Com o início do período de declaração do Imposto de Renda 2025 se aproximando, especialistas destacam que a organização antecipada e o planejamento podem fazer uma grande diferença no bolso dos contribuintes.
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Basicamente, existem duas formas de tributação: a simples e a completa. A primeira define um valor de desconto padrão de 20% sobre os rendimentos tributáveis. Por outro lado, na declaração completa, são calculadas todas as receitas, retirando as despesas dedutíveis, como os gastos com educação e saúde.
Nesse caso, o contribuinte deve detalhar todas as operações e guardar os comprovantes das despesas. Outro ponto de destaque: há um limite de desconto para cada tipo de gasto.
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Além de evitar erros e contratempos, preparar os documentos e avaliar as melhores opções de tributação permite reduzir bastante o imposto devido. Confira 6 dicas essenciais para pagar menos:
1- Preste atenção nas despesas dedutíveis
Gastos com saúde, educação e dependentes estão entre os itens que podem ser usados para reduzir o valor do pagamento, mas apenas na declaração completa. É essencial guardar os comprovantes por pelo menos cinco anos, prazo em que a Receita Federal pode solicitar uma revisão.
Em entrevista ao E-Investidor, Ricardo Jesus, sócio da consultoria ABordin, o cuidado com a documentação é fundamental. “Concluído o preenchimento da declaração, faça uma revisão completa dos lançamentos a fim de evitar equívocos e erros que levem à sonegação de informações ou valores no preenchimento. Também não utilize recibos, notas fiscais ou outros documentos ilícitos, cujo objetivo seja maximizar a restituição ou minimizar o saldo de imposto a pagar.”
Já a contadora Mônica Porto, parceira da Omie, alerta: “Em alguns casos, pode acontecer do contribuinte cair na malha fina não por um erro, mas por faltar comprovantes dos pagamentos na avaliação da Receita Federal. Por isso, é necessário prestar muita atenção e sempre guardar toda a documentação durante cinco anos.”
2- Compare os modelos de declaração
Optar pelo modelo simplificado ou completo depende do perfil do contribuinte. O simplificado aplica-se um desconto padrão de 20% nos rendimentos tributáveis, limitado a um teto. Já o modelo completo permite reduzir despesas específicas, como médicas e educacionais.
Para Carmem Granja, diretora de Expansão da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (ABRAPSA), a versão completa leva vantagem para quem tem muitas despesas dedutíveis.
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Ricardo Jesus, da ABordin, recomenda um exercício prático para verificar qual a melhor opção: somar todos os gastos passíveis de dedução. Se eles excederem o limite de desconto do modelo simplificado (R$ 16.754,34 em 2023), valerá a pena realizar a declaração pela forma de tributação completa. Além disso, o programa da Receita auxilia nessa escolha, colocando automaticamente a opção mais econômica, desde que todos os dados sejam preenchidos corretamente.
3- Faça doações
Doações a fundos controlados por conselhos municipais, estaduais ou nacionais podem reduzir diretamente o imposto devido. Durante o ano-calendário (de janeiro a dezembro), o limite é de 6% do imposto. Já na declaração, o desconto máximo é de 3%.
Essas ações, conforme detalhes de Ricardo Jesus, não são perdas, mas uma forma de destinar parte do imposto a iniciativas sociais e culturais.
4- Dê uma chance para a previdência privada
Outra possibilidade de dedução, dependendo dos rendimentos do contribuinte, ocorre com a previdência privada. “Costumamos indicar quando a renda é muito alta, pois existem casos em que é possível deduzir até 12% do rendimento tributado ao fazer aportes na previdência privada“, destaca Porto, contadora parceira da Omie.
Este benefício, no entanto, vale apenas para o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), não para o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), que não possibilita dedução fiscal, mas é mais flexível em relação à tributação. No PGBL, o Imposto de Renda incide em todo o capital acumulado com a aplicação, já no VGBL, o IR recai apenas sobre os rendimentos.
Portanto, a primeira opção serve para quem faz a declaração completa, já a segunda é ideal para quem utiliza o modelo simplificado de declaração ou não atinge o limite dedutível no PGBL, de até 12% sobre o rendimento tributado.
5- Calcule se vale incluir o dependente
A inclusão de dependentes pode ser vantajosa, mas exige análise caso a caso. Dependentes sem renda, como crianças, geralmente ajudam a reduzir o imposto. No entanto, os dependentes com rendimentos próprios podem aumentar o valor a ser pago.
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“Quando o dependente é uma criança, sempre vale a pena, pois não tem rendimentos. O contribuinte só precisa ter cuidado com filhos que fazem estágio. Muita gente acha que não precisa declarar, mas as informações de estágio também devem ser apresentadas”, indica Porto, da Omie.
Lembrando que podem ser dependentes:
- Cônjuge do contribuinte ou companheiro com quem ele teve filho ou viva há mais de cinco anos;
- Filho ou enteado, de até 21 anos de idade ou de até 24 anos, caso esteja cursando o ensino superior ou escola técnica de segundo grau. Caso seja um cidadão com deficiência, que não consiga trabalhar, não há limite de idade;
- Irmão, neto ou bisneto de quem o contribuinte detenha a guarda judicial, de até 21 anos de idade ou de até 24 anos, caso esteja cursando o ensino superior ou escola técnica de segundo grau. Para contribuintes com deficiência, que não consigam trabalhar, não há limite de idade;
- Pais, avós e bisavós cujos rendimentos, tributáveis ou não, não tenham superado R$ 22.847,76 no ano anterior.
6- Veja se compensa declarar junto com o cônjuge
Declarar em conjunto ou separadamente depende das receitas e despesas de cada contribuinte. Carmem Granja, da ABRAPSA, recomenda sempre simular ambas as situações. “Para a decisão entre a declaração em conjunto ou separadamente é necessário fazer os dois cálculos considerando as receitas e as despesas dos dois contribuintes. A soma das receitas, em alguns casos, faz com que não seja vantajoso declarar em conjunto.”
Organização é a chave
Os especialistas concordam que o planejamento antecipado é essencial. Manter os comprovantes organizados e realizar simulações são passos indispensáveis para evitar erros e garantir economia no Imposto de Renda 2025.
Colaborou: Gabrielly Bento.