O que este conteúdo fez por você?
- A montadora elevou sua previsão de lucro para 2021 pela segunda vez em dois trimestres e agora está projetando pagar de US$ 10,5 bilhões a US$ 11,5 bilhões
- A Ford havia suspendido o pagamento de dividendos no início da pandemia, em março de 2020
- As ações da Ford chegaram a US$ 17,17 no início do pregão de quinta-feira (28), depois de fecharem em US$ 15,51 na quarta-feira (27)
(Keith Naughton, WP Bloomberg) – A Ford, seguindo em frente com o plano de grandes investimentos em veículos elétricos, aumentou sua previsão de lucro para o ano inteiro e disse que restaurará seus dividendos, fazendo com que suas ações disparassem até 11%.
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A montadora elevou sua previsão de lucro para 2021 pela segunda vez em dois trimestres e agora está projetando pagar de US$ 10,5 bilhões a US$ 11,5 bilhões em lucros antes de juros e impostos. O dividendo trimestral recuperado de 10 centavos de dólar por ação será pago em 1º de dezembro, disse a empresa. A Ford havia suspendido o pagamento no início da pandemia em março de 2020.
Ela atribuiu os bons resultados a um abrandamento na escassez crítica de semicondutores – um problema que ainda assombra a maioria das montadoras – junto com a forte demanda por seus veículos. A Ford acumulou o maior estoque de veículos do setor e aumentou os preços médios de venda em 13%, para US$ 51,460, de acordo com o site de pesquisas de informações automotivas Edmunds.com.
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“Estamos totalmente comprometidos neste futuro e dando grandes passos”, disse o CEO Jim Farley em uma reunião com analistas. “Estamos nos movimentando de forma agressiva para liderar a revolução dos veículos elétricos.”
Farley disse que a empresa tem uma demanda anual de 200 mil Mustang Mach-E, suas SUVs elétricas, e está se movimentando rapidamente para expandir a produção de veículos elétricos. A montadora está começando a produzir o Mach-E na China, aumentando a produção no México.
Até a metade da década de 2020, a Ford terá capacidade de fábrica para fabricar mais de 1 milhão de veículos elétricos movidos a bateria por ano. “E acho que precisaremos de mais”, disse Farley.
Embora a Ford veja a escassez de chips diminuindo, seu CFO, John Lawler, disse a repórteres que ela ainda poderia se estender até 2023. As fábricas da Ford não funcionarão a todo vapor até o final do ano que vem, disse ele.
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“Estamos vendo um crescimento de vendas de cerca de 10%” em 2021, afirmou Lawler. “E imaginamos que a limitação dos chips ainda nos atingirá.”
O lucro do terceiro trimestre chegou a 51 centavos de dólar por ação, excluindo alguns itens, batendo a média de 27 centavos das estimativas dos analistas, disse a montadora. A receita total foi de US$ 35,7 bilhões, superando as projeções. Os resultados marcaram o sexto trimestre consecutivo que a Ford foi além das estimativas dos analistas, segundo Dan Levy, analista do Credit Suisse.
As ações da Ford chegaram a US$ 17,17 no início do pregão de quinta-feira (28), depois de fecharem em US$ 15,51 na quarta-feira (27) . As ações mais do que dobraram desde que Farley se tornou CEO, há um ano.
No início da quarta-feira, a General Motors superou as estimativas do terceiro trimestre, mas advertiu que a escassez de chips que freou a produção de veículos talvez se arraste até 2022. Na quinta-feira, a Volkswagen reduziu sua estimativa de entregas anuais, mas previu que o fornecimento de semicondutores melhorará progressivamente no quarto trimestre e no próximo ano.
Recuperação após crise dos chips
A Ford, que foi mais afetada do que a maioria com a crise dos chips na primeira metade de 2021, conseguiu aumentar o número de carros nos lotes das concessionárias em setembro, encerrando o trimestre com 236 mil veículos em estoque.
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Isso ajudou a empresa a se tornar a mais vendida nos Estados Unidos em setembro, ultrapassando a GM, e capturando 11,7% do mercado automotivo americano no trimestre, ante 10,6% no segundo trimestre, de acordo com o Edmunds.
O braço financeiro da Ford e suas operações na América do Norte continuaram a impulsionar os resultados dos lucros, com a Ford Credit divulgando rendimentos de US$ 1,1 bilhão, antes de juros e impostos, sem mudanças em relação ao ano anterior. A unidade de crédito tem se beneficiado dos preços recordes de carros usados provocados pela escassez de veículos novos e usados.
No terceiro trimestre, a Ford teve uma margem de lucro de 10,1%; antes de juros e impostos na América do Norte, e está em 9% até agora neste ano. Os resultados em seu mercado interno chamaram a atenção para as perdas em outras regiões, embora a montadora tenha conseguido obter lucro na América do Sul pela primeira vez em oito anos.
Farley conquistou os investidores ao fechar rapidamente as fábricas que estavam dando prejuízo no Brasil e na Índia, ao mesmo tempo em que aumentou o investimento em veículos elétricos em um terço, para US$ 30 bilhões até 2025. A Ford planeja que de 40% a 50% de seu volume de vendas global seja de veículos elétricos até 2030.
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No mês passado, a montadora divulgou planos para gastar US$ 11,4 bilhões com a SK Innovation, da Coréia do Sul, na construção de quatro fábricas no Tennessee e no Kentucky, para produzir baterias e caminhões elétricos. O Morgan Stanley diz que o Mustang Mach-E da Ford, lançado há um ano, se tornou o carro elétrico mais vendido sem ser produzido pela Tesla.
O CEO alcançou o feito ao roubar o chefe do projeto ultrassecreto de carros da Apple, Doug Field, no mês passado, para comandar as iniciativas de tecnologia avançada da Ford.
“A cultura está começando a mudar para ser mais rápida, com mais transparência e menos burocracia”, disse Farley. “Só poderemos avaliá-la depois de a experimentarmos.”
Tradução: Romina Cácia
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