A aposentadoria antes dos 60 anos é um objetivo para muitos brasileiros, mas as regras complexas e em constante mudança do sistema previdenciário dificultam essa conquista. Desde a Reforma da Previdência, aprovada em 2019, o cenário tornou-se ainda mais desafiador, especialmente para quem sonha em se aposentar aos 55 anos.
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A reforma alterou significativamente as normas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), estabelecendo novas exigências de tempo de contribuição e idade mínima. Hoje, para se aposentar por tempo de contribuição, as mulheres precisam comprovar 30 anos e os homens, 35 anos de contribuições. A partir de 2033, a idade mínima para aposentadoria será de 62 anos para mulheres e 65 para homens, com no mínimo 15 anos de contribuição.
Entretanto, há uma brecha para quem busca antecipar a aposentadoria aos 55 anos: a chamada aposentadoria especial. Esse benefício é destinado a trabalhadores expostos a condições nocivas à saúde ou integridade física. Para se qualificar, é necessário comprovar, além dos 55 anos de idade, pelo menos 15 anos de trabalho em atividades prejudiciais. As atividades que se encaixam nesta categoria incluem:
- Exposição a substâncias químicas perigosas;
- Trabalhos em mineração subterrânea;
- Contato direto com amianto ou outras fibras nocivas (construção civil, mecânicos e bombeiros);
- Exposição a altas voltagens elétricas;
- Trabalhos na área de vigilância armada ou não.
Confira 4 dicas para se aposentar aos 55 anos
Se a aposentadoria especial não é uma opção, a saída é organizar as finanças para garantir uma aposentadoria precoce e independente do INSS. A seguir, o portal Bora Investir listou dicas essenciais para alcançar essa meta.
1 – Avalie suas finanças pessoais
O primeiro passo é ter clareza sobre sua situação financeira. Isso inclui entender suas fontes de renda, despesas fixas e variáveis, bens, dívidas e investimentos. Sabendo de toda essa métrica, o investidor pode se planejar melhor para economizar e manter o foco no plano.
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“Assim, você consegue se programar para economizar ainda mais ou, de repente, começar só agora a economizar. Esse conhecimento vai ajudar o investidor a se manter dentro do plano”, afirma Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank.
2 – Defina um percentual de poupança
De acordo com Wanessa Guimarães, planejadora financeira certificada pela Planejar, é importante destinar uma parcela de sua renda líquida para a poupança. Um bom ponto de partida é 20% da renda mensal. “Ao longo da vida, temos mudanças de renda e de ciclo. Quando a gente fala em um porcentual da renda, é interessante porque se a renda e o padrão de vida daquela pessoa sobem, o valor poupado vai subir junto”, destaca a especialista em entrevista ao Bora Investir.
Devido às constantes alterações nas preferências e nos gostos, é essencial revisar suas demandas financeiras de tempos em tempos. Um indivíduo que obtém um crescimento salarial e avança na carreira, por exemplo, pode acabar elevando seu padrão de vida, fator que precisa ser ponderado ao fazer o planejamento da aposentadoria.
3 – Crie uma reserva de emergência
Antes de pensar em investimentos de longo prazo, é fundamental estabelecer uma reserva de emergência. Esse montante deve estar disponível para cobrir imprevistos, permitindo que o planejamento de longo prazo não seja comprometido.
“É aquele colchão que vai sustentá-lo numa eventualidade e vai permitir que você mantenha a meta de longo prazo viva e ativa. Se você não faz uma reserva de emergência antes, qualquer imprevisto vai colocar em cheque o planejamento de longo prazo”, reforça Frias.
4 – Separe investimentos de curto e longo prazo
Manter uma clara distinção entre aplicações de curto e longo prazo é crucial. Frias sugere que o investidor destine os valores de acordo com seus objetivos, evitando que um tipo de aplicação comprometa o sucesso do outro.
Como definir uma meta para a aposentadoria?
Segundo Larissa Frias, o valor necessário para uma aposentadoria confortável depende do tempo disponível para investir e da rentabilidade esperada. Um patrimônio acumulado de R$ 1 milhão, por exemplo, pode garantir uma renda perpétua de R$ 5 mil, considerando uma rentabilidade média de 0,5% ao mês acima da inflação.
Ela apresentou simulações para diferentes idades de início do investimento:
- 18 anos: Para acumular R$ 1 milhão até os 55 anos, o aporte mensal necessário seria de R$ 613.
- 25 anos: O valor mensal sobe para R$ 995,51.
- 35 anos: Com apenas 20 anos para investir, seria necessário um aporte de R$ 2.164,31.
Onde investir para conseguir se aposentar aos 55 anos?
A escolha dos investimentos varia conforme o tempo disponível até a aposentadoria. Para jovens, o foco pode ser em ativos de maior risco, como ações ou planos de previdência multimercado. “Dentro do produto de previdência, é possível essa diversificação em ativos mais agressivos”, diz Guimarães.
Conforme a aposentadoria se aproxima, a estratégia muda para investimentos mais seguros, como renda fixa, garantindo que os recursos mantenham sua rentabilidade acima da inflação e da taxa Selic.
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“Quando estiver faltando 5 anos para aposentadoria, aí é o extremo do conservadorismo, mas ainda garantindo que o recurso renda acima desses indicadores”, conclui a especialista.
Desta forma, seja qual for a escolha, o planejamento e a disciplina são essenciais para garantir uma aposentadoria confortável e antecipada aos 55 anos.
Colaborou: Gabrielly Bento.