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Por que poderosos de Wall Street querem se aposentar?

Uma mudança na guarda é esperada proximamente em Wall Street

Por que poderosos de Wall Street querem se aposentar?
(Foto: Envato Elements)
  • Um aumento na substituição de CEOs apresenta desafios tanto para empresas quanto para investidores
  • A duração média do mandato de 59 diretores-executivos das maiores firmas relacionadas no índice S&P 500 está se aproximando de 11 anos
  • A indústria financeira emprega mais CEOs com mais de 60 anos do que qualquer outra

Firmas de recrutamento de executivos estão antecipando um incremento nas demissões conforme o mandato-médio dos principais diretores financeiros dos Estados Unidos figuram entre os mais longos de qualquer setor, e aqueles que podem ter postergado sua partida para prover estabilidade durante a pandemia de covid-19 pretendem partir.

“As pessoas estão tipo, ‘Chega, não aguento mais. Eu não quero voltar para o escritório’”, afirmou em entrevista Ash Athawale, diretor-gerente da recrutadora Robert Half Inc. “‘Eu fiz o que tinha de fazer, conduzi minha organização durante uma situação para a qual ninguém estava preparado.”

Essa mentalidade de cumprir o dever até o fim é análoga à atitude de alguns de seus colegas durante a crise financeira de 2008, afirmou em entrevista a consultora Marie Ford, da Spencer Stuart Inc. John Varley, do Barclays Plc, que conduziu o banco britânico durante a turbulência, e Vikram Pandit, do Citigroup Inc, que dirigiu o credor e contornou o quase colapso, foram substituídos em 2011 e 2012, respectivamente.

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“Nós vamos começar a ver um número maior de sucessões nos próximos dois meses”, afirmou Ford.

A duração média do mandato de 59 diretores-executivos das maiores firmas relacionadas no índice S&P 500 — mais de 90% deles homens — está se aproximando de 11 anos, em comparação a cerca de 8 anos em 2018, de acordo com dados compilados pela Bloomberg usando o padrão Bloomberg de classificação do setor.

O setor de finanças ainda é campeão mesmo excluindo exceções como Warren Buffett, da Berkshire Hathaway Inc, que é CEO há quase 54 anos.

Um aumento na substituição de CEOs apresenta desafios tanto para empresas quanto para investidores. Firmas de finanças são com frequência mais complexas e mais reguladas do que empresas de outros setores, o que diminui o número de candidatos qualificados, tornando as sucessões, portanto, mais difíceis; e mudanças no topo podem prejudicar preços de ações, pelo menos no curto prazo.

Quando James Gorman, do Morgan Stanley, anunciou em maio que deixaria o cargo, as ações do banco caíram até 2,6%. A mudança e a incerteza resultantes da sucessão foram negativas a curto prazo para a a firma após o bem-sucedido mandato, afirmaram analistas na época.

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Lloyd Blankfein, ex-diretor do Goldman Sachs Group Inc, afirmou famosamente em seu memorando de despedida, em 2018, que diretores de bancos não podem deixar a empresa quando os tempos estão difíceis e não querem ir embora quando os tempos melhoram. CEOs de Wall Street podem ganhar dezenas de milhões ao ano, e diretorias podem hesitar em substituí-los durante quebras.

“Esses CEOs conhecem as regulações e têm conexões com as agências reguladoras”, afirmou Athawale. “Mesmo que a firma tenha um CEO que não desempenhe tão bem quanto a diretoria esperaria, ele ou ela são mantidos porque é muito mais difícil substituir aquela pessoa.”

Fundadores de empresas também fazem os mandatos-médios aumentar. Seis dos 10 CEOs de firmas financeiras há mais tempo no cargo são fundadores, e dois deles, parentes de fundadores, de acordo com Ford, da Spencer Stuart.  Para eles, construir um legado é “duplamente ou triplamente” importante, afirmou ela.

O aumento da duração para eles dos mandatos ajudou a transformar o setor das finanças no mais velho do índice S&P 500. A indústria financeira emprega mais CEOs com mais de 60 anos do que qualquer outra, enquanto a porcentagem de diretores financeiros nessa faixa etária partiu de uma média de 32% uma década atrás para 64% hoje, a mais alta já registrada, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

CEOs de firmas financeiras relacionadas no S&P 500 são hoje os mais velhos em comparação a qualquer outro setor — com mais de 62 anos em média, contra 58 anos uma década atrás. Timothy Spence, de 44 anos, do Fifth Third Bancorp, é o diretor financeiro mais jovem, enquanto Buffett, da Berkshire, de 93 anos, é o mais velho. O dado comparou as atuais 500 empresas às 475 relacionadas no índice em 2013.

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As médias etária e de duração dos mandatos podem continuar a aumentar conforme os diretores de algumas das maiores e mais influentes firmas de Wall Street, como JPMorgan Chase & Co. e BlackRock Inc, seguirem trabalhando até passar dos 60 ou 70 anos.

“Eu amo o meu trabalho”, afirmou o diretor do JPMorgan, Jamie Dimon, de 67 anos, durante uma entrevista em maio. “Trabalhar me faz muito feliz, eu ainda tenho bastante energia”, afirmou ele. Larry Fink, da BlackRock, de 70 anos, afirmou em junho que não planeja se aposentar.

Tradução de Augusto Calil

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