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- A Venezuela voltou aos holofotes dos mercados após a reeleição de Nicolás Maduro, na última segunda-feira (29), em um processo eleitoral questionável
- Quando o assunto é mercado financeiro, há um apagão de dados. Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta e profissional de dados há mais de 25 anos, relembra que a partir da primeira vitória de Maduro, a Bolsa de Caracas (BVC) passou a apresentar oscilações “estranhas”
- Hoje, a Bolsa de Caracas está em frangalhos. No site oficial da BVC, são mostradas apenas 17 companhias listadas, a maioria estatais. Entre estas, apenas a Ceramica Carabobo tem resultados financeiros disponíveis, mas os investidores devem pagar 100 bolívares soberanos, que equivalem a cerca de R$ 15, para ter acesso a essas informações
A eleição na Venezuela terminou após a declaração de que Nicolás Maduro foi reeleito em um processo eleitoral questionável – a vitória foi declarada antes mesmo do total de urnas serem contadas, o site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país está fora do ar e as atas eleitorais não foram divulgadas. Maduro governa desde 2013 e, agora, poderá ter mais seis anos à frente.
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Quando o assunto é mercado financeiro, há um apagão de dados no país sul-americano. Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta e profissional de dados há mais de 25 anos, relembra que a partir da primeira vitória de Maduro, a já esvaziada Bolsa de Caracas (BVC) passou a apresentar oscilações ainda mais “estranhas”.
“No início do governo Maduro, eram negociadas de 50 a 60 ações. Eram pouquíssimos papéis, mas a Bolsa de Caracas se mantinha. Contudo, lá para 2016 ou 2017, houve um movimento muito estranho: a bolsa estava aberta, mas sem negócios”, afirma Rivero. “As empresas estavam todas destruídas e ninguém queria arriscar dinheiro. Quem tinha capital, colocou em renda fixa de outros países.”
- Leia também: Qual é o valor da moeda venezuelana?
Hoje, a Bolsa de Caracas está em frangalhos. No site oficial da BVC, são mostradas apenas 17 companhias listadas, a maioria estatais. Em relação à dados financeiros, estão disponíveis apenas os resultados da “Ceramica Carabobo”, mas os investidores devem pagar 100 bolívares soberanos para acessá-los – o equivalente a cerca de R$ 15. Os dados da companhia são de 2022 e 2023.
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“Esse tipo de cobrança é algo comum em bolsas falidas”, afirma Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko Advice “A Bolsa de Caracas está tão abandonada, que precisa levantar dinheiro de qualquer jeito.”
Demonstrações financeiras de empresa têm acesso pago na Venezuela
Vale destacar que em Regulamento Geral, de 2009, a Bolsa de Caracas diz procurará manter um “sistema de informações eficiente”. Embora ao procurar diretamente pelas demonstrações financeiras das empresas quase não haja informações, na aba de notícias é possível encontrar algumas atualizações das companhias listadas. Há, por exemplo, as demonstrações financeiras do Grupo Zuliano referentes ao mês de fevereiro de 2024, divulgadas em junho.
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No entanto, ao contrário do que é visto no Brasil, em que é possível pesquisar pelo nome da companhia listada e data de publicação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na bolsa venezuelana não há filtros de pesquisa. Inclusive, no próprio regulamento é estabelecido que as empresas devem enviar os dados para a Bolsa de Caracas, que ficará encarregada de tornar público os dados.
O resultado das eleições na Venezuela foram contestados pela oposição e uma onda de protestos tomou conta do país – veja mais nessa reportagem.
*Colaborou: Janize Colaço