Para o BTG, fusão beneficiará o setor de educação, promovendo maior disciplina de preços.(Foto: Adobe Stock)
A fusão entre Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) pode ser positiva para as duas empresas pelas sinergias de custos e despesas, caso aconteça. No entanto, pode enfrentar desafios como a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e sinergias limitadas devido à gama de frentes da Cogna, dizem os analistas do BTG Pactual e da Ágora Investimentos em relatórios publicados nesta segunda-feira (5).
Ontem, o jornalista Lauro Jardim informou que os presidentes dos Conselhos de Administração da Cogna e da Yduqs retomaram as discussões sobre a fusão. Os analistas da Ágora Investimentos comentam que as chances são maiores agora em comparação a setembro passado, quando também se falou em fusão, devido aos preço das empresas mais alinhados, com o rendimento de fluxo de caixa livre de 9% e 10% para 2025.
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Eles comentam haver também melhor visibilidade sobre as novas regulamentações previstas para 9 de maio e uma perspectiva mais clara de lucros para 2025, com a principal captação do ano concluída. Na visão dos especialistas, se a fusão entre Cogna e Yduqs for anunciada, será positiva ao considerar as potenciais melhorias na concorrência por ensino à distância (EAD) e as sinergias de custos e despesas.
“Uma melhora de 1 ponto porcentual na margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) – exceto Saber e Vasta – em relação aos atuais 34%, resultaria em um valor presente líquido por ação de R$ 0,23 para a Cogna e R$ 1,90 para a Yduqs, representando potencial de valorização de 9% e 13%, respectivamente, em relação ao último preço”, dizem Marcio Osako do Bradesco BBI e Flávia Meireles da Ágora Investimentos, que assinam o relatório em conjunto.
Barreiras na fusão entre Cogna e Yduqs
Para a equipe do BTG Pactual, as atividades de fusões e aquisições beneficiariam provavelmente o setor de educação, promovendo maior disciplina de preços (particularmente no segmento de ensino à distância), efetivamente “neutralizando um concorrente”. Os especialistas dizem que a fusão poderia fazer com que a nova empresa passasse a atuar mais como formadora do que como tomadora de preços.
“Apesar da justificativa positiva, acreditamos que essa potencial combinação enfrentaria vários desafios, como a aprovação do Cade e o mix de negócios da Cogna mais complexos, com cerca de 35% de seu Ebitda proveniente do segmento K12 (via Saber e Vasta), o que pode oferecer sinergias limitadas à Yduqs”, explicam Samuel Alves e Yan Cesquim, que assinam o relatório do BTG.
Eles afirmam ainda que há diversas incertezas setoriais e específicas da empresa, incluindo a reforma regulatória pendente no segmento de ensino à distância e o impacto do programa Mais Médicos III. Na visão dos especialistas, o programa deverá conceder novas vagas em faculdades de medicina a empresas privadas, afetando potencialmente o valor justo de ambas as companhias.
“Embora reconheçamos as recentes melhorias das empresas, ainda não estamos otimistas em relação ao setor educacional brasileiro, visto que os fundamentos ainda parecem desafiadores devido ao excesso de vagas, tíquete médio abaixo da inflação, incertezas em torno do novo cenário regulatório do ensino à distância”, explica a equipe do BTG. O banco de André Esteves tem recomendação de compra para a ação YDUQ3 e recomendação neutra para a ação COGN3.
A Ágora Investimentos é mais otimista e reforça que os bons fundamentos vistos na fusão entre Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) podem alavancar ambas as ações. A corretora tem recomendação de compra para Cogna com preço-alvo de R$ 3,50, alta de 23,2% na comparação com o fechamento de segunda-feira (6), quando a ação encerrou o pregão a R$ 2,84. Já para Yduqs a recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 18,00, crescimento de 17,6% em relação ao último fechamento.