

Após reverter o prejuízo líquido de R$ 101,5 milhões do quarto trimestre de 2023 para lucro líquido de R$ 48,9 milhões no quarto trimestre de 2024, a Ânima (ANIM3) entra agora em um ciclo chamado pela CEO Paula Harraca de “terceira onda”. Em entrevista ao E-Investidor, a executiva conta que planeja um 2025 com “crescimento consciente” e uma retomada da política de distribuição de dividendos após a empresa apresentar melhorias na rentabilidade com crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
A Ânima encerrou o acumulado de 2024 com um lucro líquido de R$ 204,4 milhões, uma reversão do prejuízo líquido de R$ 213,2 milhões do acumulado de 2023. Na base ajustada, que desconsidera eventos não recorrentes, como os impactos da emissão de debêntures, o lucro líquido ajustado da Ânima foi de R$ 187 milhões em todo 2024, ante o prejuízo de R$ 46,4 milhões de 2023.
Na visão da CEO, Paula Harraca, o avanço dos números acontece por meio da melhora do resultado operacional da empresa, com o crescimento de 23,1% do Ebitda, que foi de R$ 1 bilhão no acumulado de 2023 para R$ 1,3 bilhão em 2024. Na comparação trimestral, o Ebitda da companhia cresceu 35,3%, indo de R$ 227,4 milhões para R$ 307,6 milhões no quarto trimestre de 2024.
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A rentabilidade da Ânima, medida pela margem líquida ajustada, foi de 1%, uma melhora em relação à margem líquida ajustada negativa de 5% em 2023. Já a rentabilidade operacional, medida pela margem operacional ajustada, foi de 41,5%, crescimento de 2,7 pontos porcentuais em relação ao mesmo período do ano passado.
De forma prática, os indicadores de margem significam que a cada R$ 100 aportados pela empresa, a companhia teve R$ 41,50 em rendimentos na base operacional. Ao retirar todos os custos e depreciações, R$ 1 dos R$ 100 voltou para o acionista em forma de rentabilidade. O número da margem líquida ajustada pode parecer baixo, mas basta lembrar que no ano anterior, a margem líquida ajustada foi negativa em 5%, mostrando a mudança positiva enfatizada pela executiva.
“Esse crescimento faz parte da estratégia da Ânima, que é entregar uma qualidade de receita com uma eficiência operacional sólida, que traz o crescimento do nosso Ebitda com uma geração de caixa expressiva, que gera a redução do endividamento da empresa, medido pela alavancagem. Esse conjunto traz um desempenho muito robusto e mostra que a empresa está pronta para a nova fase de crescimento, que estamos chamando da terceira onda”, diz Harraca.
A empresa encerrou o quarto trimestre de 2024 com um endividamento, medido pela alavancagem, de 2,8 vezes, baixa de 0,45 ponto porcentual em relação ao mesmo período do ano passado, quando a alavancagem foi de 3,25 vezes. A Ânima encerrou o ano passado com R$ 1,2 bilhão em caixa, alta de 27,2% em relação a 2023.
Ânima propõe nova política de dividendos após melhora do resultado
Em meio a esses números, o vice-presidente de finanças (CFO) da Ânima, Átila Simões, conta que a empresa está “voltando a ter uma política formal de dividendos”. No ano passado, a companhia anunciou um pagamento de R$ 178 milhões em proventos. Foi a primeira vez em 5 anos que a empresa remunerou os acionistas.
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“A administração propôs, para ser votado em assembleia geral a ser realizada, uma política de dividendos obrigatórios de 25% do lucro societário. O lucro societário do ano passado foi de R$ 85 milhões, ou seja, estamos propondo um pagamento de R$ 20 milhões em dividendos para 2025, referentes aos resultados de 2024”, afirmou Simões ao E-Investidor sobre os dividendos da Ânima.
Para 2025, o executivo prevê crescimento da empresa, mas também comenta que está ciente do cenário macroeconômico adverso que a companhia deve atravessar, com alta da Selic. Ontem, o Comitê de Política Monetário (Copom) elevou a taxa em 1 ponto porcentual, para 14,25%, e estimou até mais dois reajustes de menor magnitude.
O CFO da Ânima diz que, devido à alta da Selic, estima um cenário em que o custo da dívida aumenta, mas que deve cair. “Se você olhar os anos de 2023, 2024, a gente gerou mais de R$ 200 milhões de caixa para reduzir a dívida. Então, a companhia está saudável e é geradora de caixa. Isso seguirá em 2025, em excedentes suficientes para fazer a dívida cair, mesmo com a alta dos juros”, argumenta Simões.
Quais são os caminhos que Ânima deve trilhar para crescer em 2025?
Para 2025, a CEO da Ânima reforçou que a companhia deve manter a estratégia anunciada em seu último investor day. A empresa planeja crescer em diversas frentes, como medicina. Nesse núcleo, a empresa pretende trazer o fortalecimento da educação médica continuada na carreira médica. A ideia da empresa é fazer expansão da graduação através do número de vagas e escola e implementação de estratégias de atração para garantir os melhores alunos de medicina.
Outra medida planejada pela empresa é a criação de um campus exclusivo para formação de criadores de conteúdo digital, os chamados influencers. A Ânima, a Agência California e demais parceiros vão investir cerca de R$ 40 milhões neste projeto, chamado de Community Creators Academy. O campus terá 13 mil m² e terá operação na cidade de São Paulo. Para mais detalhes sobre o projeto, leia esta reportagem.
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“A Community foi um exemplo que compõe essas frentes estratégicas em andamento. Temos também a Inspirali bem posicionada para buscar novas vagas no edital do programa Mais Médicos 3″, disse Harraca em entrevista ao E-Investidor. A reportagem questionou os executivos se o cenário macroeconômico adverso não seria um sinal de que a empresa deveria adotar uma postura mais conservadora, em vez de buscar crescimento em um mar turbulento.
A executiva disse que a empresa está consciente dos seus desafios, com um cenário incerto e adverso. No entanto, ela reforça que, após um 2024 “sólido” ela sabe que existem elementos de contexto desafiadores e que a Ânima (ANIM3) deve continuar navegando nesse cenário. “Estamos muito focados nessa estratégia de uma receita de qualidade, que se traduz numa geração de Ebitda, numa geração de caixa e na nossa própria eficiência. Então, é esse crescimento com prudência e consciência que buscamos para 2025”, salienta Harraca.