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- Desde a marca recorde de US$ 17 bilhões somente em 2007, as ofertas públicas iniciais (IPOs) da Rússia no exterior cambalearam nos últimos anos
- Desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, a negociação de certificados de depósito de ações de empresas russas foi suspensa pelas bolsas estrangeiras.
- De acordo com a emenda proposta, os detentores estrangeiros dos certificados de depósito de ações cancelados receberiam ações ordinárias que são depositadas em contas de não residentes na Rússia.
WP Bloomberg – Sofrendo com sanções do Ocidente ou não, os bilionários russos enfrentam novos obstáculos depois de o presidente Vladimir Putin apresentar uma proposta que afeta a era das listagens de ações em bolsas estrangeiras.
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Putin assinou emendas de leis em 16 de abril que obrigam as empresas russas a retirarem suas ações das listagens em bolsas no exterior, encerrando um processo que ganhou força com a anexação da Crimeia em 2014.
Isso poderia forçar magnatas, entre eles o homem mais rico da Rússia, Vladimir Potanin, assim como os bilionários do aço Vladimir Lisin e Alexey Mordashov, a reconfigurar a estrutura de propriedade das empresas que possuem – em parte – por meio de ações estrangeiras que pagam dividendos em moeda estrangeira.
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“A maioria das empresas e seus principais acionistas que tinham ações listadas ou certificados de depósitos em bolsas fora da Rússia ganharam muito com as liberdades financeiras e os laços econômicos com o Ocidente”, disse Anton Zatolokin, chefe de pesquisa da Otkritie Broker. “Ao destruir o que levou 30 anos para ser construído, eles são atingidos direta e indiretamente.”
Poucas coisas no final da década de 1990 e início dos anos 2000 foram melhores vitrines da crescente influência econômica da Rússia e sua integração financeira global do que as maiores empresas do país, como a MMC Norilsk Nickel e a Lukoil, registrando programas de certificados de depósito de ações em Nova York, Londres e Frankfurt.
Desde a marca recorde de US$ 17 bilhões somente em 2007, as ofertas públicas iniciais (IPOs) da Rússia no exterior cambalearam nos últimos anos, segundo os dados compilados pela Bloomberg. Tais listagens arrecadaram apenas US$ 6 bilhões no total desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, quando as sanções internacionais mostraram como as empresas estavam vulneráveis nos mercados estrangeiros conforme a geopolítica piorava.
Alguns magnatas aproveitaram a queda do valor das ações de suas empresas para aumentar suas participações. O presidente da petrolífera Lukoil, Vagit Alekperov, adquiriu regularmente certificados de depósitos de ações do mercado ao longo dos anos, mostram os cálculos da Bloomberg.
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Desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, a negociação de certificados de depósito de ações de empresas russas foi suspensa pelas bolsas estrangeiras. As sanções internacionais miraram em magnatas, bancos e até mesmo nas reservas estrangeiras do país, ao mesmo tempo em que fizeram as ações de empresas listadas do país terem valores irrisórios em questão de dias.
De acordo com as emendas assinadas por Putin, a negociação de certificados de depósito em bolsas estrangeiras deve parar em até dez dias após a lei entrar em vigor. Entretanto, há espaço na regulamentação para exceções especiais se as empresas solicitarem permissão para continuar as negociações.
A NLMK de Lisin disse na terça-feira que planeja entrar com um pedido de permissão ao governo para manter seus certificados de depósitos de ações globais (GDRs) listados em Londres, enquanto a petrolífera Tatneft afirmou estar avaliando suas opções, “inclusive se deve solicitar tal permissão”, segundo um comunicado.
De acordo com a emenda proposta, os detentores estrangeiros dos certificados de depósito de ações cancelados receberiam ações ordinárias que são depositadas em contas de não residentes na Rússia. Desde a invasão, os controles sobre os capitais proíbem os estrangeiros de vender títulos russos, tornando impossível por enquanto a venda das ações ordinárias e a repatriação dos lucros.
Mesmo antes de a lei entrar em vigor, a JPMorgan & Chase começou a permitir que os detentores de certificados de depósito em empresas russas os cancelassem, informou a Reuters, mencionando como fonte duas pessoas não identificadas a par do assunto. O Citigroup disponibilizou informações financeiras para cancelar GDRs para o En+ Group, cujo maior acionista é o bilionário Oleg Deripaska, de acordo com um documento da empresa.
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“Os direitos dos acionistas que acreditam na Rússia e têm investido no mercado russo há muitos anos, mas não podem ter ações russas diretamente, estão sendo prejudicados”, disse Lisin em uma entrevista para o jornal russo Kommersant neste mês, comentando a respeito da lei. “Eles não têm nada a ver com política, e há um risco de que seus direitos de propriedade sejam simplesmente perdidos.” // TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA