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Educação Financeira

‘Carnezinho gostoso’ do Magalu pode triplicar o preço do celular

Em vídeo que viralizou, Luiza Trajano convida o consumidor a fazer compras via carnê; Veja os juros praticados

‘Carnezinho gostoso’ do Magalu pode triplicar o preço do celular
Consumidor pode acabar pagando duas vezes o valor dos produtos via carnê. Foto: Magazine Luiza
O que este conteúdo fez por você?
  • Um vídeo em que Luiza Helena Trajano convida as pessoas a fazerem compras no Magazine Luiza por meio de carnês viralizou na internet há algumas semanas
  • A presidente do conselho de administração da companhia afirma que o crédito das pessoas está pré-aprovado na varejista, apesar do momento de crise
  • Contudo, pagar produtos no carnê pode não ser tão gostoso assim. Primeiro, é preciso pagar um valor de entrada e depois a compra é parcelada - os valores podem ficar até duas vezes maiores que na compra à vista

Um vídeo em que Luiza Trajano convida as pessoas a fazerem compras no Magazine Luiza (MGLU3) por meio de carnês viralizou na internet. A presidente do Conselho de Administração da companhia afirma que o crédito das pessoas está pré-aprovado na varejista, apesar do momento de crise.

“Lembra aquele carnezinho gostoso? Em prestações que você pode pagar e ainda vamos dar um descontinho nos juros”, afirma Trajano.

Contudo, pagar produtos no carnê pode não ser uma boa saída para o bolso do consumidor. No caso do Magazine Luiza, a empresa exige o pagamento de uma entrada e, depois, na compra parcelada, os valores podem ficar até três vezes maiores do que à vista.

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Especialistas recomendam poupar e esperar para adquirir bens de alto valor, evitando assim arcar com juros que podem chegar aos dois dígitos. Nesta reportagem, o E-Investidor compara os juros de compras parceladas com o quanto os pagamentos renderiam se aplicados no Tesouro Selic ou Poupança.

Celular Samsung Galaxy A03 com 200% de juros

Em um relato no site Reclame Aqui, um consumidor diz que comprou um celular de R$ 600 por R$ 1,8 mil parcelado no carnê. A cobrança representa juros de 200%.

“Cheguei na loja da Magazine Luiza para comprar o celular. (…) Comprei no carnê por R$ 1,8 mil. O valor do celular era de R$ 600. Quero resolver esse absurdo!”, afirma o usuário, em mensagem do dia 25 de junho deste ano.

A varejista respondeu a reclamação afirmando que, se é o próprio consumidor que vai até a loja fazer compras, presume-se que este tenha refletido antes de comprar. “Por esse motivo, não há previsão em lei do direito de arrependimento para compras nas lojas físicas. A devolução do produto com dinheiro de volta somente será possível por motivo de defeito sem possibilidade de reparo”, afirma a empresa.

Geladeira com juros de 96%

Os juros para comprar uma geladeira no carnê do Magalu em 18 parcelas, por exemplo, pode chegar a 96%, segundo apuração feita pelo UOL. No final, o produto que custa R$ 3.465 à vista sai por R$ 6.800 no parcelamento, quase o dobro do preço. O juro varia de item para item e conforme o score de cada consumidor.

Vale lembrar que, em média, as taxas cobradas em cima dos carnês e cartões de crédito são altas em qualquer loja. De acordo com dados do Banco Central referentes a julho, os juros dos cartões de crédito parcelado podem chegar a mais de 300% ao ano. Já a taxa para aquisição de bens e serviços, que inclui os crediários, varia entre 3,34% e 182% ao ano.

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“Mas tem de fazer uma análise e filtro pois tem muita diferença entre as instituições. O mais difícil é fazer a média ponderada. Não basta fazer a média aritmética. Por exemplo, se Magazine Luiza lidera o varejo e tem custo de crediário maior, ela puxa a média para cima”, afirma Carlos Castro, planejador financeiro CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar).

