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China: BlackRock abre caminhos no país após crítica de George Soros

Para gestores, os trilhões em ativos investíveis falam mais alto do que qualquer alerta do bilionário

China: BlackRock abre caminhos no país após crítica de George Soros
(Foto: glaborde7/Pixabay)
  • Cerca de um dia depois de Soros criticar a BlackRock Inc. em um artigo de opinião no Wall Street Journal, a gestora de ativos de US$ 9,5 trilhões disse ter levantado 6,7 bilhões de yuans (US$ 1 bilhão) para seu primeiro fundo mútuo na China
  • A pressa para ganhar espaço na China não se limita a BlackRock. A Fidelity International conquistou sua licença da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês) no mês passado
  • Por ora, essas gigantes do investimento não estão dando sinais de recuo na China, onde o negócio de fundos mútuos ainda está nascendo e crescendo com a classe média do país

(Annie Massa, Silla Brush, Bloomberg) – Para os maiores gestores de carteiras de títulos do mundo, os trilhões da China em ativos investíveis falam mais alto do que qualquer alerta de “erro trágico” do bilionário George Soros.

Cerca de um dia depois de Soros criticar a BlackRock Inc. em um artigo de opinião no Wall Street Journal, a gestora de ativos de US$ 9,5 trilhões disse ter levantado 6,7 bilhões de yuans (US$ 1 bilhão) para seu primeiro fundo mútuo na China, encerrando os dias de arrecadação de fundos antes do previsto para poder investir mais rápido. Ela havia acabado de lançar o produto de estreia no início de setembro, aproximadamente dois meses depois de se tornar a primeira empresa estrangeira a ter permissão para iniciar um negócio de fundos mútuos exclusivamente de sua propriedade na segunda maior economia do mundo.

A pressa para ganhar espaço na China não se limita a BlackRock. A Fidelity International conquistou sua licença da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês) no mês passado, mesmo com o presidente Xi Jinping redobrando os esforços para fechar o cerco a empresas que vão de imóveis a tecnologia A Invesco Ltd., uma das primeiras empresas a fazer parte da primeira joint venture de gestão de fundos China-Estados Unidos em 2003, disse que quer aumentar seus ativos na China em mais de 40%, para US$ 100 bilhões até 2023.

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Por ora, essas gigantes do investimento não estão dando sinais de recuo na China, onde o negócio de fundos mútuos ainda está nascendo e crescendo com a classe média do país.

“É mais complicado do que Soros faz parecer ser”, disse Taisu Zhang, professor da Escola de Direito de Yale que se especializou em direito e política chinesa contemporânea, em entrevista por telefone. Ele também comentou que os gestores de ativos dos EUA mostraram um grau de conforto com o crescimento na China, apesar das restrições do governo. “Eles vão tolerar essas coisas se isso significar ter acesso ao que será uma das economias mais importantes nos próximos anos.”

Em resposta a Soros, a BlackRock, com sede em Nova York, chamou a atenção para os US$ 600 bilhões em trocas comerciais entre os dois países e para a necessidade da China por maiores economias para as aposentadorias.

“Os EUA e a China têm uma ampla e complexa relação econômica”, disse um porta-voz da BlackRock em comunicado enviado por e-mail. “Por meio de nossa atividade de investimento, gestores de ativos com sede nos EUA e outras instituições financeiras contribuem para a interconexão econômica das duas maiores economias do mundo.”

Para Soros, essas fortunas interligadas são parte do problema.

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As duas superpotências geopolíticas estão “engajadas em um conflito de vida ou morte entre dois sistemas de governo: repressivo e democrático”, escreveu ele no artigo. Investir bilhões de dólares na China agora provavelmente “prejudicará os interesses de segurança nacional dos EUA e de outras democracias”.

A rixa ressalta o ceticismo com o qual os gestores de investimentos estão lidando enquanto competem pela liderança na China, onde estima-se que a riqueza das famílias aumente para US$ 35 trilhões até 2023. A pressão está crescendo em Washington: a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) exigirá que as empresas chinesas que negociam nos mercados dos EUA forneçam mais informações aos investidores sobre os riscos políticos e regulatórios, assim como em relação às estruturas das empresas de fachada.

A reação negativa e o escrutínio crescentes podem ser uma dor de cabeça para algumas das instituições financeiras mais conhecidas.

A JPMorgan Chase é o principal gestor de ativos estrangeiros na China, atrás dela estão: UBS Group, Invesco, BlackRock, Schroders e Fidelity, de acordo com um relatório de abril da empresa de consultoria sobre o mercado chinês Z-Ben Advisors; cuja sede está em Xangai. As classificações são baseadas em um sistema de pontuação que inclui dinheiro administrado para clientes chineses no país e globalmente; assim como investimentos externos supervisionados na China.

Enquanto isso, Neuberger Berman, Van Eck Associates, AllianceBernstein e Schroders estão todas aguardando a aprovação regulatória para abrir empresas 100% próprias de capital aberto, como BlackRock e Fidelity. Nenhuma das empresas disse ter planos diferentes.

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A JPMorgan e a Fidelity não quiseram se pronunciar. A Invesco não respondeu às solicitações de comentários.

A China começou a abrir seu setor financeiro em 2020, voltando atrás em uma restrição anterior que exigia que os gestores de investimentos estrangeiros tivessem uma joint venture com uma empresa na China para negociar fundos no país. A BlackRock vinha emitindo produtos de fundos mútuos com o Bank of China Investment Management.

O fundo mútuo independente da BlackRock, chamado de China New Horizon Mixed Securities Investment Fund, será administrado por Alex Tang e Shan Xiuli. E atraiu mais de 111 mil investidores, segundo a empresa.

“Estamos comprometidos em trazer oportunidades de investimento de longo prazo para os investidores chineses”, disse Chi Zhang, gerente geral da BlackRock Fund Management. Quando questionado em julho a respeito de como as tensões entre os EUA e a China talvez afetassem os negócios, o CEO da BlackRock, Larry Fink, disse que a empresa continuava firme em seu compromisso de expansão no país.

“Em todas as minhas conversas, isso é considerado como um ponto positivo”, disse Fink em entrevista à Bloomberg, “porque à medida que a China expande seus mercados, queremos que o país tenha um sistema de mercado mais aberto.”/ TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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