- O fraco desempenho do banco brasileiro impressiona mesmo em um cenário de aperto monetário com a alta de juros que costuma beneficiar as instituições financeiras
- Para Gustavo Pazos, analista do time de research da Warren, o desafio de monetizar a sua base de clientes é comum entre as fintechs. Segundo ele, os bancos tradicionais conseguem gerar receita por cliente dez vezes maior do que o próprio Nubank
As ações do Nubank seguiram em forte queda nesta segunda-feira (9) na bolsa de Nova York (NYSE). Os papéis encerraram o pregão com uma desvalorização de 16,25%, cotados a US$ 4,38, o menor valor desde a Oferta Pública de Ações (IPO).
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Os BDRs (recibos de empresas listadas no exterior) listados na B3 também apresentaram quedas expressivas no pregão desta segunda. Os tickets NUBR33 sofreram uma desvalorização de 14,41%, negociados a R$ 3,81. Com a queda, o banco digital passa a ter um valor de mercado de cerca de US$ 20,5 bilhões, segundo o Estadão. O volume é a metade de quando a fintech era avaliada na sua estreia na bolsa.
O fraco desempenho do banco brasileiro impressiona mesmo em um cenário de aperto monetário com a alta de juros que costuma beneficiar as instituições financeiras. No entanto, Rodrigo Lima, analista de Investimentos da Stake, aponta que o principal problema do banco digital é atingir uma lucratividade atrativa para os acionistas.
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“Apesar de ter mais de 54 milhões de usuários, (a fintech) ainda sofre para atingir a lucratividade, registrando um prejuízo líquido de US$ 66 milhões no último trimestre de 2021”, ressalta Lima.
Para Gustavo Pazos, analista do time de research da Warren, o desafio de monetizar a sua base de clientes é comum entre as fintechs. Segundo ele, os bancos tradicionais conseguem gerar receita por cliente dez vezes maior do que o próprio Nubank.
No entanto, o analista da Warren aponta outro problema que pode ter desagradado o mercado: a remuneração de R$ 804,4 milhões aos oito integrantes da diretoria executiva do banco neste ano.
Segundo ele, o pagamento milionário condicionando aos executivos a manter as ações em determinados patamares trouxe um alerta vermelho para os investidores. “Isso é extremamente negativo porque estimula a diretoria a adotar medidas de curto prazo e que possam impactar de forma positiva nas ações em vez de tomar decisões que gerem valor de longo prazo para os acionistas”, critica Pazos.
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De acordo com a apuração do E-Investidor, dos R$ 804,4 milhões pagos aos executivos, 85% do valor seria destinado para o CEO da fintech, David Vélez. No entanto, para alcançar a remuneração, uma das exigências para o executivo era garantir o preço médio por ação igual ou superior a US$ 18,69 por 60 dias consecutivos.
Diante das polêmicas e do pessimismo do mercado para o banco, o “rouxinho” terá a oportunidade de “acalmar os ânimos do mercado” na próxima segunda-feira (16) com a divulgação do seu balanço referente ao primeiro trimestre deste ano.