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Combustível mais barato vai mesmo aliviar o bolso do brasileiro?

Para analistas, há espaço para cortes de preços em vários setores, mas é preciso considerar algumas variáveis

Combustível mais barato vai mesmo aliviar o bolso do brasileiro?
Foto: Envato Elements
  • A Petrobras anunciou o fim da paridade de preços com o mercado internacional
  • No entanto, a queda dos preços dos combustíveis não garante que essa redução seja totalmente repassada aos consumidores finais
  • O setor de transportes será o primeiro a se beneficiar de preços mais baixos nos combustíveis, o que pode impactar positivamente toda a cadeia produtiva

A Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou nesta terça-feira (16) o fim da paridade de preços com o mercado internacional. A promessa é de que a medida deve permitir uma maior estabilidade dos valores da gasolina e do diesel, com possível barateamento nas bombas. Uma redução sustentada pode, segundo analistas, surtir efeitos positivos para os consumidores em diversos setores.

Mas antes de alcançar o bolso da população, os reajustes feitos pela estatal primeiro precisam chegar até os postos de combustíveis. Esse é um caminho complexo, conforme mostramos nessa reportagem. Ainda que a Petrobras reduza o preço para as distribuidoras, o valor final é afetado por questões como impostos e margens de lucro, o que torna incerto o quanto da redução atinge o consumidor final.

Vencida essa etapa, em um cenário de baixas sustentadas, o primeiro setor a se beneficiar será o de transportes, com grande relevância para toda a cadeia produtiva. “Se observarmos o IPCA, o setor de transporte certamente será o mais impactado positivamente”, observa Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

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Dessa forma, com um transporte mais acessível, é possível que haja um “efeito cascata”. “Como o diesel tem um peso relevante no modelo de transporte rodoviário brasileiro, em tese isso baratearia não só o transporte, mas de modo geral a alimentação, vestuário e demais itens que tenham uma grande dependência do transporte por rodovias”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

Mas de quanto estamos falando?

Ainda que esse quadro se efetive, com quedas de preços nos combustíveis alcançando vários setores, é preciso entender qual o potencial de efeito no bolso do consumidor. A avaliação é de que, fora o setor de transporte, os demais devem observar quedas menores e gradativas, dependendo de fatores que passam pelo momento de cada segmento.

“Existem outros impactos que precisamos olhar nos subgrupos que podem acabar neutralizando o custo de transporte”, afirma Paulo. Em sua explicação, uma redução da inflação pode potencializar os efeitos da queda do combustível para a alimentação, por exemplo. Por outro lado, se a inflação ficar na direção contrária, os efeitos do diesel e gasolina mais barata podem ser neutralizados.

Além disso, é possível que alguns segmentos decidam não repassar descontos por estratégia de negócio, a depender da sua saúde financeira e momento de mercado. Um setor como o de serviços, por exemplo, que está aquecido, pode não se ver na obrigação de baratear seus valores, optando por reter toda a margem.

Por fim, ainda que a deflação alcance diversos setores, o impacto só deve ser observado pela população quando se olhar o conjunto de preços. “Se ocorrer, poderemos sentir, no conjunto, uma inflação menor”, destaca Guilherme Paulo, da Manchester.

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