O surto de gripe aviária vai mexer com o bolso do consumidor?
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O surgimento do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, confirmado pelo Governo Federal na última sexta-feira (17), colocou o setor avícola em estado de atenção. O foco da doença foi identificado no Rio Grande do Sul, onde as autoridades já descartaram todas as aves e ovos da propriedade afetada, além de iniciarem a higienização completa das instalações.
Apesar do susto, especialistas não apontam, por enquanto, risco de alta no preço dos ovos para o consumidor final. Pelo contrário: o cenário pode até favorecer uma leve queda nos valores em curto prazo, devido à retração nas exportações e ao consequente aumento da oferta interna.
Conforme Agência Brasil, a infecção pelo vírus H5N1 – conhecido por sua alta letalidade entre aves – é inédita na produção comercial brasileira, embora a doença já seja conhecida em outros continentes, como Ásia, Europa e África, desde 2006.
Com a confirmação do caso, o Ministério da Agricultura decretou estado de emergência sanitária por dois meses e estabeleceu um perímetro de segurança de 10 quilômetros ao redor do foco.
Além do Rio Grande do Sul, ovos provenientes da granja afetada foram rastreados e localizados nos estados do Paraná e de Minas Gerais. Mesmo sem sinais comprovados de contaminação, os produtos foram todos eliminados, em conformidade com os protocolos adotados para o controle de surtos como o da Doença de Newcastle, ocorrido em julho de 2024, afirma órgão.
Em resposta ao incidente, o Departamento de Defesa Agropecuária do Rio Grande do Sul instalou sete barreiras sanitárias em pontos estratégicos, como a BR-386, a RS-124 e vias vicinais próximas ao município de Triunfo. A fiscalização está concentrada em veículos que transportam animais, rações, leite e até carros de passeio que circulam num raio de 3 km do local contaminado.
Como reflexo imediato da ocorrência, países como China, União Europeia, México, Argentina, Chile e Uruguai suspenderam temporariamente as importações de aves oriundas do estado gaúcho. A medida, embora drástica, é vista como padrão em casos similares e tem como objetivo preservar os mercados internacionais e evitar a propagação da doença.
Mesmo diante das restrições sanitárias e comerciais, o governo federal e representantes do setor produtivo descartam, por ora, qualquer previsão de aumento no preço dos ovos. A tendência, inclusive, é que os valores se mantenham estáveis ou até recuem levemente, impulsionados pelo excedente que deverá permanecer no mercado interno devido à suspensão das exportações.