O E-Investidor entrou em contato com o Magazine Luiza para entender qual a cobrança média dos juros nos carnês Magalu, mas a empresa não forneceu as informações. A varejista afirmou que os carnês representam apenas 6% das vendas totais e funcionam como uma opção para os clientes que não usam cartão de crédito. A companhia disse também que os juros cobrados nessa modalidade estão em linha com a prática do mercado.

“O Magalu esclarece que, do total de vendas realizadas em suas lojas, 35% são pagas por meio de cartões de crédito próprios. Na maior parte das vendas feitas por meio do Cartão Luiza, os clientes pagam em até dez vezes sem juros. Para uma pequena parte dos consumidores que optam por parcelar em até 24 vezes, os juros cobrados, em média, são de 0,99% ao mês. Outros 35% são parceladas com cartões de crédito de terceiros. Portanto, o cartão de crédito é o meio de pagamento mais utilizado nas transações que envolvem o crédito direto ao consumidor”, afirma a companhia, em nota.

Compra de iPhone 11 com 66% de juros

No site Reclame Aqui há outros relatos de compras via carnês no Magazine Luiza. Em uma mensagem publicada na última quarta-feira (10), um consumidor reclama do valor pago em um iPhone 11 que custava cerca de R$ 3 mil à vista, mas saiu por R$ 5 mil no carnê (66,6% de juros). No final, ele diz que ainda teve que pagar R$ 1,8 mil a mais por um seguro supostamente não solicitado, o que teria elevado a dívida para quase R$ 7 mil.

“Comprei recentemente um iPhone 11 no Magazine Luiza no carnê e pedi a vendedora que fosse somente o iPhone, não queria nenhum tipo de seguro. Quando chego no caixa e efetuo o pagamento, a caixa me dá a nota fiscal e junto do aparelho estava descrito um seguro contra furto (…) e me cobraram R$ 1.836 por algo que não pedi. No final o aparelho que era R$ 3 mil foi para R$ 5 mil no carnê, ficou na verdade R$ 7 mil reais por um seguro o qual quero o cancelamento e a devolução do valor pago”, diz o usuário.

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A Magazine Luiza respondeu que o consumidor foi orientado via canal do WhatsApp a se dirigir à loja onde foi feita a compra e falar diretamente com o gerente para a empresa realizar o cancelamento do serviço e a restituição do dinheiro.

No dia 25 de novembro de 2021, uma usuária afirmou que a irmã de 17 anos comprou um celular no carnê Magalu e pagou praticamente o dobro. “Ficamos negociando o valor das parcelas sem fazer as contas de quanto iria ficar o valor final, só no fim do dia quando chegamos em casa percebemos que de R$ 4.790,00 o celular vai ficar mais de R$ 8 mil”, afirma. O Magalu respondeu que não poderia fazer nada a respeito.

“Em compras realizadas em lojas físicas é o próprio consumidor quem se dirige à loja e efetua a compra, o que autoriza presumir que refletiu antes de comprar e teve contato direto com o produto. Sendo assim, a venda só é finalizada quando o cliente autoriza e aceita os valores cobrados. Por esse motivo, não é possível alterar a forma de pagamento (incluindo valor de juros) após o pedido ser finalizado”, afirma o Magalu.

Televisão 100% mais cara

Em um segundo relato, do dia 29 de abril de 2022, uma usuária afirma que a mãe comprou uma televisão de 55 polegadas da Philips em 20 vezes de R$ 343,80 no carnê, o que totalizou R$ 6.876. No Magazine Luiza, este produto está sendo vendido a R$ R$ 3.134,05 à vista, o que significa uma alta de 100%.

“Fomos até a loja no mesmo dia ver o porquê e tentar cancelar ou mudar forma de pagamento e modelo da TV, mas recebemos negativa do vendedor e do gerente dizendo que eles não podem fazer absolutamente nada por nós, mesmo nem tendo levado o produto nem ter sido gerado nota pelo pouco tempo que tinha. Desejo alguma solução”, afirma a consumidora.

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O Magazine Luiza lamentou o ocorrido e respondeu que faria o cancelamento da compra.

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