- Se Elon Musk realmente seguir adiante com a compra do Twitter, a gigante das redes sociais terá que lidar com uma carga anual de juros de quase US$ 1,2 bilhão em suas dívidas
- Aproximadamente metade da dívida de US$ 13 bilhões que Musk vai contrair do Twitter é de taxa flutuante, o que significa que os custos dos juros aumentarão à medida que o Federal Reserve continuar a aumentar as taxas
- O bilionário e um punhado de financiadores estão oferecendo US$ 33,5 bilhões em capital para custear o restante da aquisição, e ele provavelmente deseja proteger esse investimento
Se Elon Musk realmente seguir adiante com a compra do Twitter, a gigante das redes sociais terá que lidar com uma carga anual de juros de quase US$ 1,2 bilhão em suas dívidas – um problema que só piora à medida que as taxas continuam a subir.
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Aproximadamente metade da dívida de US$ 13 bilhões que Musk vai contrair do Twitter é de taxa flutuante, o que significa que os custos dos juros aumentarão à medida que o Federal Reserve continuar a aumentar as taxas. Espera-se que o Fed eleve-as de novo no próximo mês, possivelmente em até 75 pontos-base em uma luta para domar a inflação.
O Twitter agora enfrenta uma carga de juros anual de quase US$ 1,2 bilhão, acima dos US$ 900 milhões que foram estimados em maio, afirma Jordan Chalfin, analista sênior na empresa de pesquisa de crédito CreditSights.
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Isso porque a parcela do empréstimo de US$ 6,5 bilhões do financiamento concedido pelo Morgan Stanley foi estruturada como uma margem sobre uma taxa de referência que muda ao longo do tempo. Além disso, é improvável que o Twitter consiga vender sua dívida a investidores abaixo das taxas de juros máximas que os bancos prometeram, porque os mercados de crédito se deterioraram muito desde que o acordo foi assinado, acrescentou Chalfin.
A despesa de juros atual do Twitter é inferior a US$ 100 milhões por ano, continua Chalfin. Sua dívida hoje inclui dois títulos de alto risco por cerca de US$ 1,7 bilhão, além de algumas notas conversíveis.
Musk está usando um artifício do manual do private equity e sobrecarregando o Twitter com dívidas para ajudar a financiar sua aquisição da empresa. As empresas de private equity geralmente cortam custos agressivamente para aumentar os lucros.
A carga de juros mais alta significa que o Twitter tem uma margem de erro ainda menor, explica Chalfin. “O objetivo do Twitter é aumentar as receitas e expandir as margens para que possam crescer em sua estrutura de capital”, afirma.
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Um representante do Morgan Stanley, que é o banco líder nos compromissos de dívida, não quis comentar. Representantes do Twitter e Musk também não responderam aos pedidos de comentários.
O título do empréstimo alavancado é baseado na Secured Overnight Financing Rate (SOFR) e, se os bancos financiarem a dívida, ela terá uma taxa de juros de 4,75% sobre a SOFR, de acordo com uma determinação da SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana.
A taxa para um mês da SOFR, comumente usada em empréstimos corporativos, aumentou quase 3 pontos percentuais desde que Musk anunciou a aquisição em abril e está intimamente relacionada à taxa de juros do Fed.
A compra de Musk também inclui US$ 6 bilhões em títulos de alto risco, divididos igualmente entre tranches com e sem garantia, que normalmente seriam de taxa fixa uma vez vendidos aos investidores.
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Os bancos já prometeram ao Twitter taxas de juros máximas sobre essa dívida, e o máximo que a parcela sem garantia pode custar é um cupom de cerca de 11,75%, informaram as instituições financeiras à Bloomberg.
Os sete bancos que se comprometeram a fornecer a emissão de dívidas em abril provavelmente não terão tempo de tentar vender os títulos e empréstimos para investidores externos como fariam normalmente se o negócio for fechado até o dia 28 de outubro.
Eles também estão fornecendo US$ 500 milhões de um tipo de empréstimo com taxa flutuante e não se sabe se isso será sacado ou não quando o negócio for concluído.
Espera-se que o Twitter queime dinheiro daqui para frente e não se torne uma companhia com fluxo de caixa livre positivo até 2025, estima Chalfin. “Dada a queima significativa de fluxo de caixa e a alta alavancagem, este será um acordo desafiador para sair e sindicar para o mercado”, disse ele.
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Supondo que a compra funcione e os bancos financiem a dívida, eles provavelmente esperarão que o mercado de crédito se acalme e depois irão tentar vender os empréstimos e títulos aos investidores. Mas os potenciais compradores terão que considerar não apenas a queima de dinheiro, mas também as inúmeras críticas de Musk ao Twitter. Ele passou meses tentando sair do acordo e criticou a empresa de mídia social por um problema com bots.
Por outro lado, Musk é o último recurso. O bilionário e um punhado de financiadores estão oferecendo US$ 33,5 bilhões em capital para custear o restante da aquisição, e ele provavelmente deseja proteger esse investimento.
“Há uma rédea muito mais longa para uma privatização por um homem de peso como Musk do que haveria se fosse apenas um patrocinador financeiro tradicional”, disse Robert Schiffman, analista da Bloomberg Intelligence. “Se mais capital precisa ser colocado no Twitter, Musk pode ser o banco deles.”
Tradução feita por Maria Clara Matos
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