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Entenda a briga entre investidores e a gestora Hectare no fundo HCTR11

Grupo de investidores tenta mudar gestão do fundo imobiliário HCTR11 em meio a desvalorização de mais de 60%

Entenda a briga entre investidores e a gestora Hectare no fundo HCTR11
FII sofreu com calotes e cotistas apontam falta de transparência em gestora (Foto: Envato Elements)
  • O fundo Hectare CE (HCTR11), da Hectare Capital, está no centro de uma polêmica
  • Após cortes nos dividendos e desvalorização de mais de 55% em 12 meses, um grupo de cerca de 3 mil cotistas busca trocar a gestão do FII
  • Os sinais de que algo não ia bem começaram a ficar mais fortes no primeiro trimestre do ano passado, quando o fundo comunicou a inadimplência de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que compunham a aplicação

O fundo Hectare CE (HCTR11), da Hectare Capital, está no centro de uma polêmica. Após cortes nos dividendos e desvalorização de mais de 55% em 12 meses, um grupo de cerca de 3 mil cotistas busca trocar a gestão do fundo de investimentos imobiliários (FII). Os primeiros passos foram dados no início deste mês, quando os investidores pediram orientações para a administradora Vortx e começaram a conversar com diferentes casas.

O fundo imobiliário de papel Hectare (HCTR11) foi constituído em 2018 e logo chamou a atenção do mercado pelo volume distribuído em dividendos. O dividend yield (DY, rendimento em dividendos) da aplicação chega a casa de 15%, segundo dados da Status Invest.

De olho nos repasses, não faltaram investidores interessados no HCTR11. No auge da sua atratividade, em meados de dezembro de 2022, o fundo chegou a ter mais de 200 mil cotistas e um patrimônio líquido (PL) de R$ 2,6 bilhões. No último relatório gerencial, de janeiro deste ano, esse número já havia caído para 187,2 mil investidores e PL de R$ 2,5 bilhões.

Polêmicas no fundo HCTR11

Os sinais de que algo não ia bem começaram a ficar mais fortes no primeiro trimestre do ano passado, quando o fundo comunicou a inadimplência de alguns Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que compunham a aplicação. Paralelamente, o FII realizou cortes substanciais nos dividendos pagos. Em janeiro de 2023, o valor dos proventos foi de R$ 1 por cota, o mais baixo até então em todo o histórico de distribuição.

Entretanto, houve nova redução em fevereiro, para R$ 0,70, depois, para R$ 0,50 em março, patamar que se manteve até setembro, quando o repasse foi de apenas R$ 0,17. Ou seja, houve corte de 66% de um mês para o outro. De lá para cá, o volume melhorou e a última distribuição, em fevereiro deste ano, foi de R$ 0,38 por cota. Ainda assim, muito distante da média histórica.

Contas do FII reprovadas

O zigue-zague na distribuição dos dividendos gerou dúvidas nos investidores, incertezas que se acentuarem após a auditoria do fundo se abster, em setembro do ano passado, de dar opiniões em relação às demonstrações contábeis referentes a 2022. No final, o balanço foi reprovado por cotistas.

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“Os CRIs emitidos estão relacionados a projetos desenvolvidos por empresas que pertencem ou estão relacionadas a um mesmo grupo econômico, as quais, em período subsequente, apresentaram situação econômico-financeira que indica provável incapacidade de cumprir com suas obrigações financeiras”, afirmou a auditoria, no relatório.

Todo o imbróglio fez o HCTR11 despencar 60% somente em 2023. Em 2024, cai mais 23%. Com a volatilidade, o possível conflito de interesses na estrutura do fundo também voltou aos holofotes – o FII faz parte da holding RTSC e investia em CRIs ligados ao mesmo grupo, conforme apontado pela própria auditoria.

Agora, alegando falta de transparência, cotistas do HCTR11 tentam se ver livres da Hectare Capital. Leia a matéria completa em Cotistas de fundo imobiliário se juntam para expulsar a Hectare da gestão

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