A TIM (TIMS3) avalia que o mercado de telefonia e internet móvel no Brasil “nunca esteve tão saudável” e que a companhia tem pela frente um “ciclo virtuoso” com fluxo de caixa crescente – e grandes chances de isso se traduzir em dividendos mais gordos para os acionistas.
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O recado foi passado durante reunião pública com investidores e analistas na terça-feira (7), em Nova York, quando a operadora celebrou os 25 anos da sua abertura de capital.
“O mercado móvel está mais saudável do que nunca”, frisou o presidente da TIM, Alberto Griselli. Na sua avaliação, o mercado por aqui ficou mais “racional” depois da consolidação, quando o número de operadoras de alcance nacional caiu de cinco para três. Ele não citou nomes, mas vale lembrar que a Oi Móvel foi comprada e fatiada entre TIM, Vivo e Claro, enquanto a Nextel foi adquirida pela Claro.
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Com isso, a competição entre as teles passou a ser mais focada na qualidade do serviços e das ofertas, e não apenas na quantidade de clientes na base. “A concorrência passou de volume para valor”, apontou Griselli.
Segundo o presidente da TIM, o mercado móvel será um dos pilares do crescimento da receita nos próximos anos. No segmento pré-pago, isso deve acontecer por meio da elevação do preço das recargas. E no segmento pós-pago, a tendência é de expansão da base com a migração de usuários pré-pagos para planos controle, além de oferta de planos com mais dados e benefícios por preços maiores.
A receita de serviços móveis da TIM teve alta de 7,7% no terceiro trimestre, superando a inflação no período. O avanço ficou até acima do esperado por analistas, que previam alta em torno de 5,5% a 7,0%.
“Isso corrobora a nossa visão de um mercado mais racional desde a consolidação, já que a TIM e os concorrentes também registraram números fortes de receita móvel”, afirmaram os analistas Fred Mendes, Lucca Brendim e Mirela Oliveira, em relatório do Bank of America (BofA).
A Vivo ampliou a receita móvel em 9% no mesmo período, enquanto a América Móvil (dona da Claro) reportou expansão de 10%. Para os analistas do BofA, há, de fato, um ambiente mais favorável para as teles engordarem o caixa.
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A combinação de ampliação da receita, com enxugamento de custos e investimentos, abre espaço para o fortalecimento do fluxo de caixa daqui para frente. Graças a esse cenário, a TIM ampliou a projeção de dividendos do exercício de 2023 de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,9 bilhões.
Segundo Griselli, parte dos recursos da geração de caixa futura irá para remuneração aos acionistas. Outra parte será usada para financiar crescimento dos negócios. Entram aí as redes móveis, além dos serviços no campo corporativo (B2B) e a atuação em banda larga.
Para a TIM, há espaço para crescer na oferta de conectividade para grandes empresas, principalmente nos setores de agricultura, logística e infraestrutura. Griselli descreveu B2B como um “oceano azul para se navegar”.
Um exemplo são as parceria já fechadas com CCR, EcoRodovias e Grupo Way para ativação de internet em cerca de 3 mil quilômetros de rodovias. No acumulado dos últimos 18 meses, a tele já contratou R$ 300 milhões em receitas corporativas, contando as parcerias já fechadas em todos os setores.
TIM não pretende acelerar crescimento em banda larga
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Já no mercado de banda larga, a TIM ficará em compasso de espera até encontrar um momento mais apropriado para acelerar o crescimento. Griselli afirmou que o setor faz parte do plano estratégico da companhia, mas que precisa “unir crescimento com rentabilidade”.
Na sua avaliação, há muitos provedores de internet fixa (são cerca de 8 mil), o que faz o mercado oferecer planos a preços baixos, sendo pouco atrativo em termos de retorno. “Vamos olhar a hora certa para acelerar”, disse. Enquanto isso, os recursos da geração de caixa ficarão ‘guardados’, podendo até mesmo serem usados para alguma aquisição no futuro.
O vice-presidente comercial, Fabio Avellar, acrescentou que o mercado conta hoje com empresas com redes neutras de fibra ótica a serem compartilhadas com os provedores de banda larga. Esse fato diminuiu as barreiras de entrada no segmento e passou a exigir que as empresas oferecessem preços mais competitivos e pacotes diferenciados para ganhar clientes.
“A melhor opção agora é esperar o mercado ficar mais balanceado. Nosso foco será manter o ritmo do investimento, em uma operação saudável e lucrativa”, disse Avellar. A companhia tem uma base de 791 mil clientes de banda larga e apenas 2% de participação na receita do mercado.
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