- O Assai (ASAI3), segundo colocado no Prêmio Broadcast Empresas 2023, acumulou alta de cerca de 50% em suas ações no ano de 2022, período em que viu sua receita subir 30,7% em relação ao ano anterior
- Hoje, porém, a vajerista tem uma dívida importante que machuca seus resultados que tem origem no desmembrado do controlador, Grupo Casino, que colocou no balanço da rede a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito
- Para superar esses obstáculos, a companhia vislumbra um 2023 que exige sangue frio e foco no longo prazo
O Assai (ASAI3) acumulou alta de cerca de 50% em suas ações no ano de 2022. No período, viu sua receita subir 30,7% em relação ao ano anterior. Em critérios comparáveis estabelecidos pela companhia, o lucro da empresa se manteve estável em R$ 1,2 bilhão. A alta dos juros pesou no custo de carregamento da dívida da companhia. Ainda assim, a empresa ficou no positivo e manteve a lucratividade.
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Segunda colocada no Prêmio Broadcast Empresas 2023, a rede de atacarejos acredita que o bom ano de 2022 se deve aos investimentos em crescimento da companhia e vislumbra um 2023 que exige sangue frio e foco no longo prazo.
“Ao longo dos anos, crescemos com expansão auto sustentada. O retorno foi alto, pois conseguimos gerar caixa suficiente para financiar nossa expansão. Saímos de R$ 3 bilhões de faturamento para cerca de R$ 65 bilhões em uma década, com geração de recursos próprios”, conta Belmiro Gomes, CEO do Assaí.
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Ele pontua ainda que, mesmo enquanto o Grupo Casino estava no controle da companhia, a empresa tinha uma proporção maior de papéis negociados livremente na Bolsa de Valores do que seus pares. “Nosso volume de negociação diário é bom. E a entrada em índices importantes da Bolsa como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) também nos ajuda a ter liquidez e volume”, acrescenta Gomes.
Os investidores da empresa são, em sua maioria, estrangeiros e institucionais, além disso, os mais relevantes têm foco no longo prazo, o que ajuda a manter alguma estabilidade em momentos de maior questionamento. “Há um desafio geral: o cenário mudou, especialmente no custo de carregamento de dívida. Antes (2020 – 2021), havia cobrança de crescimento, o que muitas vezes envolve diminuir resultados no presente para benefício no futuro”, diz o CEO do Assaí.
A companhia comprou pontos comerciais do Extra Hiper em 2021, quando os juros ainda estavam em patamar baixo. “No primeiro trimestre, crescemos acima de 30%, mas isso tem um impacto nesse ano: aumentou o endividamento. E a permanência da taxa de juros em patamar mais avançado do que o esperado prejudica o resultado”, diz Gomes.
Em voo solo na B3 desde sua separação do Grupo Pão de Açúcar (GPA), em 2021, o Assai sustentou seu crescimento orgânico com seu próprio caixa ao longo dos anos. No entanto, hoje tem uma dívida importante que machuca seus resultados. Quando o Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente, o então controlador, Grupo Casino, colocou no balanço da rede de atacarejo a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito (empresa colombiana à época controlada pelo GPA). Hoje, esse valor representa cerca de 80% do endividamento do Assaí. Soma-se a isso os recursos levantados para a compra do Extra.
Sangue frio
Para atravessar 2023, Gomes acredita que o importante é ter foco nas estratégias de longo prazo. “Seria de maior preocupação se houvesse problemas operacionais. Não podemos pensar só no curto prazo. É preciso ter sangue frio para tocar a estratégia sem se deixar levar pelo desespero de uma administração focada em trimestres”, diz.
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O CEO acredita que a queda acumulada de 36% no papel em 2023 se explica muito mais pelo custo da dívida e seu impacto no lucro da companhia do que pela saída do controlador, o Grupo Casino. Em março, o Casino vendeu 254 milhões de ações do Assaí em uma oferta que movimentou R$ 4,06 bilhões.
“Ainda deve haver acomodação após a saída do controlador por dois ou três trimestres”, diz Gomes. No entanto, ele avalia que o momento do mercado deixa tudo mais sensível, já que a taxa de juros nas alturas tende a fazer os investidores migrarem seus recursos da renda variável para a fixa. Assim, com menos dinheiro disponível, qualquer motivo é suficiente para variações mais fortes nas ações.