longo do tempo”, afirmam os analistas.
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