

O CEO da BlackRock, Larry Fink, anunciou uma mudança de rota da maior gestora de recursos do mundo em sua carta anual aos acionistas, divulgada nesta segunda-feira (31). Para os próximos anos, os esforços da BlackRock estarão concentrados em democratizar o acesso dos portfólios de investimentos privados que, atualmente, são restritos a um público seleto de investidores. A exclusividade desses investimentos se deve aos riscos e à complexidade dessas operações.
“Para investidores individuais, eles geralmente exigem investimentos mínimos mais altos. E mesmo quando os mínimos são mais baixos, o investimento geralmente é limitado a pessoas com uma certa renda ou patrimônio líquido”, diz Fink. Contudo, a BlackRock se propõe a mudar essa realidade. Nos últimos 14 meses, segundo informações da Bloomberg, a maior gestora de recursos do mundo anunciou duas grandes aquisições: a Global Infrastructure Partners por US$ 12,5 bilhões e US$ 3,3 bilhões para a empresa de dados Preqin. A gestora também está em processo de aquisição da empresa de crédito privado HPS Investment Partners por US$ 12 bilhões.
“Os mercados privados não precisam ser tão arriscados. Ou opacos. Ou fora de alcance. Não se a indústria de investimentos estiver disposta a inovar — e é exatamente isso que passamos o último ano fazendo na BlackRock”, acrescentou. A nova estratégia da gestora se volta para a necessidade de recursos para financiar os projetos de infraestrutura. Segundo Fink, os governos estão sobrecarregados com déficits históricos e não podem arcar com os custos de novas infraestruturas sem estar exposto a uma “espiral de dívidas”.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Já as empresas de tecnologia do mundo preferem criar novas tecnologias em vez de investir na infraestrutura necessária para desenvolvê-las. Com base nesta realidade, cabe ao mercado financeiro ser uma alternativa a esses financiamentos. “Hoje, estamos à beira de uma oportunidade tão vasta que é quase difícil de entender. Até 2040, a demanda global por novos investimentos em infraestrutura será de US$ 68 trilhões”, diz Fink.
Fink avalia ainda que o portfólio tradicional 60/40 de ações e títulos pode não ser suficiente. A sugestão para esse novo cenário seria um portfólio 50/30/20, no qual 20% dos investimentos alocados em ativos privados, como imóveis, crédito privado e infraestrutura. “Podemos ajudar os investidores a obter um resultado melhor. A divisão entre mercados públicos e privados é um problema difícil — mas é solucionável. Na verdade, a BlackRock já resolveu desafios de mercado como esse antes”, aponta a carta.