JP Morgan vê economia avançando 1,9% neste ano e 1,2% em 2026. Foto: AdobeStock
Em relatório divulgado hoje, o JP Morgan diz que o Brasil foi menos afetado pelas novas tarifas dos EUA, com impacto direto estimado em apenas 0,3% do PIB, devido à baixa exposição da economia aos EUA e também ao comércio global. Por outro lado, a guerra comercial poderia favorecer o agronegócio brasileiro com um novo desenho do comércio global, assim como ocorreu em 2018, quando a China substituiu produtos agrícolas dos EUA por brasileiros. Esse ganho poderia compensar totalmente o efeito negativo das tarifas, aponta o banco.
Mesmo prevendo um impacto pequeno, o banco revisou para baixo as projeções para a economia brasileira diante do agravamento da guerra comercial. Prevendo uma recessão global iniciando no segundo semestre deste ano, a instituição enxerga o PIB brasileiro avançando menos. A economia deverá avançar 1,9% neste ano e 1,2% em 2026, abaixo das estimativas anteriores de 2,2% e 1,5%.
A expectativa dos analistas é de que o Banco Central encerre o ciclo de aperto monetário com uma última alta da Selic na reunião de maio e inicie cortes a partir de novembro. Agora, o banco americano prevê uma Selic terminal de 13,75% em 2025 e de 9,75% em 2026, contra 15,25% e 12,50% dos relatórios anteriores.
Banco prevê mais estímulos fiscais e parafiscais
Embora o espaço fiscal do país esteja restrito, “novos estímulos não podem ser descartados”, apontam os analistas. O governo tem uma postura muito vocal em relação ao crescimento da economia com vistas à eleição do ano que vem, segundo eles, e a análise parece não descartar esse cenário.
O relatório aponta que o J.P. Morgan previa “um pouso suave” para a economia brasileira, mas a escalada da guerra comercial global alterou o quadro. Apesar do impacto direto das tarifas dos EUA ser limitado para o Brasil, a instituição agora projeta uma desaceleração mais forte para economia doméstica no segundo semestre de 2025, com chance de recessão global em 60%. “Com perspectivas de crescimento mais fracas, levando a uma postura monetária menos restritiva e, provavelmente, maior aporte por meio de políticas fiscais e parafiscais do que o inicialmente previsto.”
Veja as previsões do JP Morgan para o Brasil:
Variáveis
2024
2025*
2026*
2025 Antigo
2026 Antigo
Crescimento do PIB (% a/a)
3,4
1,9
1,2
2,2
1,5
IPCA cheio (% Dez/Dez)
4,8
5,5
3,2
5,5
3,2
IPCA núcleo (% Dez/Dez)
4,3
5,3
3,5
5,3
3,5
IGP-M (% Dez/Dez)
6,5
2,9
2,6
2,9
2,6
Taxa SELIC (% a.a.)
12,25
13,75
9,75
15,25
12,5
Resultado primário (% do PIB)
-0,4
-0,8
-1,1
-0,7
-0,8
Resultado nominal (% do PIB)
-8,5
-9,5
-9,5
-9,3
-9,1
Dívida líquida (% do PIB)
61,1
64,5
69
64
68,5
Dívida bruta (% do PIB)
76,1
80
85
79,5
84
Conta corrente (% do PIB)
-2,8
-3,4
-2,3
-3,1
-2,6
Investimento direto estrangeiro (% do PIB)
3,3
3,4
3,2
3,4
3,2
*Novas previsões. Fonte: BCB, FGV, IBGE e JP Morgan